Meu nascimento

Nasci no dia 11 de fevereiro de mil novecentos e sessenta e três na Rua Clião Arouca número 32 Acupe de Brotas Salvador Bahia. O lugar era conhecido como a chácara da finada Dona Maria das Cravinas, a casa até hoje existe e foi tombada pelo patrimônio Artístico Cultural.

Conta a minha mãe que no dia anterior era muito sol e que começou a sentir as dores do parto a noite e lá pra uma duas horas da madrugada, ela acordou meu pai e pediu que chamasse a parteira Dona Clara e a vizinha ao lado Dona Jovina enquanto ele ia chamar um táxi pois não concordava com nascimento dentro de casa.

Enquanto meu pai saia desesperado em busca do automóvel as dores apertavam e exatamente por volta da hora do meu nascimento começou a chover, trovejar e relampejar as três da madrugada nasci, diz que sai chupando dedo, quando acabei de nascer meu pai chegou com o motorista só que para surpresa dos presentes, Dona Clara disse que teria mais coisa ai pra gente seu Jura era minha irmã gêmea idêntica que nasceu do mesmo jeito só que morta, depois de todo esse reboliço a tempestade passou.

Meu pai decidiu me chamar Claristela em homenagem as avós e penso eu que indiretamente a Dona Clara que me ajudou a chegar ao mundo, morei lá até meus sete anos ela gostava muito de mim, mais tarde minha mãe revelou que ela fazia os partos mediunizada com um índio chamado Jonas de Catingoiá.

Não é a toa que sou filha legitima de yansã.

E esse ano aqui em Fortaleza tudo se repetiu as três horas da madrugada.

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 12/02/2011
Reeditado em 16/07/2020
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