Josué Montello

Josué de Sousa Montello, jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo e memorialista, nasceu em São Luís, MA, em 21 de agosto de 1917. Eleito para a Cadeira n. 29 em 4 de novembro de 1954, na sucessão de Cláudio de Sousa, foi recebido em 4 de junho de 1955, pelo acadêmico Viriato Correia.

Filho de Antônio Bernardo Montello e de Mância de Souza Montello. Estudou em São Luís, na escola Modelo Benedito Leite, onde fez o curso primário, e no Liceu Maranhense, onde concluiu o curso secundário, destacando-se como primeiro aluno de sua turma. Ainda no Liceu Maranhense, dirigiu A Mocidade, periódico da juventude escolar do mesmo ginásio, onde publicou seus primeiros trabalhos literários. Em 1932 integrou a Sociedade Literária Cenáculo Graça Aranha, em que se congregaram os novos escritores do Maranhão de filiação modernista. Até 1936, colaborou nos principais jornais maranhenses, notadamente A Tribuna, Folha do Povo e O Imparcial. Nesse ano, mudou-se para Belém do Pará, onde publicou, de colaboração com Nélio Reis, seu livro de estréia. Foi eleito, aos dezoito anos, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Ainda na capital paraense, colaborou em vários jornais e revistas, sobretudo O Estado do Pará. No fim de 1936, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Integrou, logo a seguir, o grupo intelectual que fundou o Dom Casmurro, na fase dirigida por Álvaro Moreyra. Colaborou assiduamente nesse semanário literário, no mesmo período colaborou regularmente em Careta, O Malho e Ilustração Brasileira. E mais nos suplementos dominicais de A Manhã, O Jornal, O Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal do Commercio. Por mais de um ano exerceu a crítica teatral do jornal A Vanguarda.

Em 1937, foi nomeado Inspetor Federal do Ensino Comercial, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, inscreveu-se no concurso de Técnico de Educação, do Ministério da Educação, com a tese "O sentido educativo da arte dramática", obtendo uma das mais destacadas classificações. Foi nomeado para o cargo em 1939. Em 1941, publicou seu primeiro romance, Janelas fechadas. Em 1943, foi professor do curso de Organização de Bibliotecas, do Departamento Administrativo do Serviço Público. No ano seguinte, a convite do Dr. Rodolfo Garcia, diretor geral da Biblioteca Nacional, planejou a reforma geral de nosso principal instituto bibliográfico. Em 1944, instalou em bases modernas os cursos da Biblioteca Nacional, de que foi a princípio coordenador e a seguir diretor. Foi professor da cadeira de Literatura Portuguesa do curso superior de Biblioteconomia, logo a seguir. Em 1947 foi nomeado diretor geral da Biblioteca Nacional. Ampliou-lhe as instalações; organizou em bases modernas as suas publicações; iniciou a divulgação das principais peças iconográficas da instituição, instalou o serviço de microfilmes; dotou-a com o primeiro serviço de laminação Barrow que se instalou no país para a conservação de documentos; fez restaurar algumas de suas coleções mais valiosas, como a de gravuras originais de Albert Duhrer. Ainda por sua iniciativa, promoveu na Biblioteca Nacional as primeiras grandes exposições em moldes modernos, a primeira das quais, a Exposição Goethiana, contou com o patrocínio da Academia Brasileira de Letras. Exerceu, cumulativamente, a direção do Serviço Nacional do Teatro.

Em 1946, a convite do governo do Maranhão, fez o plano da reforma do ensino primário e normal do Estado, que a seguir se converteu em lei. Ao tempo da interventoria Saturnino Belo, exerceu o cargo de secretário-geral do Maranhão. Em 1953, a convite do Itamaraty, inaugurou e regeu por dois anos a cátedra de Estudos Brasileiros da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, no Peru. Organizou, no correr de sua atuação na mais antiga Universidade do continente, a primeira Exposição de Livros Brasileiros que se realizou no Peru. Em 1954, recebeu da mesma universidade o título de seu Catedrático Honorário. Em 1955, o Teatro Universitário da Universidade de San Marcos, por iniciativa do diretor Pedro Jarque y Leiva, iniciou a temporada com a peça O Verdugo, especialmente escrita por Josué Montello para o mesmo teatro. A partir de 1954, tornou-se colaborador permanente do Jornal do Brasil, no qual manteve uma coluna semanal até 1990, e das publicações da Empresa Bloch, sobretudo na revista Manchete.

Em 1956, exerceu o cargo de subchefe da Casa Civil do Presidente da República. Em 1957, convidado pelo Itamaraty, regeu a cátedra de Estudos Brasileiros, na Universidade de Lisboa e em 1958, regeu a mesma cátedra na Universidade de Madri. A convite do Instituto de Cultura Hispânica, ministrou um curso sobre literatura brasileira na Cátedra Ramiro de Maeztu.

Organizou e instalou o Conselho Federal de Cultura, sendo o seu primeiro presidente, em 1967-1968, e membro até 1989, quando o Conselho foi extinto. De 1969 a 1970, foi conselheiro cultural da Embaixada do Brasil em Paris. De volta ao Brasil, organizou e instalou o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, onde empreendeu a reforma e instalação da nova Reitoria. De 1985 a 1989, foi embaixador do Brasil junto à UNESCO.

De janeiro de 1994 a dezembro de 1995, ocupou a presidência da Academia Brasileira de Letras, realizando uma ampla reforma administrativa na quase centenária Casa de Machado de Assis.

Prêmios recebidos: Prêmio Sílvio Romero de Crítica e Histórica, da Academia Brasileira (1945); Prêmio Artur Azevedo de Teatro, da Academia Brasileira (1947); Prêmio Coelho Neto de Romance, da Academia Brasileira (1953); Prêmio Paula Brito de Romance, da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (1959); Prêmio Fernando Chinaglia de Romance, do Pen Clube do Brasil (1967); Prêmio Intelectual do Ano, da União Brasileira de Escritores e das Folhas de São Paulo (1971); Prêmio de Romance da Fundação Cultural de Brasília (1972); Prêmio de Ficção da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1978); Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro (1979); Prêmio Personagem Literária do Ano 1982, da Câmara Brasileira do Livro, de São Paulo, pelo seu conjunto de obra; Prêmio Brasília de Literatura para conjunto de obra "1982", da Fundação Cultural do Distrito Federal (1983); Prêmio São Sebastião de Cultura, da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1994).

Josué Montello é membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; membro da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; da Academia Internacional da Cultura Portuguesa (de Lisboa); da Academia das Ciências de Lisboa; da Sociedade de Geografia de Lisboa; da Academia Portuguesa da História (de Lisboa); da Association Internationale des Critiques Littéraires (de Paris); sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.

Obras: ROMANCE - Janelas fechadas (1941); A luz da estrela morta (1948); Labirinto de espelhos (1952); A décima noite (1959); Os degraus do paraíso (1965); Cais da sagração (1971); Os tambores de São Luís (1975); Noite sobre Alcântara (1978); A coroa de areia (1979); O silêncio da confissão (1980); Largo do desterro (1981); Aleluia (1982); Pedra viva (1983); Uma varanda sobre o silêncio (1984); Perto da meia-noite (1985); Antes que os pássaros acordem (1987); A última convidada (1989); Um beiral para os bentevis (1989); O camarote vazio (1990); O baile da despedida (1992); A viagem sem regresso (1993); Uma sombra na parede (1995); A mulher proibida. In Romances escolhidos (1996); Enquanto o tempo não passa (1996).

ENSAIO - Gonçalves Dias (1942); Histórias da vida literária (1944); O Hamlet de Antônio Nobre (1949); Cervantes e o moinho de vento (1950); Viagem ao mundo do Dom Quixote (1959); Fontes tradicionais de Antônio Nobre (1953); Ricardo Palma, clássico da América (1954); Artur Azevedo e a arte do conto (1956); Estampas literárias (1956); A oratória atual do Brasil (1959); Caminho da fonte (1959); O presidente Machado de Assis (1961); Santos de casa (1966); Uma palavra depois de outra (1969); Un maître oublié de Stendhal (1970); Estante giratória (1971); A cultura brasileira (1977); Os caminhos (1984); Lanterna vermelha (1985); Alcântara (1989); Janela de mirante (1993); O modernismo na Academia (1994); O tempo devolvido (1996); Fachada de azulejos (1996); Condição literária (1996); Memórias póstumas de Machado de Assis (1997).

HISTÓRIA - História dos homens de nossa história (1936); Os holandeses no maranhão (1945); História da Independência do Brasil. Introdução, planejamento e direção geral, 4 vols. (1972); Pedro I e a Independência do Brasil à luz da correspondência epistolar (1972).

HISTÓRIA LITERÁRIA - Pequeno anedotário da Academia Brasileira. Anedotário dos fundadores (1963); Na Casa dos 40 (1967); Anedotário geral da Academia Brasileira. Anedotário dos fundadores e patronos (1974); Aluísio Azevedo e a polêmica d'O Mulato (1975); A polêmica de Tobias Barreto com os padres do Maranhão (1978).

NOVELAS - O fio da meada (1955); Duas vezes perdida (1966); Numa véspera de Natal (1967); Uma tarde, outra tarde, seguida de Um rosto de menina (1968); A indesejada aposentaria (1972); Glorinha (1977).

TEATRO - Precisa-se de um anjo. Inédita. Representada em 1943; Escola da saudade (1946); O verdugo (1954); A miragem (1959); Através do olho mágico (1959); O anel que tu me deste. Inédita. Representada em 1960; A baronesa (1960); Alegoria das três capitais (de colaboração com Chianca de Garcia). Inédita. Representada em 1960. Um apartamento no céu (1995).

LITERATURA INFANTO-JUVENIL - O tesouro de Dom José (1944); As aventuras do Calunga (1945); O bicho do circo (1945); A viagem fantástica (1946); Conversa do Tio Juca (1947-48); A cabeça de ouro (1949); As três carruagens e outras histórias (1979); Fofão, Antena e o Vira-Lata inteligente (1980); O carrasco que era santo (1994).

DIÁRIOS - Diário da manhã (1984); Diário da tarde (1988); Diário do entardecer (1991); Diário da noite iluminada (1994).

Sua bibliografia apresenta ainda, além de discursos e de obras de educação e biblioteconomia, dezenas de obras prefaciadas e antologias. Romances de Josué Montello foram traduzidos para o inglês, o francês, o castelhano e o sueco. E novelas suas foram transpostas para o cinema: Uma tarde, outra tarde, com o subtítulo O amor aos 40 (1976); O monstro, com o título O monstro de Santa Teresa (1978); Os tambores de São Luís, filme documentário (1975). Filme-documentário a respeito de sua obra e vida literária, rodado em São Luís (1978). Obra completa, em três volumes, com introdução no primeiro volume, "Confissões de um romancista" (até 1986).

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Milton Nunes Fillho
Enviado por Milton Nunes Fillho em 03/11/2006
Reeditado em 23/12/2012
Código do texto: T281195
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