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Noites vermelhas
Tem dias que as névoas me falam de ti
brancas, frias, sussurram-me esvoaçantes
como o vento da noite que me adormece
mas eu preferi-as vermelhas, quentes.
Vozes anoitecidas, empurradas pelo ontem
como se ainda fosse cedo
emagrecem-me de ti nesta anorexia
tal a distância imposta, desconhecida
e tão óbvia.
Ainda assim ouço-as na transcendente loucura,
na esperança que se façam gestos, veias
carne, ossos criando passos firmes
e me olhem sepultada no silêncio
mas vivas no tempo sem hora para partir.
Velarei meus sentimentos para que não morram
também sepultados abraçados a este silêncio.
Tem dias que as folhas me falam de ti
E tenho ganas de comê-las
Só para que permaneças dentro de mim.
Nas noites adormeço plena de vermelhos.
Cássia Da Rovare