O TRISTE RELATO DE UM INFELIZ SABIÁ!!!

Publicado por: Carlos Aires
Data: 01/06/2012
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O TRISTE RELATO DE UM INFELIZ SABIÁ!!!

O TRISTE RELATO DE UM INFELIZ SABIÁ!!!

Seres humanos malvados

Com seus instintos daninhos

Deixam aprisionados

Inocentes passarinhos.

Que no decorrer da trilha

Encontram uma armadilha

Pra sua infelicidade

E passa a viver sozinho

Bem distante do seu ninho

Privado da liberdade!

É o cumulo da maldade

Se prender um inocente

Colocá-lo atrás da grade

Sem ter motivo aparente

Ainda mais na covardia

E a vítima da ironia

E mártir da traição

Passa a viver indefeso

Sofrendo mágoa e desprezo

Na maior desilusão!

Numa certa ocasião

Que não esqueço jamais

Eu adentrei num galpão

Onde se vende animais.

Subjugada aos entraves

Eu vi ali várias aves

No mais cruel cativeiro

Que assim a revelia

Viraram mercadoria

Pra se trocar por dinheiro!

Eu passei um dia inteiro

Ali naquele ambiente

Num momento alvissareiro

Deparei-me de repente

Com uma ave solitária.

Que estava naquela área

A olhar triste pra mim

Assim como quem pedia:

Tira-me dessa enxovia

Antes que chegue o meu fim!

Lamentava-se: enfim!

Qual foi o mal que eu fiz

Para que vivesse assim

Nesse castigo infeliz

Porque é que se reprime

A quem não cometeu crime

E nenhuma atitude má?

Eu, bastante comovido.

Logo atendi ao pedido

Do infausto sabiá!

E ao sairmos de lá

Desse lugar tenebroso

Notei que meu sabiá

Já calmo menos nervoso

Tinha algo a me dizer.

E eu querendo saber

Tudo sobre o passarinho

Disse-lhe: não tema perigo

E pode se abrir comigo

Pois eu sou seu amiguinho!

Ele relatou: meu ninho

Era numa laranjeira

Eu tinha um lindo filhinho

Uma bela companheira.

Um dia eu saí contente

A procura de semente

Pra nossa alimentação

Numa emboscada escondida

Caí. Daí minha vida

Transformou-se em aflição.

Sem nenhuma explicação

Eu me vi ali detido

Sem saída, sem ação.

Imaginei, estou perdido.

Mas, a hora mais ingrata

Foi quando deixei a mata

Seguindo outra diretriz

Meu peito se encheu de luto

Ao me afastar do reduto

Aonde fui tão feliz!

O meu amigo concriz

Também teve a mesma sina

A juriti, a perdiz

Canário, galo-campina

O xexéu de bananeira.

O pássaro fura-barreira

O caboclinho o “sofreu”

A goladinha o azulão

Mesmo o esperto cancão

Também desapareceu!

Todos, assim como eu

Foi um por um enganado

O humano que nos prendeu

Com o bolso abarrotado

Pelo farto numerário.

E o maldito salafrário

Burla a lei e ignora

Que o seu ato tirano

Causa um terrível dano

Para a fauna e para a flora

Diga meu amigo, agora

Se me entendeu ou não

Minha fé se revigora

Pois sinto em seu coração

Os princípios da bondade

Da mais pura lealdade

Por isso é que lhe dei crença.

Sei que fui compreendido

E ora lhe faço um pedido

Revogue a minha sentença!

Ali na sua presença

Eu disse emocionado

Sem que haja desavença

Você será libertado

Voar por essas baixadas

Cantar com as passaradas

Curtir esse clima seu

Voltar a fazer seresta

No seio dessa floresta

O lugar em que nasceu!

Essa historia que envolveu

Um passarinho inocente

A alguém que um dia o prendeu

Com seu ato inconsequente

Peço que tenha clemência.

Não cometa essa imprudência

Pra que tenhamos certeza

E plena convicção.

Se houver preservação

Engrandece a natureza!

Carlos Aires 01/06/2012