Luanda,cheiro de África.

Parece que foi ontem que pisei pela primeira vez o solo Africano,ou melhor Luanda. O comandante Sabinvi tinha falecido,ou melhor,tinha sido abatido á apenas dois meses. O 747 da TAAG abriu suas portas, estavamos no Aeroporto 7 de Fevereiro em Luanda, oh! o cheiro de África não esquecemos mais,como o adolescente encontra a sua paixão e sem esperar dá o seu primeiro beijo. Seus lábios ficam com aquele sabor,doce e não sei o que mais, é hilariante. Esse cheiro ainda hoje está nas minhas narinas,cheiro de África,a humidade e o cheiro da terra vermelha marca para as nossas vidas é como a atração magnética que sempre puxa o ponteiro da bússula para o Norte assim é o feitiço dessa terra unica,África. No Natal anterior tive o previlégio de encontrar um grupo de jovens africanos que estavam em Portugal em digressão de divulgação do seu, recente editado,CD de musica à Capela. Estiveram na minha cidade,Leiria,e de seguida seguiam para o Porto para entrarem no programa direto do Luis Gouxa. quando terminaram no órfeão em Leiria foram-me apresentados reparei que planeavam comer umas sandochas e seguirem para o Porto. Convidei-os a irem a minha casa comerem o que tinha sobrado de meio cabrito que eu tinha assado no forno e assim foi, isto que estou a contar será o enquadramento para o que aconteceu depois,extraordinário. O que me levou a Luanda era a montagem de uma cobertura metálica no estádio da Cidadela. Quando me apresentaram aos Eng. da obra foi-me dito que os trabalhos só dois dias depois iriam ter inicio,Ok tinha tempo para conhecer a cidade. Foi-me destacado um carro com motorista que eu aproveitei para entregar uma encomenda especial que uma amiga antes de eu partir pediu que eu levasse, um saco de medicamentos para um programa de ajuda humanitária tudo bem, só que o seu destino era para o sul, Huambo,que eu pensava ser já ali,mas eram 600 Km de distância. Ao chegar ao escritório da organização não governamental,ADRA Internacional para a sua entrega, por supôr que iria apanhar uma grande seca dissera ao motorista que fosse visitar a familia que morava por ali perto num busseque. Ora eu previa demorar o que não aconteceu,após a entrega dos medicamentos perguntaram-me se eu tinha transporte de regresso,simpatia de Angolano careterístico desta gente,simples e humilde mas fraterna. Aleguei que tinha dispensado o meu motorista,o diretor pergunta a alguém se tinham algum carro que saísse para os lados da Cidadela,apresentaram-me o deputado Dr.Fausto Paiva,acompanhei-o ao carro,surpresa ao chegar á rua esperava-nos um sumptuoso carro de executivo acompahado por batedores da polícia,e lá fomos. Durante a viagem fomos conversando,temas variados,o deputado mostrava a simpatia normal á situação com algumas reservas na afinidade,que eu compreendi afinal eu era um forasteiro a viajar em classe VIP. Às tantas o tal Dr.Paiva pergunta-me se gostava de musica africana,ao que eu assenti que sim inclusivé em Portugal tinham estado em minha casa os tais moços,e contei-lhe do tal programa de Natal. O gajo manda um berro: Você é o tipo do cabrito? Perguntou-me ele,-É que o baixo do grupo African Voice é meu filho. Incrivél não é,o homem era o pai de um dos cantores que ao regressar a Luanda contara como foram recebidos. Bem o resto foi festa, o tipo fêz questão de o acompanhar numa visita á assembleia nacional mostrou-me Luanda a marginal a ilha a fortaleza o lixo da cidade,pois nessa altura as avenidas fediam,é esse o termo,com montanhas de lixo por todo o lado,hoje não a cidade não parece a mesma rejuvenesceu. Com tantas voltas esquecemos que o motorista estaria á minha espera na rua Rei Kataiavala,o Dr.Paiva liga ao escritório para dizerem ao motorista ir embora que ele fazia qustão de me levar á cidadela.Os responsáveis da obra estavam preocupados pela minha demora,como é óbvio,quando eu apareço em apóteose escoltado por batedores e saio do carrão do deputado,pessoas muito respeitadas por aquelas bandas,e o Dr. Fausto Paiva,figura muito conhecida,me dá aquele abraço de despedida,todo o mundo ficou de queixo caído,então o "tuga"tem grandes conhecimentos,ficaram todos a pensar quando a comitiva deu meia volta. As voltas que o mundo dá. Um abraço Luanda.