ÚLTIMA CRÔNICA



Num instante a vida virou de ponta cabeça!
____ um fonema virou poema um beijo virou um queijo e a noite coquete chafurdou em ais e tais num despertar em falsete. Mas a vida é tão bela, e não tem porta ou janela nem zíper ou taramela pra fechar a boca do mundo. O poeta é falsário, a poesia um rosário a felicidade é um aquário____ nadar em círculos fortalece o peitoral e dá mais força ao trapézio equilibra o "triangulo" e faz do olhar ____um ângulo trepidando cai pra lá, cai pra cá. Dentro de cada armário um monstro que nos visita em sonhos gélidos de pavor, mas o amor mora logo ali e sempre pode nos salvar - a todas (os) - é só uma questão de "ficar na boia" ou pegar um foguetinho . Hoje fui a Budapeste, levar um presente para você , mas o presente não tinha ponteiros - levei sementes, mas elas não germinaram - morreram de leucemia. Voltei para casa volitando entre as palavras e estrelas, sem perceber o peso do sabre no meu pescoço - emudeci feito um livro sem páginas e acordei com o sol diferente iluminando o meu quintal. Olhei para as minhas mãos, estavam vazias mas no chão, as sombrasm era de muitas mãos. Umas acenavam, outras se acariciavam, outras me indicavam direções contrarias querendo mostrar que toda espera é em vão. E por que não?! Mas a fogueira ardeu com precisão, abriu uma clareira fez fumaça, ardeu os olhos no espaço onde tudo é luz e tudo esta ligado a essa luz que flui para mim, afiada e mortal como corte da navalha na insignificante presença orgulhosa vinda da escuridão. Depois disso, perdi o sono-, rabisquei apressadamente num pedaço de papel e guardei sob o peso Tempo. Guardei sem ao menos fazer uma leitura, mas desejando que fosse uma crônica alegre... não sei a razão do pensamento, mas enquanto e preparava o café, me lembrei de Sabino: "Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."