NOSSAS VIDAS FELIZES E O OUTRO LADO - prefácio

Há muito tempo, em torno de 1994, melhor, bem antes disso, acho que em 1986, intentei contar a história de nossas vidas, quero dizer, da minha vida, da vida do meu irmão Davi e da nossa irmã, Vera Lúcia, mostrando o preço alto que pais que se separam obrigam seus filhos pequenos a pagar sem que estes devam. Nesse tempo, em 1986, dei início ao que se poderia chamar de uma aventura, contando de uma oportunidade, aos 14 anos, quase 15, quando fugi da casa de nosso pai no meio de uma tarde de sábado e me aventurei pelo mundo, indo até São Paulo, passando por situações incríveis, sem dinheiro, completamente só, mas retornei três meses depois um pouco mais gordo do que quando saí.

No tempo em que dei início a esta história os computadores mais atuais mal tinham um monitor verde, teclado e armazenavam suas memórias em um "bolachão" de 500 Kb, sendo que não possuíam mouse e tampouco Windows. Eu os conhecia de vista, no setor de digitação do Grupo Editorial Sinos SA, em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, onde eu trabalhava como arte-finalista dos jornais NH e Vale do Sinos. Ficava maravilhado com tais máquinas incríveis, mas nem mesmo tinha uma para colocar minhas mãos, tampouco sabia operá-la, além que temia o que elas poderiam fazer de minha profissão de desenhistano futuro.

Sabia sim era "datilografar". Disto eu tinha feito curso em 1981, porém não possuía uma máquina de escrever, portanto, quando comecei, em 1986, a contar a aventura da fuga o fiz escrevendo a mão, em papel jornal, o que tínhamos em abundância no trabalho.

Da mesma forma foi que comecei a escrever um romance de nossas vidas em 1992, quando vivia em Porto Alegre. Foi em papel jornal, nos espelhos de classificados do Jornal Zero Hora, escrevendo a mão, mas depois transcrevi parte para folhas de ofício datilografando em uma Olímpia elétrica, que eu já possuía.

Esse romance era atrevido e pretensioso, querendo dar todos os detalhas da geografia dos ambientes da nossa vida desde a mais tenra infância. Assim o trabalho se tornou muito cansativo, por isto, após muitas e muitas páginas, ele foi sendo deixado de lado gradualmente, até que o tempo o amarelou.

Passaram-se 4 anos até 1998, quando resolvi transcrever aquelas páginas datilografadas para a memória do computador, que eu tinha então, com o ideal de prosseguir com a narrativa depois. Todavia, por minha pouca experiência no uso da máquina naquele tempo, algum tempo depois, após árduo trabalho, perdi todo o conteúdo do HD num acidente imbecil e com ele o trabalho se perdeu por completo, ficando mais uma vez para o futuro sua realização.

Bem. Hoje é esse futuro. Já publiquei dois livros de 240 páginas cada. Dois romances magníficos, com uma boa didática e certa forma de auto-ajuda. Sinceramente, nem imaginava que algum dia pudesses ver meus escritos nas prateleiras e vitrines das livrarias e se imaginasse não acreditava que chegasse a tanto. Uma das coisas mais magníficas foi ver meus livros na vitrine da Livraria do Globo da Andradas, no centro de Porto Alegre, onde iniciou a Editora Globo, conhecida hoje nacionalmente. Outra foi ver um deles, Os Meninos da Guerra, nas mãos do Chico Anísio, no Programa do Jô, sendo entregue para ele em pleno ar, além das boas recomendações que o Chico deu sobre o mesmo, sugerindo ao Jô que nos convidasse para o seu programa, pois o personagem do livro ainda vive e é o relato vivo da história sórdida do racismo de Hitler. Mais outra das coisas magníficas foi ver a segunda edição do livro, revisado e corrigido, patrocinado pelo Banco Matone com mil exemplarese da tiragem sendo distribuídos de presente para os correntistas do banco, em grande parte judeus, os quais viram e verão que nem todos os cristãos são irracionais, desinformados, supersticiosos e sanguinários, como os que os perseguiram e exterminaram durante o Feudalismo e a Idade Média com calúnias, rechaçando a Lei de Yaveh e fazendo de Cristo um tirano, para o pavor dos judeus e de muitos outros povos.

Apesar de tudo isto, de certa forma continuo não acreditando em algumas coisas, como, por exemplo, que os leitores possam se interessar pelo assunto deste escrito, a história da minha vida. Não me julgo importante a tal ponto, mas julgo de importância que os pais saibam o preço altíssimo que sobrecarregam seus filhos inocentes por não quererem se submeter um ao outro, por não suportarem nada, não tolerar nada, mas viverem de guerra, numa eterna quebra de braço, mostrando ao outro quem é mais forte, quem é mais durão e quem é mais insensível, sempre se fazendo de vítimas, de afetados e lezados, buscando e reclamando sempre os seus direitos individuais, sufocando todos os direitos de seu filhos, os quais não pediram para nascer e em tudo caressem de seus pais, que vivem de terrorismo um para com o outro, discutindo suas pendências nos tribunais, querendo vencer com a força paquiderme dos estranhos sua quebra de braço íntima.

Da mesma forma também não acredito que um dia possa imprimir este livro, pois não há interessados nele, como havia nos dois primeiros, os quais possuíam dinheiro para financia-los.

Portanto, irei publicá-lo aqui, no Recanto das Letras, como uma novela, capítulo por capítulo e verei sua leitura, podendo ver algum dia se o número de leitores aqui será suficiente para induzir alguém a fornecer-me o recurso para editá-lo.

E será uma história empolgante. Esteja certo disto. Vale a pena aguardar por cada capítulo. Vale também a pena contar para os seus amigos e incentiva-los a ler. Portanto: boa leitura para quem entrar nesta parceria.

Grácias!

Wilson Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 25/06/2006
Reeditado em 25/06/2006
Código do texto: T181946