DOR DO AMOR DECLARADO

DOR DO AMOR DECLARADO

Alimenta-se essa inefável dor

de um declarado amor.

Declarou-se dor

ao inebriar-me de amor.

Confudem-me as emoções

esses sentimentos

que ora amam

ora voam

às vezes, nunca mais.

Como sonhos perfeitos

despertam tristeza?

Cama desfeita à moda

dos solitários curdos

que se erguem e partem

sem lastro no mundo.

Todas as dores, sofrimentos

que trazem as doenças,

partos, acidentes

que se alimentam do corpo

são puros lenimentos

diante a dor que se alimenta

do amor: eis a única dor.

Após turbinante agonia

a morte viva

quando acorda o amoroso

deparando-se ao lado

com o amado-um-dia:

neófito desencantado

com os ritos da confraria.

Se o amor não mais vê amor

no amor, chegada é a hora oficiosa

quando cessam as sublimidades gozozas

restando apenas corpo ababelado

que não entende a língua emanada

do corpo que fora o amado.

Hora de guardamento sem honras.

Como converte-se a pérola em concha?

(O dedo que dispara minhas armas

esqueceu-se na mão)