)i(::: me emociono com a saudade e me encanto com a solidão...

O sol apareceu com vontade, mais dentro do quarto o frio do ar e mesmo assim pela frecha da janela seu raio beijou meus pés como que me dizendo “bom dia menina... Há vida nesse novo dia, nada parou enquanto estavas dormindo.” O lençol, que protegia meu corpo do frio de repente não se faz mais necessário... Na parede ao lado do leito um enorme espelho, e meu reflexo olhavam-me com certo cuidado e carinho... Ao natural, meus olhos percorriam cada falha e cada curva, cada pedacinho que nem mesmo eu um dia olhei com tamanha calma e ate admiração...

Admiração por estar aqui, por ter vencido tantas batalhas, mas enxergo cicatrizes profundas que me serão eternas lembranças de dores e lagrimas... Uma caricia, um toque na intenção de achar que é irreal, mais a vida me marcou na certeza de me fazer acreditar que o sofrimento é necessário para melhorar a visão do que há em volta e daí oferecer mais valor em pequenos gestos, em pequenas dedicações...

O sofrer é na verdade a vida ensinando ate onde ir, compreender porque alguns mentem, porque outros sofrem pelo desejo de gostar de sofrer, respeitar os vícios que outros buscam de fazer sua realidade mais leve depois de algumas doses de álcool e então a alma se agita e chora sozinha dentro de um corpo que se faz forte mais que no fundo não passa de um bebê que sente medo do escuro e da solidão...

Mais o espelho me trouxe tua grande imagem sob mim e uma lagrima discreta cai...
Levanto-me no impulso, caminho pela casa abrindo as janelas... A alma nua caminha entre os cômodos sem nenhum tipo de moral, portas e janelas e o vento me abraça... Meus cabelos se agitam e um espirro que me sufoca pelo grande abraço do vento que me afoga pela surpresa de sua forte intensidade a me envolver... Um minuto me permitindo esse sentir.

Enquanto o café é mergulhado pela água quente e exala a casa com o seu odor, um banho matinal demorado, cabelos, corpo, pés... Um tipo de creme para cada lugar... Agora o cheiro do corpo se mistura ao do café... Uma toalha abraçando o corpo e outro envolvendo os cabelos... Uma xícara de café, a rede solitária na varanda se ouve “Zizi Possi cantando – E chiove.” Meus olhos se enchem d’água e me emociono com a saudade e me encanto com a solidão...