O erro e o nada

Não ando tendo muito tempo pra pensar no que fazer. Vou lá e faço. Se errar, errei. O nada não me pertence.

Não preciso do entendimento dos outros. Nem que os outros me entendam para posteriores explicações aos desavisados. Sou o acontecimento real e inviolável do meu pensamento. Não nasci apenas para viver. As vezes me sinto estuprando a vida. Agressivo? Pode ser. Realismo choca.

Se há uma coisa que me exaspera é ter que acordar cedo e no final do dia perceber que nem sempre isso vale a pena. Existem pessoas que acordam cedo demais e se perdem na realidade concreta da vida. Prefiro acordar um pouco mais tarde e ver que há ainda uma chance. Ainda.

Sinto, muitas vezes por segundo, um gosto açucaradamente perturbador do nada que me invade pelos ouvidos e canta uma canção silenciosa. Nessa hora, exatamente nessa, penso que a filosofia que tira dessa onda de mediocridade que nos cerca. Tiro a roupa da conveniência e sumo na força das palavras. Se errei, não sei. O que importa é a sensação luxuriosa da liberdade de pensar. E o nada que se foda!

Não me limito pra poder agradar, apesar de ter uma língua defeituosa que pode falhar quando solicitada. Por medo? Sim! Medo, covardia, bestialidade, incapacidade de enfrentar. Mas eu enfrento o que me acrescenta. O que me desgasta, faço como faço com a vida. Já escrevi logo acima...

Tenho gente bonita, feia, drogada, puta, escrota, medíocre, sábia, vagabunda, perfeita ao meu lado. Vendo pela imperfeição da humanidade, me sinto melhor do que aqueles que muito escolhem e nada têm. Nesse caso, o nada é consequência.

Posso fazer tudo o que eu quiser. Mas será que tudo me convêm? Pode ser que eu vá pra perto do Pré-Sal sem poder olhar verdadeiramente para o que eu sempre quis. Mas pode ser também que eu tenha me poupado de toda forma de desilusão. A gente se ilude demais.

Quero, antes de mais nada, o desabafo de ter errado a ter a sensação de não ter feito nada pra perturbar, para incomodar, pra fazer feliz. Pra amar o que mais me incomoda.

Resposta para as coisas que sinto? Passa depois, pois agora não terei tempo pra me explicar. Já errei, já senti o nada. Agora chegou a hora de ir andando pra ver se ainda há tempo de me salvar. Que salvação é essa? Também não sei. Tenho em mim o apocalipse da vida. Tenho em mim a vontade de ser eterno.

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 12/12/2010
Reeditado em 13/12/2010
Código do texto: T2667976
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