TELA NUA

 


  
Imagens a rodopiar em pensamentos múltiplos
surgem diante de mim galopantes
 
Secretos momentos de apaixonados amantes
gravados em negro granito com zêlo polido
 
Palavras que ecoam, por vezes, sem sentido
são definitivamente insanas e arrogantes
 
Sons distantes chegam provocantes
o aroma que sinto é teu e nada excitante
 
Pego a pena e escrevo um verso delirante
a inspiração não se completa, é claudicante
 
Pego o pincel e na tela nua desenho o nada
riscos inseguros revelam um prazer inexistente
 
A quimérica forma não pode ser retratada
Constato que, na essência, a vida é transparente