três de junho de 1971

Puxa, meu diário, você não pode imaginar o que eu estou sentindo agora, um pouco de tristeza misturada com decepção. Meu diário, é capaz de você não acreditar, mas vou te contar a mais pura verdade.

O Júnior não gosta mais de mim, mas não gosta mesmo, aliás, não sei se um dia gostou, tenho minhas dúvidas.

Esta semana toda ficamos brigados. Eu falava com ele, mas ele não me dava bola. O motivo é que ele acha que eu não dou valor à ele, que ele se despenca lá da Urca e que quando ele chega eu não dou a mínima pra ele, só pode ser louco.

Combinamos que só no sábado nos veríamos, até aí tudo bem. Hoje liguei pra ele e o "meu amor" disse que sábado irá pra Santa Cruz.

Meu Deus, o que é que eu faço? Que atitude, meu Pai, devo tomar?

Fingir que não estou ligando se eu estou?

Bem, se sábado ele não vier aqui, eu acho que vou terminar com ele pra sempre. Sei que vou sofrer, vou sofrer muito, mas nada vou poder fazer. Chega de bancar a palhaça, chega, já está passando dos meus limites, você sabe que quando tomo uma decisão é pra valer.

Pô, tem tanto garoto por aí, porque eu vou ficar logo com quem não me quer?

Hoje falei com o Odilon. Ele é um amigão, levantou minha moral pra caramba. Contei tudo pra ele. Sei lá, ele é o tipo do cara que inspira confiança adoidado.

Ah! Há um mês atrás ganhei uma cadelinha, uma gracinha, só que ela não me deixar dormir muito bem à noite, mas coitadinha é uma bebêzinha ainda. Adivinha o nome que colocamos nela? Biju = sílabas do meu apelido e do dito cujo.

Antes de terminar eu quero te pedir desculpas porque quando eu te escrevo é só pra contar coisas ruins, tristes, mas pensando bem, é por isso que você é o meu melhor amigo, pra ouvir meus desabafos, não é mesmo?

Bem, daqui a pouco vou ligar pro Júnior, vamos ver no que vai dar.

Bye.