CONJUGA-ME

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CONJUGA-ME

Conjuga-me em seus delírios e crave-me no peito o punhal de suas afetividades. Repagine o meu espírito com um repertório de sentimentos novos, para que eu construa um script, sem de palavras, nos meus debates existenciais.
 
Não necessito das narrativas para sonhar. Minha sensibilidade se expõe ao seu bel prazer. Não é aguçada por nenhum método ou teoria. É dramática por si só e seu pretérito é imperfeito. E como é! Mas é simples, sem forma, sem receitas.
 
As tonalidades de seus sonhos variam com as estações da alma. E as luzes de seus horizontes mudam o brilho conforme a brisa dos sentimentos.
 
Tem vôos rasantes. Tem direções contrárias. Tem rumos sem rumos.
 
Tem livros sem páginas. Tem capítulos sem final. Tem história sem parágrafos.  

Tem estoque de desejos. Tem desejos parcelados a perder de vista. Tem em vista as urgências de alguns anseios que não podem ser a prestação.  

Minha alma conjuga-se com os esconderijos do silêncio. Conjuga-se com as marcas deixadas na calçada da experiência. Conjuga-se com o deslumbramento do olhar para um céu estrelado. Conjuga-se, de um jeito gostoso e especial, com a curiosidade do que possa existir depois da montanha.

Conjuga-se com as incertezas de onde a vida possa me levar.
 
Conjuga-se com um carinho, com um chamego, com um cafuné,  com um dengo, com um telefonema, com uma pergunta, com uma interjeição.

Conjuga-se com uma frescura, com uma conversa ao pé do ouvido, com as contradições, com um perfume bom. 

Conjuga-se com o pulsar do coração.

Do meu, do seu, do nosso.