DE JORNALEIRO A JORNALISTA - uma história de vida (A INFÃNCIA)

A INFÂNCIA

Nasci no bairro do Morro da Liberdade, mas fui criado até os nove anos, no interior do Estado do Amazonas, na localidade de Varre-Vento, no Distrito de Itacoatiara. Meu nome d

Tive uma infância feliz e uma adolescência cheia de muita alegria, em uma família pobre de nove irmãos. Sou o quarto filho. Meu pai, Pau-lo homem rude, trabalhava do nascer ao-pôr-do-sol. Juntamente com minha mãe, Josefa, eram agricultores e batismo é: Carlos Alberto Bezer-ra da Costa, amavam a terra como parte da vida deles. Eram analfabetos funcionais. Meu pai e minha mãe lutaram muito para garantir minha sobrevivência,, meus estudos, enfim possibilitar que eu chegasse aonde me encontro hoje.

Quanto aos meus irmãos, a que me proporciona mais recordações é Ivete, que morreu quando eu era criança. Ela foi sepultada no quintal da nossa casa pelo meu pai, que também fez o caixão e cavou a sepultura.

Tive três sonhos com minha irmã. Não eram sonhos de Ícaro, perso-nagem da mitologia grega, que criou asas e rumou com destino ao sol.

No primeiro, ela aparecia dizendo que nosso pai tinha cavado uma sepultura em cima de um olho d´água.

No segundo, voltou a reclamar de novo e pedir que meu pai a retiras-se de lá e a colocasse em outro lugar.

No terceiro, ela deixou o caixão e um punhado de terra molhados em cima de uma geladeira velha, a gás, que havíamos comprado.

Nunca contei esses sonhos para o meu pai. Hoje, o lugar da sepultura dela não existe mais. Foi levada por sucessivas quedas de terra.

Quando criança, sonhava que criava asas e saía voando por sobre des-filadeiros e penhascos. Ao começar a cair, alguém me segurava e me puxava para cima. Nunca entendi direito o significado desse sonho, mas sabia que ele significava algo.

Cheguei a ser tido como morto por três vezes. Na primeira, caí no rio Solimões, me tiveram como morto e prepararam meu enterro, mas voltei à vida, já dentro do caixão. Indaguei o que estava acontecendo; a segun-da foi devido a uma febre muito alta e eu tive convulsões e também de-clararam minha morte, mas voltei à vida; a terceira foi conseqüência de um suposto rato que teria mordido minha cabeça dentro de uma rede. Minha avó estava certa quando dizia:

- Esse menino vai viver muito, ainda, teria dito minha avó, Lucila Torres da Costa, com o que concordou minha tia, Terezinha da Costa Amaral, mãe e irmã do meu pai.

Ao me indagarem o que eu tinha ido fazer no fundo do rio Solimões, respondi:

- Fui amarrar os bodes do meu pai. Só havia uma questão: não havia criação de bodes na fazenda. Havia algumas cabeças de gado que nos sustentavam com o leite diário. Então, como eu poderia ter respondido tão rápido que tinha “ido amarrar os bodes do meu pai”?

Depois desses três episódios, fiquei tomando um remédio chamado de “jalapa drageada” ou “pílula da vida” até os meus sete anos. Depois, parei.

A concretização dos meus sonhos de Ícaro ocorreu mais tarde, em dois momentos distintos: o primeiro, quando passei a viver na família de Theomário Pinto da Costa e Dulce Fernandes Neves Pinto da Costa.

Depois, quando passei a trabalhar por 23 anos ininterruptos com o administrador de empresas e empresário Francisco Saldanha Bezerra. As famílias Costa e Bezerra, pela ordem, concretizaram meus sonhos. A primeira, dando-me uma direção firme e determinada. A segunda, con-cretizando os meus sonhos de realização profissional e de consumo.

A primeira família ensinou-me a ter gosto pelos estudos; o empresá-rio ajudou-me a concretizar meus sonhos materiais.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 05/03/2010
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