Do meu Reveillon a uma folha de papel

Conto nos dedos das mãos quantas vezes visto uma roupa bonita, coloco um salto, faço uma boa maquiagem, e saio pra me divertir. Não sei se é uma opção minha ficar em casa enquanto todos estão por aí rebolando sua alegria, beijando na boca, e respirando, como se fosse o último ar. E vivendo, como se fosse o último dia...

Eu já quis essa vida... mas já faz tanto tempo, e me negaram tanto, que acabei me conformando em ser isso que me tornei. Mas não gosto dessa coisa quando olho no epelho... ou quando fecho os olhos...

Onde foi parar o meu sorriso, e toda aquela sinceridade que habitava meu olhar? Isso faz falta. Toda a minha espotaneidade se perdeu. Faz muita falta.

Por outro lado, isso me permitiu momentos de rflexão. Eu me perco em meus pensamentos. Tornei - me mais crítica... mais seletiva com as pessoas qu quero perto de mim... Apesar da solidão que isso me causa muitas vezes... Mas esta não é de todo um mal. Pode até ser a melhor das companhias. Basta sentí - la.

Acontece que a gente cresce. A vida nos obriga a isso. E aquilo que nos tornamos não agrada a todos. Há sempre um bombardeio de críticas e críticas. Eu não vejo a hora de ficar "adulta". Por que tem sempre alguém querendo me proteer sabe - se lá de que... Tem sempre alguém disposto me cuidar, e a cuidar da minha integridade moral. GRANDE MERDA! O que eu sou é o que está dentro de mim. E isso, ninguém pode ver... Ninguém pode sentir por mim, nem viver por mim... Deviam, então, só aceitar que tenho o direito a ter vida própria!

Nas poucas vezes em que fui bonita na minha vida... nas poucas vezes em que me senti bonita...fizeram o favor de me tirar do ar. Fizeram a baixeza de me expulsar de um local de risos e esperanças... Fizeram - me sentir que é pecado estar alegre! Fizeram - me acreditar que vou para o inferno qualquer dia...

Eu já não me importo!

A Solidão me tem sido tão fiel e companheira quando eu preciso. Por tanto tempo eu não precisei de mais ninguém.

No dia em que conseguirem ver em mim uma pessoa de carne, osso e sentimentos, eu volto a viver com eles. A ser alegre com eles. Por enquanto, fecho - me aqui no meu mundinho, - feito de sonhos e poesia - com um sorriso quase alegre... um olhar quase expressivo... e uma vida quase viva...