Aquela dose de Perdão

Publicado por: Deth Haak
Data: 04/08/2008

Créditos

Texto de Bernardino Matos na voz da Poetisa dos Ventos Deth Haak

Aquela dose de Perdão- Bernardino Matos , em resposta Aquela Dose de AMOR , do Poeta Antonio Francisco

AQUELA DOSE DE PERDÃO!

Bernardino Matos

Eu sempre tive certeza,

que o amor era a receita.

Mas sua composição,

não traz a dose perfeita,

até,hoje, espero em vão,

que ela seja refeita.

Lá no meu sertão agreste,

eu também fui caçador,

quem caça, aqui, no nordeste,

nem sempre é depredador,

as vezes a fome se veste,

no perfil de um voador.

Eu matei muita rolinha,

azulão,perdiz,sibito,

quando comida não tinha,

servia o bichinho frito,

a culpa não era minha,

mas do meu viver aflito.

O caçador de avoante,

mata pra sobreviver,

amarra-os num barbante,

e vai pras ruas vender,

pra ele é angustiante,

de fome o filho morrer.

Melhorava a pontaria,

engolir o coração,

de um pássaro que morria,

vítima dessa agressão,

confesso que eu sofria,

cortava meu coração.

Quando vejo a violência,

Irmão matando outro irmão,

mais eu tomo consciência,

que essa inquitação,

teve sua procedência,

no dia da criação.

Durante a vida inteira,

eu procurei a receita,

de uma paz verdadeira,

a dose nunca é perfeita,

não existe outra maneira,

cada dia ela é refeita.

Ora o erro é na dosagem,

ora é na composição,

ora é ciclone, ora aragem,

ternura ou agressão,

o amor é a roupagem,

a dose certa, o perdão.

Deus desceu a esse mundo,

assumiu a nossa trilha,

o seu amor tão profundo,

deixou-nos como cartilha,

o livre arbitrio, no fundo,

esse trem desencarrilha.

Uma dose de amor,

se ela fosse aplicada,

no peito de cada agressor,

que detrás da barricada,

dissimina o terror,

não mais faria emboscada,

nem ato de desamor.

Pra Dimitri Medvedev,

McCain, Barack Obama,

a dose de amor não serve,

pra por fim a esse drama,

a não ser que Deus reserve,

pra cada uma essa chama.

Nossa única saída,

é amar profunamente,

e até o fim da vida,

levar pacientemente,

a essa massa sofrida,

a dose de amor da gente.

Eu procurei o velhinho,

lá no meio da caatinga,

ao matar um passarinho,

pra me indicar a restinga,

e uma dose de carinho,

teria esquecido a pinga.

Eu não teria atirado,

na Juriti que voava,

teria deixado de lado,

a arma que atirava,

e com você abraçado,

do amor não me afastava.

Se você é um caçador,

que atira no que voa,

que pratica o desamor,

que um irmão seu magoa,

tome a dose de amor,

que a paz no mundo ressoa.

Fortaleza, 03/07/0/

Aos Poetas Antonio Francisco e Bernardino Matos..

A vocês, vai meu recado

A voz que afugenta dores

No nordeste amargurado

Rende ao Cordel louvores...

Deth Haak

“A Poetisa dos Ventos”

Deth Haak
Enviado por Deth Haak em 04/08/2008
Código do texto: T1112252