ANTIDIÁRIOS DE JUNHO XXV

O meu verso queria ser aquela mãe que leva

o filho cego para o estádio no meio da galera

e narra o giro do jogo ao pé do ouvido; mas é

um ciclo de mesmas coisas e mesmos metros

que se revezam entre as lacunas deste inverno

novo e o silêncio que o vírus impôs por completo.

Há dias estranhos de ausências que soam no eco

repetido pelas paredes e nos desenhos inquietos,

onde o corpo marca silhuetas no lençol e na febre

— ali na encruzilhada do pelo desse mel que desce.

São onze e vinte e um e o meio-dia já acendeu a vela

na urna da manhã. E na tempestade que me desperta.