Raul Seixas

Um compositor de massas? Talvez não...Certamente um verdadeiro retratista cultural, que defendeu um liberalismo conceitual próprio, uma crítica entusiástica de grandes proporções, de frases que retrataram uma época e se consolidaram em verdadeiros hinos de emancipação ideológica...

Nascido na capital baiana em 28 de junho de 1945, Raul Santos Seixas descobriu o rock quando a família se mudou para um casarão ao lado do consulado norte-americano, e o garoto de 12 anos de idade, acabou por ganhar alguns discos de novos e estranhos cantores, como Elvis Presley, Little Richard e Fats Domino. " Eu vivia matando aula para ouvir disco", lembrou anos mais tarde. Raulzito foi também um dos primeiros roqueiros baianos, formando grupos como Os Relâmpagos Do Rock e The Panthers, mais tarde Raulzito e seus Panteras, com quem ele iria para o Rio de Janeiro, e gravaria seu primeiro disco em fins de 1967.

Se o produtor Raul Seixas aprendeu sua profissão no estúdio, o joven Raulzito foi desde cedo emérito rato de livraria, lendo de tudo, desde gibis a livros de filosofia. Ele, Roberto Carlos e Rita Lee são os três grandes reis de nosso pop rock. Só que Raul foi o mais versátil de todos e, a longo prazo, acabou se tornando também o mais influente. Poucos artistas brasileiros inspiraram a publicação de tantos livros; e se considerarmos somente pop rock, Raul é o campeão.

Exilado nos Estados Unidos pela ditadura militar em 1973/74, sempre às turras com diretores de gravadoras, sua única grande fraqueza humana foi o alcoolismo, que lhe valeu não só a fama de imprevisível e irresponsável, mas também uma pancreatite que o levou à morte, no dia 21 de agosto de 1989, em São Paulo.

Compositor dos mais regravados, artista dos mais imitados, vendendo mais discos do que quando estava vivo, Raul continua sendo um exemplo de personagem e de personalista, individualista ao extremo. Metamorfose ambulante, ator que faz papel de compositor, mosca na sopa, maluco beleza, carpinteiro do universo, coringa de todos os baralhos, o ínicio, o fim e o meio...Afinal quem é Raul Seixas? Ele mesmo tem a resposta: "Eu sou o que sou".

Sem sombra de dúvidas, a imagem de mais um maluco nos palcos, trouxe ao público indiferente, uma nova concepção de música regionalista, e culturalmente temperada.