RUMO AO PRUMO

Publicado por: Rosany Costa
Data: 29/03/2009

Créditos

RUMO AO PRUMO Texto: Rosany Costa Voz: Liane Laranjeira Trilha sonora: Cão Sem Dono_Fernanda Cunha Edição de som: Liane Laranjeira
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   Rumo ao prumo...


   Rosany Costa
   (Plenytude)

   Esse silêncio, próprio da madrugada, não incomoda tanto quanto o da alma.
   Nem sei se seria este o termo correto, silêncio. Talvez deva denominar este estado de vazio, oco...
   Nada parece consistente além da vontade de me saber.
   Não que eu passe o dia todo assim. São momentos, mas tão intensos que incomodam. E nas madrugadas insones, e por conta deste estado, ganham a imensidão do deserto. De companhia uma profunda solidão que, de tão constante, tornou-se também amigável.
   Os únicos ruídos vêm dos pensamentos descoordenados. Não conflituosos. Simplesmente descoordenados. Incômodos.
   E de tão incômodos parecem que reviram e ao revirarem expõem minhas vísceras. E neste momento quase que se tornam públicos.

   E mais incômodo...
   Todos gostamos de privacidade. Têm coisas que só depois de resolvidas admitimos.

   Uma diversidade de dados, um amontoado de sentimentos...
   Uma tal confusão!
   Meu eu assemelha-se a qualquer localidade após vendaval, maremoto...
   E eu a querer triar, buscando organizar, para me achar em meio a tudo isso. Tentando não ser levada por medos, inseguranças e incertezas.
   Talvez, uma necessidade de colocar uma certa ordem interior. Visitar recônditos de mim mesma, arejar coisas estabelecidas, espantar esta tristeza e uma tal letargia que de mim se apossaram. Sair deste marasmo quase trágico!

   Não há revolta advinda de inconformidade. Há sim, uma estranheza diante de sentimentos confusos, uma premente necessidade de apaziguamento.
   Não esta aparente calma, que mais parece um refúgio, diante à tamanha confusão.


   E apegada, vago por entre lembranças e, mais e mais, me sinto alheia, e de mim mesma.
   Estranho. Não há dor, não há lágrimas. Lamento. E meu lamento é pela falta que elas me fazem.
   Aonde foram?
   Será que te acompanharam?
   E onde estás, que te procuro e não te encontro?
   Sempre pensei que um dia irias, mas que também ficarias.
   Em mim...
   Preciso de rumo, de prumo.
   Os dias estão nublados, tudo parece descolorido, esmaecido.
   Meus pensamentos também.

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