oito de novembro de 1971

Hello, tudo bem com você? Eu vou remando contra a maré.

Não sei se você já notou, nunca eu vou bem, bem de verdade, mas, pensando bem, essas coisas fazem parte da vida. Acho que no dia que eu me sentir totalmente feliz e realizada, em suma, BEM DE VERDADE, vou estar no fim da minha vida. É assim mesmo, a gente vai passando por tudo, alegrias, tristezas, pauladas no coração que doem e que, às vezes, ficam doendo por muito tempo, decepções, desilusões, sonhos desfeitos, mas o nosso fim é sempre o mesmo. Vai todo mundo pra debaixo da terra, não tem jeito.

Às vezes fico pensando pra que tudo isso, se caminhamos, querendo ou não, para a morte, para um lugar que ninguém sabe onde fica, nem como é. Se a gente pensar muito acaba ficando doida. Vou mudar de assunto que é melhor.

Comecei a namorar o Carlinhos ( sobrinho da D.Elza, vizinha aqui). É, mas tem muito grilo nesse namoro, você não está sabendo de nada.

A gente só faz se chatear nesta vida, né?

Tem vezes que o Carlinhos está com a lua meio de banda, aí já viu, sai de perto que lá vem bomba, ele solta tudo em cima de mim. Ontem, a lua dele virou, começou a falar um monte de coisa pra mim, e eu calada, doida pra falar umas verdades. Ele só me pisando, uma hora não aguentei, soltei os bichos nele. Foi uma troca de "amabilidades" que você não faz idéia. Ora, ele vem com umas coisas que eu não entendo e me obriga a ser grosseira. Não gosto de dizer tudo que eu sinto, não gosto de magoar as pessoas. Pô, todos nós temos defeitos se formos apontá-los sempre, podemos ferir.

O Carlinhos, não, vai dizendo tudo e não pensa que pode magoar. Ele veio cheio de grosseria pro meu lado do nada, eu fui também. Ora, guerra é guerra.

Mas, vou levando como posso, mil pancadas em todos os sentidos, não só no campo do amor( ih, escrevi bonito!! rs) como no colégio, em casa, na rua, enfim, em tudo que faz parte da vida. Vai assim mesmo não tem outro jeito, sei que um dia serei feliz, muito feliz.

Tchau.