Cyro Martins e sua trilogia do "gaúcho a pé"



Em 1908, nasceu Cyro dos Santos Martins em Quarai.

Publicou seus primeiros textos no jornal de Artigas, Uruguai: artigos políticos, oposicionistas, libertadores e contos regionalistas.

Em 1933, formou-se em Medicina. Especializou-se em psiquiatria, ramo no qual se destacou. Exerceu sua atividade profissional em Porto Alegre.

Em 1934, publicou seu primeiro romance Campo Fora. Seu pai tinha uma “venda” no balcão da qual ele assistia à decadência do gaúcho, impressões que colocou em seus romances. Como escritor, publicou romances, contos e ensaios científicos e literários. Interessado na cultura de seu Estado, proferiu conferências e palestras sobre literatura gaúcha.

Na sua obra, destaca-se a “trilogia do gaúcho a pé” (expressão que ele usou pela primeira vez em 1935), composta de Sem rumo, Porteira fechada e Estrada nova. Nesses romances, Cyro mostra o gaúcho como  o trabalhador descapitalizado, pobre, desempregado, que substitui o trabalho do campo por um subemprego na cidade - o gaúcho a pé.

A temática do gaúcho a pé, cujo núcleo é a lenta expulsão dos peões da estância e sua pauperização nos cinturões da miséria das cidades da campanha, surgiu de um modo de viver os problemas, da sua circunstância social. Como médico em São João Batista do Quaraí, cenário de todos os seus romances, conheceu de perto e muito cedo as diferenças sociais e a miséria instituída pelos latifúndios.

Na trilogia do gaúcho a pé, Cyro Martins detecta e analisa o problema da gradativa marginalização do gaúcho, sua expulsão da estância e seu servilismo. As causas vêm à tona aos poucos. Em Sem rumo, o autor opõe de modo muito simples a idéia de um campo agradável e protetor, ainda que pobre, e de uma cidade desumana. Já em Porteira fechada, a crise econômica é causa direta dos desequilibrados, conflitos e traumas, da miséria dos personagens que permanecem num total servilismo em relação ao sistema que lhes foi imposto. Porteira fechada configura a tirania econômica da classe dominante sobre a massa de trabalhadores rurais. O problema básico é o da distribuição, o da exploração das massas (como hoje). A tirania econômica impõe um assalto à pequena estância; ocasiona a crise, que se traduz no êxodo contínuo às cidades do interior e à capital. Em Estrada nova, Cyro descreve o processo da modernização e as mudanças socioeconômicas que ela impõe à vida pastoril gaúcha. O tema ainda é a expulsão do gaúcho da terra, mas agora atenuado pela perspectiva de uma sociedade mais justa.

Cyro Martins disse certa vez que não era um escritor de carreira. "Permaneço na condição de escritor bissexto, pois toda a minha literatura é feita no rabo das horas. O melhor das minhas possibilidades intelectuais foi consagrado à Medicina, em especial à Psiquiatria e à Psicanálise. mas esta afirmação não significa menos ternura pelo que realizei no plano da ficção literária."

Faleceu em 1995.

Referências

http://www.geocities.com/athens/acropolis/2776/cyro.html
http://www.paginadogaucho.com.br/escr/cyro.htm
http://%20www.algosobre.com.br/assunto/ler.asp?conteudo=328
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romancede30/2003/03/18/000.htm

https://www.google.com.br/search?q=Cyro+Martins&rlz=1C1VASU_enBR555BR563&espv=2&biw=1280&bih=899&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAcQ_AUoAmoVChMItIi22_uhxwIVg0GQCh2ahg7A#imgrc=NAisf9DaoTvolM%3A