Vidente das letras

“No seu teclado mágico

Apenas esperou as letras

Elas se fizeram palavras...”

Nem poderia saber.

As letras populavam sua mente

ora em estalos ora em desatinos.

Eram letras corridas perdidas e disformes.

Algumas nati-mortas,

outras famintas por outras letras.

Saiam do ralo aos borbotões

alagando aquele pequeno espaço de textos e mais textos

dos mais variados assuntos.

E eles se misturavam.

Conversam entre si

e até se engalfinhavam-se.

Pois que o parágrafo de um

achava que tinha mais impacto,

o outro usava da sua grande sonoridade,

aquele lá trazia sexualidade,

mais um outro de desatinos.

Mas de tudo que se via

apenas um se entendia.

Aquele que nada dizia.

Apenas se sentia.