Papéis de Carta e Unencounter Milton Nascimento

Papéis de Carta

O tempo vai indo.
Passo a passo,
verso a verso,
eu caminho.

Caminho a procurar abrigo.
Um abrigo quente,
onde me sente,
onde perceba a Cândida voz de irmã,
tenha tempo para o meu filho,
converse com meu anjo,
reencontre aqueles ombros largos,
calorosos,
ombros de irmão,
ombros de um velho amigo.
Onde faça uma oração,
pedinte de uma existência sã.
Onde possa libertar meu grito,
equilibre minha razão,
termine meu livro,
ouça aquela canção.

Onde encontre minha outra parte,
minha doce metade,
e me proteja deste frio,
deste frio que invade,
deste frio universal,
carregado de abandono,
carregado de mal.

Por isso não te deixo de mim sair.
Meu pensamento vive a te buscar,
e estou sempre a carregar,
a carregar tuas palavras,
elas são repletas de amizade,
matam minha saudade.

Ler cartas é ouvir o outro,
sem som,
em silêncio.
É verdade uai!
Pois quando leio tuas cartas,
tua voz eu ouço.
Quero ouvir minha mãe.
Quero ouvir meu pai.

Por mais que eu parta,
que vá por aí,
estarei sempre esperando,
esperando notícias tuas,
registradas naqueles lindos,
naqueles lindos papéis de carta,
os quais escolhes com tanto gosto,
e só de ver,
um sorriso brota em meu rosto.

Sabes,
toda vez que sorris,
uma nova estrela surge no céu,
e aquele frio se desfaz,
vira pó.
Por isso escrevas,
escrevas sempre,
porque meu coração está aberto,
aberto a te compreender.
Desta forma eu te sinto,
tenho paz.
Eu te sinto aqui dentro,
aqui bem perto,
e me alegro por não estar,
e por não ser,
um ser só.

Clube da Esquina com o ex-presidente JK
 
(esta poesia é uma homenagem a todos os meus parentes e amigos, em especial aos amigos de infância e uma reverência ao "Clube da Esquina")


Interação de Leti Ribeiro:

SAUDOSA AMIZADE

Sinto ainda Saudades!
De sua voz tão doce
Do seu olhar de carinho
Das palavras que me abraçaram
Do poeta amigo que esteve comigo
Viajou em meus versos.
Se fez poesia em minha vida
Depois me deixou...

Ainda sinto saudades
Porque um dia eu disse pra ti
Que jamais te esqueceria...
Que um ombro amigo
Vale mais que diamante.

Você partiu e apagou a luz
E assim, fez-me perder seu rastro...
E desatou os laços
Que prendiam nossas mãos
Em eterna amizade.

Vagando ainda estou,
Pois, o toque que senti de ti,
Foi de sensibilidade
E jurei que era verdade...

Um olhar além da retina
Um olhar de coração aberto
Que julguei querer por perto
Para sermos como siameses
E assim vivermos em poesia
Ouvindo a mesma canção.

Por isso e muito mais
Ainda sinto saudades...


(Obrigado poetisa Leti Ribeiro)

 
(imagens obtidas da internet, todos os créditos e agradecimentos aos seus criadores e proprietários)