E eu, que nem mais existo,

desfeito no ar feito resto de fumaça,

se existi um dia foi pra preencher os seus dias,

e por uns tempos era isso que eu também queria,

com a alegria de quem chega cheio de graça!...

E eu, que envolvi suas noites,

com o calor das palavras que meu coração ditava,

de amor, em mim, nem cabia pois queria-te muito,

se preciso fosse buscaria no universo infinito,

todas as luas de prata que tu tanto gostava!...

E eu, que agora me encontro perdido,

sem rumo, vazio, sou quase um delírio,

mistura de vento, brisa, querendo encontrar,

na lacuna inquietante que ficou em seu lugar,

um pouco de paz para meu coração em martírio!...

E eu, que sou só pensamento,

a todo momento sofro pois meu coração sangra,

que fazer se a dor aumenta minha esperança,

e o meu olhar perdido, tal qual criança,

encontra o horizonte e até você emigra...

E eu, que nem sei sou o que aparento ser,

em bem que podia não ter te encontrado,

ah, meus versos, todos, por ti foram escritos,

e pra você tenho confessado os meus conflitos,

eu não devia te amar como tenho te amado!...