15 anos – Minhas primas ao completarem esta idade ganhavam, de presente, um anel solitário de brilhante. Eu achava o máximo e esperava também ganhar o meu.
1969 – No dia 06 de setembro daquele ano já distante, o solitário não veio. Talvez ninguém soubesse que eu sonhava com ele.
Caçula de uma família de cinco filhos, todos já adultos, papai idoso e doente o máximo que pode fazer foi uma festinha em família.
1974 – Curso o 2º ano da faculdade de Psicologia, já custeio meus estudos e continuo sonhando com o meu solitário.
Morre um tio; pobre, solteiro e sem filhos. Deixou-nos de herança uma cautela da Caixa Econômica Federal onde havia empenhado algumas jóias.
Meu irmão paga o resgate e recupera o que seria a nossa “herança”. E é através de um pregador de gravatas que surge o meu solitário. Sim, usando a pedra de brilhante que adornava a sua jóia pude realizar o meu sonho e me sentir feliz.
1995 – Hoje, com 41 anos, ainda relembro com emoção e ternura o momento em que coloquei meu anel no dedo e com orgulho me presenteei.
 
Texto escrito para Revista Nova – Uma jóia em minha vida – Novembro de 1995.