Uma Vida Mais Feliz

Ainda não está pronto mas gostaria muito de saber a avaliação de todos vocês que me acompanham até hoje.

Grato.

Carlos Barreto

“Tento a cada dia me esquecer de tudo que já aconteceu comigo. Tento a cada dia ser uma pessoa melhor. E tudo isso se reflete em decepção. Por não conseguir. Por me achar cada dia uma pessoa pior. Por mais que eu faça tudo àquilo que acho e acredito ser o certo, tudo vem dando errado.”

A Infância

São 23h00min e o frio é grande na cidade de Nova York. Joshua sentado à mesa espera o timer da cafeteira, avisar que o café está pronto.

Café!

Uma mania de brasileiro.

O café da casa de Joshua em Nova York, não é daqueles que vendem por aí. O café da casa de Joshua vem da casa de um amigo brasileiro que mora num lugar no Brasil chamado Espírito Santo, para ser mais exato, vem da cidade de (Iuna).

Esse é o momento em que Joshua mais se lembra do Brasil. Mas lembranças são algo que Joshua tenta se afastar. Muitas pessoas quando estão paradas sem nada para pensar, começam dois processos em sua mente: um é criar um futuro ideal e o outro é lembrar de um passado não muito ideal. Todos têm muito que se lembrar, mas, normalmente, viajamos pelas lembranças que mais queremos esquecer. E assim também acontecia com Joshua.

A lembrança mais agradável que tinha era uma viagem que fez quando tinha uns cinco anos com seus pais em um fusca indo para Parati. Lembra-se de uma forma bem clara o pai dizendo, enquanto se encaminhavam na direção de um lago, que teriam que atravessá-lo apenas com o carro porque ali não tinha ponte. Lembra-se do medo que sentiu e de até ter chorado. Hoje sabe que o pai estava apenas brincando e que não conseguia ver a ponte porque já era noite. É algo que o faz ficar feliz. A união entre sua família. União essa que foi destruída pelo adultério. Mas em contrapartida a esta lembrança logo vem uma outra que Joshua só foi entendê-la depois de adulto e já casado. E se transformou num trauma, pois foi com o entendimento desta lembrança que ele descobriu por que sempre agiu de uma maneira errada por toda sua vida.

Mas isso é algo que Joshua não gosta muito de ficar lembrando.

O timer da cafeteira dá o sinal que o café está pronto.

O cheiro do café!

O cheiro do Brasil!

O cheiro de sua casa lá do Brasil!

Dos seus amigos!

De sua infância!

Joshua sai da cozinha e se dirige para a sala onde liga a TV. Não queria deixar a mente livre para não voltar a se lembrar do que se tornou.

Deita e tenta dormir, ali mesmo no sofá. Sempre gostou muito em dormir em sofá. Era algo que sua esposa sempre reclamou. Joshua sentia muita saudade de sua esposa. Da esposa e do filho que ficaram no Brasil. Logo faria um ano que não os via, mas a saudade se misturava em alegria, pois suas responsabilidades em Nova York estavam quase terminando e em janeiro estaria de volta.

Mesmo deitado e querendo esquecer, as lembranças eram muito fortes e vinham de uma forma que Joshua não conseguia vencer.

Agimos como agimos devido a traumas ocorridos na infância. Traumas são como veios de água que são criados por grandes chuvas quando os rios trasbordam. Uma vez a chuva terminada o veios estarão lá e sempre que o rio encher águas se dirigirão pelos veios e desembocarão em algum lugar. Alguns veios servirão para abençoar famílias formando pequenos lagos, mas outros podem trazer maldição estragando plantações inteiras.

Veios de rios que destroem plantações sendo assoreados para que a água não venha a atingir novamente o que tanto trabalho deu para plantar. Mas quando se trata de assorear o veio, em uma próxima grande chuva, lá longe, bem lá no leito do rio onde ainda existe o caminho do veio, a nascente do veio. A chuva trata de trazer a água que destrói e agora com toda aquela terra que foi colocada para assorear o veio. Vem uma água bem suja e cheia de detritos.

Pior é.

Traumas não resolvidos.

Traumas que queremos esquecer são esses que a chuva do dia-a-da, da vida, trata de abrir novamente veios trazendo ainda mais sujeira e decepção.

Traumas são para serem tratados e ditos.

Confessai os vossos pecados. Pecados são traumas. Aquilo que não tínhamos que fazer e fizemos. Aquilo que agride a nossa natureza.

O telefone toca.

Joshua ainda sonolento não entende quem ligaria àquela hora da noite.

Noite?

Joshua desperta!

Já são 08:00 horas.

As consultas?

Joshua dá um salto do sofá.

Sempre acordou meio que assustado.

Traumas.

Mais traumas.

Muitas brigas entre família quando era pequeno.

Brigas em festas.

Festas!

Bebedices!

Exaltação!

Brigas!

Ao atender ao telefone, Joshua percebe que uma carta foi colocada por baixo de sua porta.

Atendeu o telefone.

Era July, sua secretária. Queria avisar que iria se atrasar, pois teria que levar o pequeno Paul na escola.

Agora sim tudo estava errado. Ele atrasado, July atrasada.

O que mais poderia acontecer?

E aquela carta?

O que seria?

Não tinha tempo para lê-la.

Guardou-a em sua pasta de couro e foi se preparar para ir ao consultório.

Joshua, um psicólogo de grande prestígio internacional. Havia sido convidado a participar de um estudo na faculdade de Harvard. O grande sucesso do seu livro publicado no Brasil, com bases no texto de Freud sobre “Totem e Tabu”, onde Joshua consegue argumentar sobre a idolatria a tudo que é proibido fazendo assim com que o ser humano seja atraído de uma forma descomunal para sua destruição interna, fez com que esse homem simples tivesse seu nome lançado no mercado editorial americano, chamando assim, a atenção de grandes e respeitados estudiosos da psique humana.

E lá estava ele, morando em Nova York há quase um ano. Tendo que se virar com seu inglês capenga e com suas manias de carioca numa terra onde o esporte principal não é o futebol e sim o ganhar dinheiro.

A chegada no consultório foi um tanto turbulenta, pois além de ter que abrir todas as portas que dão para sua sala, teve que se deparar com pelo menos três pacientes que o aguardava no corredor do prédio. Um horrível sinal que July ainda não havia chegado e que aquele dia já teria começado mal.

Como em todas as quintas-feiras já há quase oito meses, lá estava ele, Jheremy.

Jheremy era vice-presidente de uma grande multinacional no ramo alimentício. Casado e pai de duas meninas; tinha como principal atividade fora do trabalho, estudar diversos tipos de religiões e confronta-las com a que professava.

Era paciente de Joshua há quase oito meses depois de ter se oferecido para participar do estudo sobre a individualidade da mente humana num mundo globalizado.

Este era o nome do estudo que trouxe Joshua para Nova York.

Jheremy, como sempre se sentou na cadeira que seria a de Joshua, mas que nunca fora dito a ele que assim o era. Até porque tudo em terapia serve como base de estudo.

Joshua, por sua vez, sentava-se em um grande almofadão que ficava no canto da sala próximo a janela. Da janela podia de ver a estátua da liberdade de uma forma não muito comum. Pelas costas. Mas mesmo assim Joshua gostava de ficar fitando aquele enorme monumento enquanto se deixava vagar pelas divagações de seus pacientes.

Jheremy tinha uma grande dificuldade em se relacionar com suas filhas. Ainda mais agora que estavam entrando na adolescência. Não sabia por que, mas tinha em Joshua a esperança de encontrar a alavanca que colocaria aquela grande rocha de dificuldade abaixo.

Traumas.

Sempre eles.

Traumas infantis.

Jheremy queria entender porque sempre achou que se fizesse algo errado o mundo o castigaria. Sempre foi assim. Desde que se entendia por gente.

Fazia grandes testes sobre esta afirmação para provar sua tese.

Lembrava-se de uma vez em que pegou uma borracha do colega da escola e viu a noite a sua mãe tropeçando e torcendo o joelho. Foi daí por diante que começou a perceber sua ligação direta com o cosmos.

Algo que sabemos não ser real, mas na cabeça de uma criança de cinco anos...

Sempre que fazia algo errado percebia que, em sua vida ou dos seus próximos, ocorriam situações tristes ou dolorosas.

Isso deixava Jheremy sem saber como proceder. Já que era impossível não cometer nenhum erro. Muito sofrimento. E o medo de contar para alguém e descobrirem que ele era o motivo de tantos problemas. O medo de não ser mais amado. Perguntava-se diariamente se seus dois irmãos também faziam coisas erradas. Achava que não. Tinha quase certeza que não. Jheremy era o mais velho, o mais cobrado. Quando chegou a puberdade foi ainda mais difícil. Um turbilhão de sensações fazia com que Jheremy lutasse contra aquilo que era o natural na sua idade. A curiosidade pelo sexo. Sexo para Jheremy era pecado. Sexo para Jheremy era algo que seus pais nunca poderiam pensar que ele ficasse pensando por tanto tempo durante o dia todo. Logo ele. O exemplo dos seus irmãos. O que era tão cobrado em ser o mais correto. Essas sensações o destruíam por dentro. Até por que sempre se rendia a elas.

Joshua por um momento percebeu que faltava apenas cinco minutos para o término da seção e se levantou do grande almofadão e foi em direção à mesa onde ficava um relógio. Conferiu o tempo e interrompeu os devaneios de Jheremy tocando em seu ombro esquerdo pressionando um pouco o contato entre a mão e o ombro.

Jheremy voltou-se para seu terapeuta com um olhar de quem queria ficar lá por mais uns dez anos. Mas sabia que a partir de certo tempo a terapia se transforma em autocomiseração. E não era esse o propósito daqueles encontros.

Joshua se despediu com uma confirmação de que queria vê-lo na próxima semana, mas no horário da tarde.

July abriu a porta quando Jheremy estava quase tocando na maçaneta. Foi só um aviso que havia chegado.

Joshua entendeu e pediu que ela marcasse um horário para Jheremy.

Aproveitando o intervalo das consultas, pegou o telefone e ligou para seu grande amigo Lian Kardynan um grande empresário da área de informática. Queria saber se aceitava almoçar com ele, pois estava precisando conversar um pouco.

Joshua gostava muito de conversar com Lian. Ele era um homem muito centrado e quando Joshua chegou aos Estados Unidos, foi Lian a primeira pessoa que fez contato.

Lembrava-se como se fosse ontem: estava no aeroporto JK quando viu um homem baixinho de cabelos lisos e um pouco grisalhos deixar cair de sua maleta um pequeno componente de computador. Correu para pegar o objeto e alcançar o homem que em passos rápido se dirigia para fora do aeroporto em busca de um táxi. Quando pegou o objeto, Joshua teve noção de onde estava e se perguntou como iria se comunicar com aquele homem já que não tinha a mínima idéia de sua nacionalidade. Nem todos que estão nos Estados Unidos são americanos. Chegando perto tocou no ombro de Lian e mostrou a peça que havia caído fazendo com o rosto uma expressão de que havia achado. Para sua surpresa ouviu um conhecido “Muito Obrigado”. Ficou surpreso em encontrar logo um brasileiro, mas nem todos que falam português são brasileiros. Lian era de São Tomé e Príncipe e estava em Nova York há quase dez anos desde que fora para lá a estudo. Havia acabado de chegar de sua terra natal onde mantinha uma Ong que auxiliava as crianças de São Tomé na inclusão digital.

Joshua entregou a peça e começou a conversar com aquele homem que agora já não estava mais apressado. Descobriu que no Brasil, Lian torcia pelo Flamengo assim como ele e que o que mais gostava quando ia visitar a cidade maravilhosa eram as praias. Foi uma amizade à primeira vista. Foi Lian quem ajudou Joshua a se instalar naquela cidade tão turbulenta. Tão movimentada. O centro financeiro do mundo. Mas as coisas não iam bem nem em Nova York nem em todos os lugares do mundo. A crise financeira mundial chegou como uma grande avalanche levando tudo que via pela frente. Obama recebeu os Estados Unidos de uma forma que ninguém imaginou que um dia poderia estar. Pessoas perdendo casas, empregos e principalmente os brasileiros e todo tipo de estrangeiros.

Lian não estava e Joshua deixou um recado com a secretária para que entrasse em contato com ele ou ligasse para o seu celular.

Então saiu um pouco da sala tomou um pouco d’água e conversou um pouco com July até para saber se estava tudo bem.

Ao retornar para sala percebeu que estava chuviscando e viu que, realmente, aquele não seria um dia bom.

Por volta das 13h45min saiu para almoçar. Lian havia enviado uma mensagem que estaria no Dean & Deluca a espera do amigo. Sempre que podiam saiam para comer algumas guloseimas e apreciar a grande variedade de presentes que esta fantástica loja tinha a oferecer, adorava ver aqueles toldos verdes que lhe traziam a memória algo natural em meio aquela loucura que era Nova York. Mesmo já morando na grande maça, Joshua se sentia um eterno turista. Não conseguia ver tudo que aquela cidade tinha a oferecer. E que tinha novidades para contar.

Enquanto esperava o metrô, Joshua começou a se lembrar da sua infância no Rio de Janeiro. Das dificuldades que passou sendo de uma família humilde e da saudade que sentia de sua mãe. Ela falecera dois anos após o casamento de Joshua com Megan. Lembrava como se fosse há dias atrás: ele havia ido visitá-la e ao se despedir sentiu algo muito estranho. Sua mãe já estava doente há tempos e todos sabiam que de uma hora para outra algo grave poderia ocorrer. No outro dia pela manhã Joshua recebeu uma ligação onde recebeu a pior notícia de toda sua vida. Sua mãe sempre foi muito amiga. Sempre esteve com ele em todos os momentos. Era ela que lhe dava apóio. Chegaram até a serem sócios em uma micro confecção. Ela era costureira e fazia as roupas que Joshua vendia na faculdade. Roupas femininas. Mas Joshua sabia que sua mãe estava sofrendo muito e que o fato ocorrido trouxe paz para ela. Queria muito estar no Brasil. Almoçar aquele feijão com arroz que só brasileiro sabe fazer.

O celular tocou e era Ruth sua vizinha. Queria saber se chegaria cedo naquele dia para ajudá-la a montar um móvel que havia comprado.

Ruth era casada com um alemão de nome Yuri. Homem muito alto e muito sisudo, mas de um coração que Joshua nunca havia visto. Trabalhava em Staten Island onde administra uma loja de objetos voltados a moda praia já que lá não há muitas indústrias e é predominantemente uma região residencial. Yuri só está em casa na segunda e terças-feiras dias em que quase não há vendas já que os turistas e banhistas começam a trazer movimento para as lojas da região próximo aos finais de semana. Ruth é professora da City University of New York onde leciona literatura. Os dois se aproximaram mais de Joshua após ela ter tido contato com o livro que ele havia lançado no Brasil e que acabara de ser traduzido para a língua inglesa. Ruth adorou saber que morava perto de um escritor e o melhor: Um brasileiro. Seu marido adorava ver o campeonato italiano só pra prestigiar os jogadores brasileiros. Yuri adorava futebol mesmo sem saber jogar direito.

Joshua tratou com Ruth de ir montar o móvel no final de semana já que teria todo o tempo do mundo para isso. Lembrou-se neste momento que quando estava no Brasil nunca tinha os finais de semana livres já que necessitava usa-los para estar com sua família. Não que não gostasse, mas agora os usava para escrever. Essa era sua paixão.

Chegando ao Dean & Deluca, encontrou Lian lendo um livro sobre alimentação macrobiótica e se aproximando percebeu que um de seus pacientes estava no caixa. Distanciou-se um pouco para que ele não percebesse a sua presença. Não gostava de ter encontros com os pacientes fora do consultório. Isso poderia estragar a veracidade do estudo que estava participando com os “grandes pensadores” da universidade de Columbia, a mais antiga instituição de ensino superior da cidade antes chamada de King’s College.

A conversa com Lian transcorria tranquilamente até Joshua perceber que seu amigo não se sentiu a vontade quando fora perguntado sobre sua esposa. Lian estava tendo problemas com Thamara. Problemas de origem sexual. Problemas de origem sentimental. Problemas que Lian nem imaginava que ocorriam com vários homens de várias idades e de várias nacionalidades. Desde que casou Lian tinha uma atividade sexual muito ativa com sua esposa. Como ele sempre dizia: sexo era como comer e respirar. Mas de uns tempos para cá Thamara o estava evitando. Na verdade isso começou a ocorrer desde o nascimento de João Manuel. Tudo mudou na vida de Lian depois que aquele pequenino e barulhento ser chegou a sua casa. Lian amava seu filho, mas sabia que ele foi o grande causador de uma mudança que ele não conseguia compreender. Thamara o evitava na hora do sexo. Não que ela havia deixado de amá-lo. Nem ela sabia por que estava agindo assim. Mas não sentia falta de sexo. Já Lian... Como dizem no Brasil: Ficava subindo pelas paredes.

Lian percebia sinais que Thamara queria alguma coisa com ele, mas quando chegava na hora H, não era bem assim. Aí o mundo vinha abaixo. Nunca havia falado isso com ninguém, mas naquele dia no Dean & Deluca, resolveu confiar em Joshua até porque era uma pessoa que logo iria sair do seu convívio. Para sua surpresa Lian ouviu do seu amigo brasileiro que ele também passava por isso e que conseguiu entender o que ocorria e que agora não sentia falta de sexo com antes. Estava sem ver Megan já há quase oito meses e não sentia nenhuma falta de ter relação sexual. Sentia saudades da esposa. Lian não quis entender o que o amigo estava explicando. Achava que Joshua não havia compreendido direito o que ele estava passando. Mas Joshua sabia sim o que era isso. Um dia também achou que era o único homem no mundo que passava por estas coisas até começar a conversar com alguns amigos e perceber que isso era uma situação corriqueira. Até em grupos de sexólatras anônimos havia ido achando que era compulsivo por sexo. Mas que nada! Conversou com sua esposa e percebeu que nem tudo na vida é sexo. Principalmente para as mulheres até por que um estudo comprova que as mulheres preferem uma barra de chocolate por uma noite de sexo.

Lian mudou de assunto e começou a falara sobre a crise mundial. Sobre a crise imobiliária que estava afetando os Estados Unidos.

Depois de algum tempo de conversa, Joshua percebeu que teria que voltar ao consultório.

Joshua gostava de caminhar pela cidade. Sabia que logo estaria indo embora e queria guardar cada esquina, cada loja, cada momento. Gostava de estar ali e se não fosse pela saudade da família. Nunca mais sairia dali. Ali ele tinha paz, tinha um momento só dele. Era como se estivesse vivendo um estado de êxtase.

Phillip já estava na sala de espera onde tocava no som ambiente músicas de bossa nova. Joshua gostava do ritmo e sabia que este tipo de música trazia um pouco da sua terra natal para o local de trabalho.

July de tanto ouvir as músicas até arriscava acompanha-las mesmo sem entender bem o que dizia. Assim como no Brasil pessoas acompanham músicas em inglês sem ter nenhuma noção do que estão querendo dizer.

Joshua entrou na sua sala, parou de frente a janela. Olhou para a estátua da liberdade e deu um suspiro. Cada vez que a olhava de costa parecia que algo melhor estava por acontecer. Um sentimento de liberdade vinha sobre ele que o fazia sempre ficar ali a admirando. Pegou o telefone e informou a July que deixasse Phillip entrar.

Phillip tinha seus 35 anos e era casado. Filho de pai francês e de mãe espanhola. Cresceu ajudando o pai que era arquiteto e decorador. Viveu na França até seus 20 anos e, através da profissão do pai conheceu todos os bordeis motéis e hotéis da cidade de Paris. O pai se dedicou a cuidar da imagem destes estabelecimentos, pois viu nisso um grande nicho de mercado já que outros da sua profissão não gostavam de atuarem nesta área preferindo mais as casa e mansões.

Desde muito jovem conviveu com a pornografia, com o adultério, o mundo da prostituição. Gostava de estar naquele lugar mais ao mesmo tempo sentia falta de crescer como qualquer criança da sua idade. Brincando e descobrindo as coisas no tempo adequado. Próximo de um destes antros havia uma praça linda que Phillip sempre quis ir e ele sempre se recordava de se imaginar brincando naquele lugar. Mas isso nunca aconteceu. Até gostava de ir acompanhar o pai neste local específico só para apreciar a praça. Adorava ver as mulheres nuas e muitas vezes quase nuas. Gostava de espiá-las se trocando. Uma vez passou um grande sufoco. O pai ao estar negociando o preço do serviço, ouviu do dono do estabelecimento que caso ele quisesse teria uma das meninas a disposição do filho para que ocorresse um desconto. O pai o chamou e também a menina. Phillip então suou frio, pois, só tinha 12 anos e tinha todos os traumas possíveis de um adolescente. Tinha receio de não saber agir com a garota. Phillip cresceu com estes traumas. Cresceu procurando na pornografia uma forma de se relacionar com as meninas da sua idade. Tinha sim uma relação bem doentia com as coleguinhas do bairro e as primas mais novas. Tudo sempre bem às escondidas. Mas a idade adulta chegou e teve que parar com isso, pois afinal de contas isso no mundo moderno tem nome: pedofilia. Pedofilia é o nome dado ao que nossos avós e os pais de nossos avós fizeram ao se casarem com meninas ao invés de mulheres. Isso naquele tempo era algo dito normal. Mas já era pedofilia.

Com a idade adulta Phillip teve que se arriscar com mulheres. Mas sempre teve medo. Uma vez foi num desses prostíbulos onde antes ajudara a decorar e teve uma relação meio que doentia com uma das mulheres que lá estavam. Fora com um amigo e até então nenhuma das mulheres que estavam lá o havia atraído. Foi ao pedir uma bebida para a garçonete, uma loura estonteante, que sentiu uma atração acompanhada de uma coragem que o fez convidá-la para o quarto. Ao saber que era casada e que não estaria ali para nada relacionado a sexo foi que Phillip ficou mais excitado e a convenceu a acompanhá-lo. Claro que aquilo tudo fazia parte de uma encenação. E Phillip caiu. Apaixonou-se pela mulher e teve grandes pensamentos honrosos de tirá-la daquela vida. Quantos já não passaram por isso?

Casou-se. Teve uma filha. Mas os traumas o acompanhavam. E ali estava Phillip, na sala de Joshua já há seis meses tentando entender o motivo de tanto sofrimento. Gostaria de poder voltar no tempo e nunca, mas nunca mesmo ter acompanhado o pai em tais serviços. Em sua consciência, esse era o principal motivo. Mas o inconsciente é o que interessava a Joshua, Aquilo que não era dito. Ou melhor, era dito, mas sem que a consciência tomasse as rédias. Os atos falhos, os movimentos corporais e tudo que não é consciente.

Houve um silêncio bem longo durante a seção, mas fora interrompido pelo timer do relógio da sala que avisava que restavam apenas cinco minutos para o término do encontro. Phillip se levantou e deu um forte abraço em Joshua e saiu da sala sem falar uma palavra. Era assim que terminava sempre a terapia.

Joshua ficou sentado por mais um tempo já que Phillip era o último paciente do dia. O relógio já marcava 17:00 horas e July entrou na sala para saber se o seu chefe precisava de algo mais e também porque tinha que estar saindo logo para ir buscar o pequeno Paul. Joshua, como de costume liberou a menina para ir embora. Nunca gostou de fazer com que sua vida fosse motivo de atraso para outra pessoa. Foi quando se lembrou de um antigo chefe que tinha por hábito procura-lo sempre quando faltavam minutos para largar. E Joshua ficava louco por dentro, mas demonstrando que estava super interessado no que o homem tinha a falar. Mas isso era quando ele era bem mais novo. As lembranças eram algo que povoavam e muito a mente de Joshua. Encostou a cabeça na parede perto da janela e começou a se lembrar de várias coisas de sua vida no Brasil. Pensamentos bem diversos.

Foi quando o celular vibrou no bolso da camisa que Joshua se deu conta que estava dormindo. Já não estava mais com a cabeça apoiada na parede e sim com o corpo inclinado no grande almofadão. Era Louis a senhora que cuidava da casa de Joshua. Queria saber onde ele estava e o motivo da demora, pois já tinha preparado o jantar e como ele não havia telefonado para avisar que demoraria ficou preocupada, afinal de contas, já faziam seis meses de convívio diário e o tinha como um filho. Já passavam das 19:00 horas. Joshua se levantou num pulo e trancando o consultório se dirigiu para o metrô. O metrô ainda estava bastante cheio. Nova Iorque assim como outras grandes capitais exigia que seus moradores a honrassem com bastante trabalho já que ela lhes dava todas as regalias de se viver nela. No metrô, já a caminho de casa, se lembrou que não havia liberado Louis e ligou para casa, mas como ninguém atendeu, deu-se por satisfeito em saber que ela deveria ter ido embora. E confiando nisso decidiu parar no Old Town Bar e restaurante que fica na 45 com 18 st e encontrar alguns amigos brasileiros que sepre stavam por ali. Depois de pedir um suco e um hamburger, se dirigiu para a mesa onde gostava de ficar vendo TV para acompanhar as notícias. Percebeu que uma mulher muito bonita estava reparando nele desde que entrou. Ela era de pele bem clara e de cabelos ruivo, tinha na face um ar de ter sido uma criança bem arteira já que aquelas sardas bem avermelhadas traziam a Joshua à lembrança de uma amiga que parecia com a mulher e tinha sido bastante “levada” como se fala no Brasil, quando criança. Ele tinha algo a seu favor que todos os homens casados há certo tempo tem que é a certeza que aquela mulher era igualzinha a sua esposa com relação a como se comportaria caso ele se aproximasse dela fazendo que aquele sentimento de vergonha e medo que muitos homens solteiros e mais novos têm, não o atingisse. E foi isso que ele fez. Levantou-se e fez sinal para o rapaz que iria lhe trazer o seu pedido para que o mesmo percebesse que estava se dirigindo para uma outra mesa.

Apresentou-se e ficou sabendo que ela se chamava Sarah e que estava na cidade para tentar fazer com que sua carreira de repórter decolasse. Afinal de contas estava na grande maçã e tudo acontece ali. Era de origem italiana e sabia que seria difícil, mas também sabia que só conseguiria se corresse atrás de seu sonho. Joshua não tinha nenhuma pretensão de ter algo com ela, nenhum afer. Só queria conversar um pouco, pois a solidão o rondava todos os dias. A conversa foi ficando bastante agradável já que Sarah era bem nova, tinha apenas 25 anos e a alegria jovial emanava através daquele sorriso lindo e dos gestos bem espalhafatosos de uma verdadeira italianinha. Ela a cada intervalo na conversa dava uma golada na caneca que comportava um vinho tinto bem doce ajudando assim sua alegria ficar cada vez mais intensa. Joshua depois de ter feito seu lanche pediu um mocha que é café com chocolate já que não ingeria bebidas alcoólicas. O frio era intenso e tudo que ajudasse a se esquentar era de bom agrado.

Já passava das 24:00 horas quando Sarah, bastante tomada pelo vinho decidiu ir embora. E pediu para que Joshua a acompanhasse até a rua onde tomaria um táxi. Na verdade o pedido de ajuda foi para que ela conseguisse se manter de pé. Joshua vendo a situação da menina a convidou a dormir em sua casa já que estavam a duas quadras de sua residência. Ela com um ar de espertinha e fazendo sinal de não bem próximo ao nariz falava, ora em italiano, ora em inglês, que Joshua era muito do espertinho e que não conseguiria o que ele planejou durante toda aquela conversa mole no bar. Ele bastante preocupado e ignorando as vontades da menina conseguiu convence-la e a levou ao seu apartamento onde a colocou na cama e se acomodou, como na noite anterior, em seu aconchegante sofá by Furniture FX.

Por volta das 11:00 horas Sarah, com uma forte dor de cabaça, herança deixada pelo vinho, abriu os olhos sem entender onde estava. Levantou-se e começou a procurar vida naquele apartamento cheio de livros e papéis de anotações. Viu na mesa de centro uma foto de Joshua com a mulher e o filho e se lembrou como havia chegado até ali. Mas onde ele estava? Perguntava-se. Voltou para a cama, pois a cabeça parecia pesar mais de uma tonelada. Foi acordada com o tilintar das chaves que Joshua usara para abrir a porta do apartamento. Quando ouviu ele cumprimenta-la com um “boa tarde”, se deu conta que havia dormido novamente. Aquele maldito vinho fez com que a jornalista se sentisse como uma palhaça. Joshua havia feito compras e nem esperava vê-la em sua casa. Achou que ao acordar a menina se sentiria envergonha com a situação e sairia às pressas. Ele acordou bem cedo e foi à casa de Ruth para tratar sobre a montagem do móvel. Era uma sexta-feira bastante fria e o dia em que ele aproveitava para ficar um pouco consigo mesmo. Mas aquela sexta-feira havia começado um pouco diferente de todas as outras durante aqueles oito meses nas terras do Duque de Iorque. Aquela menina com os cabelos ruivos todos despenteado e com suas roupas todas amarrotadas estava ali, sentada em seu sofá comendo pão com queijo roquefort e tomando um café que ela nunca havia provando em toda sua vida. O café de Joshua. O café do Brasil. Joshua sentou-se numa poltrona bem a frente de Sarah e quis saber o que ela irá fazer agora, se ela queria ajuda ao ir para casa, não que a tivesse expulsando, mas nunca se viu numa situação como essa estando ele longe da esposa e, como um homem bem experiente, sabia que a porta que poderia levá-lo ao relacionar-se com alguém fora do casamento era, naquele caso, ruiva e cheia de sardas.

Começou a falar da esposa e do filho. Essa técnica nunca falhou para expulsar as mulheres. Elas não gostam de homens que ficam trazendo para perto a presença de uma outra mulher. Mas para a sua surpresa Sarah se interessava cada vez mais pela conversa. Pela forma apaixonada como Joshua falava sobre a esposa mesmo com tantos anos de convívio. Ele não entendeu nada e se levantou da poltrona passando a mão na cabeça como se tentasse buscar em sua mente algo para que Sarah fosse embora, mas na verdade não era isso que ele queria. Algo nela fazia com que Joshua se sentisse melhor. Era bom ter a presença dela por perto, mas ao mesmo tempo sabia que isso não era bom. Desde que a viu na noite anterior, sentiu uma vontade louca de estar perto daquela menina. Talvez fosse isso: a jovialidade. Um certo ar de inocência. Alguém que estava perto dele não pelo que ele era nem por ter um laço de anos ao seu lado. Alguém que ele pudesse sentir, novamente, o prazer da descoberta. Alguém que ele não soubesse nada. E esse alguém era aquela menina. Era Sarah.

Mas sabia que aquilo não seria certo. Nem com ele nem com ela. Nem com sua esposa nem com seu filho. Não seria certo e pronto. Tinha que fazer algo. Lutar contra aquele sentimento.

Sarah levantou e fez um movimento de dúvida sobre o que iría fazer passando a mão esquerda em seus cabelos e parando na nuca enquanto com a outra segurava a caneca decorada com detalhes de girafa by Moroak Husky que um amigo de Joshua lhe trouxe do Zoológico de Pretória, África do Sul. Colocou o objeto sobre a mesa da sala e de um modo bem peculiar, disse que já estava na hora de ir. Joshua teve naquele momento uma mistura de sentimentos. Não sabia se queria, realmente sua partida ou sua permanência.

Ele ficou ali, sentando sem ter muito o que fazer. Sabia que devia deixá-la ir. Era o que deveria ser feito. Recostou-se e em um momento estava no Brasil, sua mente sempre fazia com que em momentos de solidão ele fosse transportado para sua terra. Lembrou de quando conheceu sua esposa. Foi num shopping. Foram ao cinema e depois começaram a nomorar. Para ele foi amor a primeira vista. Ela era tudo que sempre imaginou.

Ouviu o celular tocando. Estava meio sonolento. Não sabia onde havia deixando sua jaqueta. O celular estava no bolso dela. Começou a andar pela casa e nada. Foi no banheiro e lá encontrou um pequena carteira de documentos da Versace e não acreditou. Teria que se encontrar com Sarah novamente. Com certeza ela apareceria em sua casa de novo. Mas isso não era mais tão importante. Encontrou a jaqueta e viu nas ligações perdidas que era Lian quem tinha ligado.

A manhã de sábado fez com que Joshua não quisesse sair da cama. A chuva era intensa e a preguiça se apossou de seu corpo. Mas trato é trato. Já fazia muito tempo que ele não se aventurava na montagem de um móvel mas aquilo que se aprende não se esquece mais.

Saiu da cama ainda arrastando o edredon estampado com a bandeira dos Estados Unidos. Presente de seu amigo Lian assim que chegou na terra do duque de York. As dez horas já estava atravessando o jardim da casa de Yuri. Ruth demorou muito para atender a porta. Estava com uma feição horrível. Parecia que não havia dormido a noite toda. E foi quase isso que aconteceu. Entraram e enquanto ela se encorajava para mais um dia tomando um banho, Joshua foi preparar um café. Intimidade. Característica de brasileiro. Durante o café, Ruth explicou o motivo de sua demora ao atender a porta, estavá muito cansada pois recebeu, no final da tarde, a visita de uma grande amiga e ficaram tomando vinho e conversando até tarde, ela teria sido sua aluna e acabaram se tornando amigas. Já havia muito tempo que não se viam. E foi ótimo aquele encontro. Mas Ruth esqueceu do trato feito com Joshua.

Enquanto transcorria o café Ruth com um ar de preocupada, disse que essa sua amiga estava muito chateada porque se apaixonou por um homem mas descobriu que ele era casado. Mas sabia que paixão damesma forma que vem, vai embora. Tentou ajudá-la mas ela não queria ajuda. Queria ficar acreditando que daria certo. Afinal de contas, quantos casais se separa? Quantos homens tem amantes?

Joshua ouviu mas não concordava com essa idéia de ficar sofrando por um sentimento não correspondido. Mas foi quando Ruth comentou sobre a profissão de sua amiga que ele quase se engasgou com a torrada que estava acabando de morder. Não poderia ser verdade. Era o cúmulo da coincidência. A amiga de ruth era Sarah. Sarah teria sido aluna de Ruth na City University of New York durante um curso sobre aprimoramento da escrita. Essa informação fez aquele homem tão certo de si, tão exato em suas metas ficar como uma adolescente com seu ego bastante cheio. Saber que uma mulher tão jovem havia se apaixonado por ele foi algo que não sentia desde que conhecera sua esposa. E ele sabia que esse sentimento era muito perigoso. É a partir desse sentimento que homens passam a se relacionar fora do casamento. O sentimento de estar enamorado. De começar a conhecer alguém, saber o que esse alguém gosta, seu temores, seus sonhos. Namorar.

Namorar era algo que Joshua, mesmo sabendoque seria muito legal, não poderia mais fazer.

Mas que depressa, se levantou e começou a se preparar para a montagem do móvel mas Ruth não parava de falar da amiga e desvendar para ele sentimentos de Sarah que ele não estava querendo saber.

Enquanto guardava as ferramentas na garagem ouviu Ruth tratar com Sarah ao telefone um almoço e que um amigo estaria também nesse almoço e poderia ajudá-la. Joshua mais que depressa terminou de guardar tudo e foi se despedir mas Ruth fez de tudo que pôde para ele ficar e comentou sobre a ajuda que ele poderia dar a sua amiga mas ele saiu pela tangente dizendo que não trava de assuntos do coração mas só os da alma.

No inicio da noite retornou a ligação de Lian que estava perdida no celular do dia em que Sarah esteve em sua casa e marcou de jantar no Baboo. Precisava falar com alguém e quem melhor que seu melhor amigo?

Quando foi abrir sua pasta de couro para deixá-la pronta para mais uma semana de trabalho, encontrou a carta que colocaram por debaixo de sua porta. Nem se lembrava mais da existência dela. Pegou-a e sentou para lê-la com calma.

O Baboo era um restaurante bem elogiado sob a chefia de Mario Batalli, o lugar é gostoso, onde brilham pratos leves e deliciosos como Tortelloni de queijo de cabra com laranja seca e pólen de erva-doce. Esse era o prato preferidode Joshua desde que chegara na antiga “Nova Amesterdã”, o restaurante fica na 110 Waverly Place, perto do Washington Square. E é de um bom gosto incrível.

Lian chegou querendo conversar, estava com problemas em seu casamento e necessitava falar com alguém. Esteve em uma situação de “quase adultério”. Ou seja, uma amiga do trabalho andava habitando por uma grande parte do dia a sua mente. Era algo atordoante. E naquele dia, pela manhã, Lian saiu de casa com a idéia fixa de que iría convidá-la para algo mais além do que só flertes no escritório. E o mais complicado de tudo era que esses flertes não partiram dele e sim da amiga do trabalho. Claro que isso fez com que Lian se sentisse o homem mais desejado do mundo. Seu ego estava bem inxado. Quando Lian respirou deixando alguns segundos de silêncio a disposição, Jpshua tentou fala também dos seus problemas, afinal de contas era para isso que havia convidado Lian. Mas isso era algo que Joshua já deveria ter se acostumado. Sempre o tinham como “o psicólogo”. As pessoas com quem convivia esqueciam-se de que ele também era um ser humano e não um super herói. Lian continuou contando seu problema até que Joshua quis saber onde ele queria chagar. E foi logo afirmando que não o apoiaria num adultério, se era isso que Lian queria ouvir. Normalmente quando uma pessoa procura outra para contar um problema ela tende a querer do outro um apoio para efetuar seu erro. E isso era uma coisa que Joshua não compactuaria nunca. Era totalmente contra ao ser humano se deixar ser governado pela suas fraquezas. Acreditava que temos que respitar as instituições, como por exemplo o casamento. O ser humano quando se sente carente de algo tende a ver no outro o detentor e solucionador de suas necessidades. O mais incrível de tudo era que Joshua estava passando por um momento bem semelhante ao de seu amigo e o conselho que Lian estava recebendo era o mesmo que Joshua deveria tomar para si. Mas sabemos que as coisas no mundo dos humanos não funcionam bem assim. Joshua tinha certeza do que o amigo deveria fazer. Não adulterar. Mas algo em Sarah mexia com Joshua de uma forma que ele nunca havia sentido. Já era casado a mais de dez anos e isso era uma novidade em deu “HD” de sentimentos. Não tinha um “programa antivirus” instalado em sua mente que soubesse como tratar de mal que o afligia. Mas sabia que deveria tomar para si o conselho que deu para Lian.

O jantar estava ótimo como sempre. E Joshua fez questão de ir elogiar o chefe Mario Batalli. Batalli é tido como o embaixador gastronômico da cidade e de é de um temperamento expansivo de um verdadeiro descendente de italianos. Joshua o conheceu através de um amigo que mora próximo a Batalli em Village. Joshua não pode deixar de prestar uma certa atenção quando foi apresentado a aquele homem com um vistoso rabo de cavalo e vestindo suas tradicionais calças pula-brejo e sandálias Croc laranja. Foi algo inimaginado além de saber naquele dia que aquele homem era um famoso chefe. Desde então sempre que vai no Baboo e sabe que Batalli está lá, faz questão de cumprimentá-lo.

Carlos Barreto
Enviado por Carlos Barreto em 05/11/2009
Reeditado em 09/11/2009
Código do texto: T1906466
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