A trajetória do Depeche Mode e sua influência na música gótica contemporânea

Posso ser execrado pelos aficionados pelo 'Synthpop', mas o Depeche Mode talvez seja um dos padrinhos do som gótico peculiar dos anos 80 e que, de certa forma, se estende até os dias atuais.

Essa banda inglesa formada em 1980 em Essex na Inglaterra, foi considerada como uma tentativa britânica de responder à influência dos alemães pioneiros da música eletrônica, o Kraftwerk.

A sua influência após o lançamento do álbum 'Black Celebration' em 1986, causa nos fãs, pelas palavras do compositor Martin Lee Gore: “uma sutil corrupção no mundo contemporâneo.”

Do embrião inconsequente do final dos 70’s e a aplicação da fórmula concisa do tecnopop perfeito a partir dos conceitos de Daniel Miller, no início dos 80’s, o Depeche Mode foi uma banda que envelheceu sem apodrecer.

Tendo na sua formação alguns integrantes essenciais, hoje a banda se resume a um trio: Dave Gahan, Martin Lee Gore e Andrew Fletcher.

Vince Clarke e Alan Wilder tiveram, sem dúvida, participações imprescindíveis no contexto da elaboração dos rumos que a proposta da banda iria trilhar. Clarke, por ser o compositor pioneiro e emplacar no primeiro album o hit: 'Just Can’t Get Enough'.

O segundo, por trazer gradativamente arranjos peculiares que definiriam o som do Depeche Mode na transição das idéias e das influências do grupo através das décadas.

Alan foi responsável por desenvolver alguns clássicos da banda, como as canções do álbum 'Violator' no início da década de 90 e o maior sucesso do grupo: 'Enjoy The Silence', composto por Martin L. Gore, mas produzido por ele.

Antes, em 1986, o Depeche Mode lança o album soturno e dramático: 'Black Celebration' que se torna rapidamente um divisor de águas na proposta do quarteto, abandonando o som eletrônico suave e o rótulo de "New Romantics", para uma nova abordagem com letras mais reflexivas e uma sonoridade complexa sem perder a característica do uso de samplers.

Esse album seria o ápice da transição e a banda nunca mais retornaria as origens, não obstante, aperfeiçoaria o novo estilo adotado.

No ano seguinte, em 1987 chega as lojas o álbum: 'Music for the Masses', que só reforça as mudanças no estilo e traz novos e exigentes fãs de música eletrônica e até mesmo do rock ‘n roll.

Os críticos aclamaram o álbum quase em unanimidade e o sucesso de vendas nos EUA foi extraordinário.

'Strangelove', 'Never Let Me Down Again' e 'Behind the Wheel' se tornam hits imediatos e são incessantemente tocados nas rádios do mundo todo.

Esse álbum gerou a tournée mais bem sucedida da banda que culminou com o álbum/filme: '101'. Até hoje, o melhor registro ao vivo do Depeche Mode.

Daí, ao auge gótico foram apenas 3 anos e o álbum 'Violator'.

O Depeche Mode se torna com maestria: “Pop e negro ao mesmo tempo”, afirmaria a revista 'Terrorizer', especialista no tema.

A banda se insere no universo gótico, trazendo-lhe novas tecnologias e as possibilidades oferecidas pelo sucesso comercial e sua abrangência junto aos jovens e apreciadores do “Movimento Gótico” ao redor do mundo.

Nesse álbum, a banda traz os sucessos: 'Enjoy the Silence', 'Personal Jesus' e 'Policy Of Truth', além de 'Clean', um elo distante entre 'One Of These Days' do Pink Floyd e o formato de músicas para dançar e refletir.

O sucesso do Depeche Mode, não se restringe mais a Europa, Japão e USA.

Alan Widler, arranjador e tecladista não leva os créditos pela inspiração que lança o Depeche Mode ao estrelato, e após a 'Devotional Tour' em meados dos 90's, a banda passa por um momento de turbulência intensa, culminando com a overdose e a tentativa de suicídio por parte do vocalista Dave Gahan, o que faz

Widler, optar pela saída da banda e dedicar-se exclusivamente ao seu projeto paralelo: Recoil.

Com o tempo, o Depeche Mode ficou cada vez maior e melhor, mais criativo, maduro e bem-produzido, tomando uma vantagem enorme em cima de seus concorrentes conterrâneos como o Pet Shop Boys, New Order e o Soft Cell e até sobre o próprio Kraftwerk, sendo considerado influência para diversas bandas, como: Smashing Pumpkins, Marilyn Manson, Ministry e Nine Inch Nails.

As bandas góticas passaram a utilizar samples e sintetizadores, em substituição às guitarras e baterias, mostrando como seria a cara do estilo, as margens do Século XXI.

Seu álbum mais recente, 'Sounds Of The Universe', foi lançado em 2009, e traz: 'Wrong', 'Fragile Tension' e 'Peace' como músicas de trabalho, com seus respectivos clipes fazendo parte da programação regular da Mtv.

#Discografia:

*Álbuns de estúdio:

Speak & Spell (1981)

A Broken Frame (1982)

Construction Time Again (1983)

Some Great Reward (1984)

Black Celebration (1986)

Music for the Masses (1987)

Violator (1990)

Songs of Faith and Devotion (1993)

Ultra (1997)

Exciter (2001)

Playing The Angel (2005)

Sounds of the Universe (2009)

*Álbuns ao vivo:

101 (1989)

Songs of Faith and Devotion Live (1993)

*Fontes:

Baddeley, Gavin: 'Goth Chic'

Dimery, Robert: '1001 discos para ouvir antes de morrer'

Wikipedia.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 26/01/2010
Reeditado em 17/11/2014
Código do texto: T2051900
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