Meus tempos de criança

Quando era criança, ficava “louco” para que as férias chegassem o mais rapidamente possível. Isso ocorria porque passaria o período de recesso escolar na casa da minha avó. Lá, a vida era vivida intensamente.

Pássaros, galinhas, gatos e árvores ornamentavam o ambiente natural. Não posso deixar de mencionar a gata Totó, o galo, o pé de pitomba, a mangueira e o pé de estrela. Nesses locais, eu e alguns primos nos reuníamos e conversávamos sobre tudo. As brincadeiras eram planejadas ali.

Eram cinco casas num grande sítio. O lugar perfeito para ser criança, não só criança, mas para ser humano. Avós, tios, primos e amigos não faltavam. Lembro-me de meu bisavô que todos os dias limpava o quintal com uma vassoura improvisada, porque aquilo não era uma vassoura comum, parecia um pedaço de palha. Meus avós maternos trabalhavam muito para que a lanchonete ou o ponto, como diziam, funcionasse da forma correta. Ainda hoje é assim. Sempre havia algo para fazer. Desde observar a natureza até a falar da vida dos outros.

As brincadeiras eram as atividades que mais me atraíam. As ações lúdicas eram as seguintes: caçar pássaros ou até mesmo calangos; soltar raias; jogar de bila, de dominó, de baralho, de dama; brincar de esconde-esconde, de pega-pega, de sete pecados, de bandeirinha. Eu era feliz e não sabia. Havia brigas, é verdade. Mas, já viu uma turma de meninos sem brigar? Isso é impossível. As brigas fazem parte do instinto do menino, não só as brigas, mas também o perdão, porque depois de pouco tempo já estava tudo bem.

O tempo foi passando, fui crescendo e o quintal foi perdendo a energia de antanho. As raízes do quintal, meus bisavós maternos, foram arrancadas da terra. Contudo, até hoje e enquanto vivermos, estarão arraigados em nossos corações. Meus tempos de criança foram vividos avassaladoramente.

Saullo Pereira
Enviado por Saullo Pereira em 21/09/2008
Código do texto: T1189137
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