Pedido de casamento

Olhando pra você eu faço poesia

Sem nunca ter sido poeta

Só de lembrar do cheiro do teu cangote

Minhas narinas fazem festa

Eu fecho o olho, franzo a testa

Faço até cara de besta

Deuzulive você não existisse

Pra enfeitar o meu terreiro

Nas tardes quentes de janeiro

Já que pra ser feliz

Num careço de dinheiro

Mas num dispenso um cafuné

E de tarde, um gole de café

De noite, um prato de cuscuz

Depois um chamego à meia luz

E uma fungada no rapé

E pra deitar, uma bela cantiga

Ou um soneto de Vinícius

Isso pra mim já é quase um vício

Mas vicio mermo é você

E foi só por causa disso

Que eu escrevi esse poema

Pra mode vê se tu morena

Quer ao meu lado viver

Mas se tu ainda num entendeu

O que tô querendo lhe falar

Agora sendo mais direto:

Quero contigo me casar

E se tu me quiser também

Me diga logo, num me deixe esperando

Porque já tô me agoniando

De tanto você se calar

É só dizer um sim ou um não

Num tem nenhum mistério

Bata logo esse martelo

E venha comigo morar.