O meu verso queria ser aquela mãe que leva
o filho cego para o estádio no meio da galera
e narra o giro do jogo ao pé do ouvido; mas é
um ciclo de mesmas coisas e mesmos metros
que se revezam entre as lacunas deste inverno
novo e o silêncio que o vírus impôs por completo.
Há dias estranhos de ausências que soam no eco
repetido pelas paredes e nos desenhos inquietos,
onde o corpo marca silhuetas no lençol e na febre
— ali na encruzilhada do pelo desse mel que desce.
São onze e vinte e um e o meio-dia já acendeu a vela
na urna da manhã. E na tempestade que me desperta.