À deriva

À deriva

À deriva em alta noite, o marujo,

As ondas empurram, águas agitadas,

O rum na tempestade o distrai

Longe da calmaria em outras águas.

A alma que o acompanha lhe sussurra

Orações calmas dos antepassados

Lembra-lhe de Jonas cochilando

Também sobre mares revoltados...

Ah! Quisesses ser a minha cachalote

Dar-te-ia em tua boca meu destino

E dentro de teu corpo aqueceria

A alma, cá em mim, em desatino!

Nem tudo que se observa é amado;

Nem toda oração do peito germina,

A Escritura guardada entre os lábios

Por entre os próprios lábios termina.

O espírito que o acompanha se afasta

Como um vulto, nas ondas se desfaz...

Vai-se o rum e aquela tempestade,

Vai-se o barco... resta a voz do rapaz

Ah! Quisesses ser a minha cachalote

Dar-te-ia em tua boca meu destino

E dentro de teu corpo aqueceria

A alma, cá em mim, em desatino!

______________________________________________________

Para ouvir a canção, cole o seguinte link em seu navegador - http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/64712