Muhammad Ali - Float like a butterfly, sting like a bee

Eu ainda me lembro bem do ano de 1978, eu tinha apenas 11 anos, minha mãe havia comprado para mim um par de luvas de boxe amarela. Eu que sempre fora um menino medroso e tímido, tinha uma estranha atração pelo pugilismo, mas principalmente por um atleta que na época era quase tão famoso quanto Pelé, chamado Muhammad Ali. Neste mesmo ano ele faria sua última luta contra o lutador Leon Spinks, antes de encerrar a carreira. Esta luta seria a tentativa de ele recuperar pela terceira vez o cinturão (infelizmente Ali tentou voltar em 1980 contra Larry Holmes, sem sucesso). A luta foi tarde da noite, mas eu a assisti sozinho até o fim, Ali venceu por pontos, mas não foi uma luta brilhante, ele já não era mais o mesmo lutador super-rápido de outrora.

Ali em sua carreira enfrentou grandes desafios, daqueles que ninguém acreditava que ele iria vencer. Seu primeiro grande adversário, foi Sonny Liston em 1964 (uma espécie de Mike Tyson da época). Esta luta era vista como um massacre anunciado, apesar de Ali (na época, ainda Cassius Marcelus Clay), ter sido medalha de ouro na Olimpíada de Roma (1960). O que ninguém esperava aconteceu, Cassius Clay se tornou campeão mundial aos 22 anos. Ele disse assim para os jornalista: “Engulam suas palavras!”

Daí em diante, ele seguia sua carreira invicto, até que foi impedido de lutar por alguns anos devido à recusa de servir o exército americano na Guerra do Vietnã. Em 1971 tentou recuperar o título, mas perdeu para Joe Frazier (o detentor do título), em sua primeira derrota.

Surge então, o lutador que iria assombrar o mundo, George Foreman, que em dois assaltos, derrubou Joe Frazier seis vezes até o árbitro interromper a luta; liquidou Ken Norton, que havia quebrado o maxilar de Ali. Agora era a vez de Ali enfrentar o gigante com 40 lutas, 40 vitórias, sendo 37 por nocaute. Este combate foi marcado para o Zaire, África em 1974.

Muhammad já era considerado um lutador decadente, com 32 anos, sete anos mais velho do que seu oponente. As bolsas de aposta eram de 9 para 1. Nenhum jornalista acreditava na vitória de Ali, até a sua equipe temia pela sua vida. Mas Ali sempre foi falastrão, gabava-se de suas qualidades bem superiores às de Foreman, a quem apelidou de “a múmia”, por considerá-lo lento demais.

A luta entre George Foreman e Muhammad Ali, é para mim, um dos eventos esportivos mais fantásticos do século XX. Um Foreman arrogante e com certeza da vitória contra Ali, que malandramente deixou o adversário se cansar ao máximo, e ainda com uma velocidade fora de série nos golpes (em alguns momentos é difícil ver os braços de Ali, só vemos a cabeça de Foreman balançar de um lado para o outro). No oitavo assalto, diante de um Foreman exausto, Ali dá uma série de cinco golpes devastadores que encerram a luta. Um final apoteótico, uma luta inesquecível.

Mas para que este texto não seja somente para enaltecer Ali, é bom que se diga que George Foreman voltou a ser campeão mundial dos pesos pesados vinte anos depois, em 1994, aos 45 anos, o campeão mais velho da história do boxe. Um recorde que dificilmente será quebrado.

É uma pena que eu ainda não tenha mais aquele par de luvas, pois uma vez brincando de boxe com meu irmão e meu primo, consegui nocautear meu primo. Que saudades da infância!

Marcelo Inácio
Enviado por Marcelo Inácio em 06/08/2009
Reeditado em 13/09/2009
Código do texto: T1740099
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.