ORIGENS

Não conheci nenhum dos meus avós. Sei apenas que o meu avô paterno era português, nascido na cidade do Porto, e pertencia a família Fonseca. Seu nome era Manoel Agostinho da Fonseca e emigrou para o Brasil no Século XVIII, deixando uma herança havida por seu pai de umas quintas naquela cidade do Porto.

Por informação dos mais velhos, soube que era boticário, aplicava remédios baseado no livro que trouxera de Portugal. Era um grande livro, com mais de duas mil páginas, chamado “CHENOVIS”. Casou-se com Antonia Lúcia da Fonseca, conhecida por Toinha de seu Manuel Marinheiro. Era brasileira e de sua ramificação nunca tive curiosidade de me informar com meu pai.

Meu avô materno chamava-se Manuel Freire de Oliveira. Nasceu na cidade de Taperoá, no estado da Paraíba. Sua família procede de pessoas modestas, especialmente da parte de Oliveira, da qual não conheço nomes que se salientaram no cenário nacional. Entretanto, na família Freire, destacaram-se alguns nomes, dentre eles Marcos Freire, que foi eleito Prefeito de Olinda, senador da república e Ministro da Reforma Agrária, tendo morrido bruscamente num acidente aéreo.

Este meu avô materno casou-se com Alexandrina Maria da Conceição. Não sei informar se ela era pernambucana ou paraibana, pois naquele tempo não havia interesse em se guardar histórias.

Meu pai, Augusto Cerquinha da Fonseca, nasceu em 1871, no município de Ingazeira. Durante toda sua vida foi agricultor, muito embora tenha trabalhado como soldado da Polícia Militar, Serventuário da Justiça e sapateiro. A despeito de qualquer atividade que exercesse nunca deixou, todo o tempo, de cultivar sua propriedade, criar gado e outros animais, bem como construir pequenos prédios de alvenaria, que alugava e por meio disso aumentava a renda mensal. Viveu sempre em função do seu trabalho, do seu amor à família, que foi numerosa, num total de treze filhos.

Minha mãe, Maria Freire de Oliveira, nasceu na Vila de Afogados da Ingazeira, então municio de Ingazeira. Sua família: Freire, Oliveira, Lopes e Melo. Nasceu em 1888, casou-se em 1903 e faleceu em 1973, em acidente de carro, na cidade de Cabrobó, Pernambuco, quando vinha de viagem de São Paulo, em companhia de seu filho Vicente, que, felizmente, escapou ileso do acidente.

Minha mãe era uma pessoa alegre, destemida, gostava muito de passear e dizia sempre que, se morresse viajando morreria feliz. Aos oitenta e cinco anos, comia de tudo, especialmente quando viajava, pois um dos seus prazeres era comer todo tipo de comida nas paradas de ônibus (quando de viagem). Minha mãe era realmente uma pessoa feliz. Gostava muito de jogar no Bicho e sonhava todas as noites com borboletas, cabras, gatos, vacas, indo logo cedinho apostar na sorte. Eu era menino e fazia o jogo dela na banca de Gedeão Liberal. Um dia ela jogou nos vinte e cinco bichos e eu perguntei por que; ela respondeu que era para desencabular, daquele dia em diante ficaria acertando todos os dias.

Gastão Cerquinha
Enviado por Gastão Cerquinha em 05/04/2006
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