ENTRE CONCURSO LITERÁRIOS

Machado de Assis já havia lançado três livros de versos, mas continuava um poeta pouco popular, bem distante da intimidade que havia, por exemplo, entre Gonçalves Dias e o público. Prova disso, foi o resultado de um plebiscito organizado pelo jornal de Valentim Magalhães. Em 1885, A Semana lançou a idéia para se escolher o melhor poeta do Brasil. Para votar, bastava que o indivíduo escrevesse num pedaço de papel o nome desejado e depositasse seu voto numa urna, que ficava na sede do jornal. Durante algum tempo, recolheram-se as cédulas; inúmeros poetas foram lembrados, sobretudo os já falecidos. Dentre os vivos, apenas Luís Delfino teve boa votação. O resultado final indicou o nome de Gonçalves Dias como o grande vencedor, tendo recebido cento e quarenta e seis votos. Em segundo lugar ficara Castro Alves, com cento e oito. E Machado de Assis? Bem, o autor das Crisálidas não recebeu nenhum voto...

Joaquim Maria ainda participaria de um outro concurso literário neste ano, dessa vez como jurado. Em maio de 1885, falecera o grande escritor Victor Hugo, considerado por muitos como o maior homem de letras do século. O seu óbito teve ampla repercussão na imprensa carioca e o jornal A Semana, para homenagear o escritor, resolveu lançar um concurso de sonetos em sua memória. O vencedor ganharia uma coleção de livros do autor, luxuosamente encadernada. Parece que o concurso não teve grande divulgação, pois apenas quarenta e cinco sonetos foram inscritos. Além de Machado de Assis, o corpo de jurados era formado por mais duas pessoas: Lúcio de Mendonça e a escritora Adelina Lopes Vieira, que era cunhada de Filinto de Almeida, um dos diretores de A Semana. Ao cabo do julgamento, venceu o soneto de número trinta e dois, coincidentemente, escrito pelo próprio dono do jornal, Valentim Magalhães!

A experiência de Machado de Assis como jurado de concursos literários não terminaria por aí. Três anos depois, novamente ele exerceria tal função num concurso promovido pelo jornal Novidades. Dessa vez, o vencedor seria aquele que melhor traduzisse dois sonetos do poeta francês José Maria de Heredia. Nessa ocasião, também foram jurados o poeta Luís Murat e o companheiro de repartição de Joaquim Maria, Artur Azevedo. O concurso foi vencido por Mário de Alencar, jovem de apenas dezessete anos, filho de José de Alencar, e que se tornaria um dos grandes amigos de Machado de Assis.