MEMORIAL

Iniciei minha carreira em Educação aos 23 anos, nos idos de 1994, com estagiária da Secretaria do Estado de Educação. Em um ano já atuava como técnica de Educação e ao final da graduação em 1999, tornei-me Analista da Educação.

Nesse percurso atuei com Gestão de Pessoal e Gestão Pedagógica. Como Gestora de Pessoal atuava coordenando o processo de designação de professores contratados pelo Estado, no município de Belo Horizonte. Como Gestora Pedagógica atuei por pouco tempo, dando formação nas escolas estaduais, mais especificamente acerca da política pública implementada naquele momento, a chamada “Escola Sagarana”.

Mas o trabalho em um órgão central de educação me fazia perceber a distancia entre os planos elaborados por nós técnicos e o locus de execução por excelência, a escola. Sentia falta de experimentar as realidades educativas no “chão da escola” e por isso em 2002, tendo sido aprovada em um concurso para orientadora educacional da Secretaria de Estado de Educação tomei posse na Escola Estadual Conceição Martins de Jesus e passei a coordenar o Ensino Médio Noturno.

Desde o inicio do trabalho percebi o desafio que esse nível de ensino representava. Sabia que, para levar os adolescentes a se interessar pela aprendizagem sem que os mesmos abandonassem os estudos, seria necessário construir uma nova relação com a escola, a partir de novas estratégias de ensino.

Iniciei então, um trabalho de formação em Pedagogia de Projetos com os professores do noturno e ao final de 2002 já havíamos executado um projeto educativo.

No entanto trabalhar à noite e longe de casa me trazia inconvenientes e, como descobri que havia uma vaga de orientadora educacional perto de casa, pedi mudança de lotação para a Escola Estadual São Judas Tadeu. Consegui a mudança em junho de 2003. Na escola nova percebi que os maiores problemas do ensino noturno eram os mesmos da Escola Estadual Conceição Martins de Jesus: baixo rendimento e evasão. Por acreditar que as metodologias da pedagogia de projetos são as mais eficazes e eficientes reiniciei nessa escola o trabalho de formação de professores.

Durante oito anos nos quais atuei como orientadora no ensino médio, mais aprendi que ensinei. Ao longo desses anos executamos projetos educativos sobre a contracultura da década de 60, sobre a Copa do Mundo de 2004, sobre sexualidade, afetividade e prazer, sobre cultura da paz, protagonismo juvenil e tantos outros. Aprendemos a executá-los em maior tempo, ensinamos os alunos a construir portfólios de aprendizagem a cada projeto, aprendemos a fazer eventos de finalização de projetos para dar visibilidade ao trabalho, aprendemos a fazer publicação dos resultados, que a cada ano ficavam melhores. Alguns projetos estão publicados em sites brasileiros e portugueses como referência de projeto educativo.

Nesse ínterim fui aprovada em outro concurso, agora para professor da Prefeitura de Belo Horizonte. Assumi na escola diurna um cargo de professora de segundo ciclo e me apaixonei pela sala de aula, pelo ensino fundamental e por suas possibilidades. As condições de trabalho eram melhores que no Estado, os resultados eram mais visíveis que no ensino médio e as dinâmicas de ensino eram mais controlável por mim mesma, uma vez que eu estava na ponta da execução e não apenas coordenando. Decidi deixar o ensino médio e em 2010, quando fui aprovada no segundo concurso para professora da PBH, solicitei exoneração do cargo de orientadora educacional.

Já atuo na Escola Municipal Armando Ziller há seis anos e, apesar de achar que não temos uma dinâmica de trabalho coletivo tão satisfatória como tínhamos na Escola Estadual São Judas Tadeu ( a EMAZ não executa projetos coletivos) me sinto satisfeita como o trabalho que faço em sala de aula e com as pequenas trocas que vivencio com meus colegas de trabalho.

Outra circunstância que me agrada é o fato de trabalhar na comunidade onde nasci. Conheço suas características e graças a isso até decidi ser voluntária como educadora comunitária no Programa Escola Aberta da EMAZ, no ano de 2006. Esse trabalho obteve tanto sucesso que a escola chegou a atender duas mil pessoas por mês em mais de vinte oficinas. Acredito que esse resultado pode ser atribuído aos conhecimentos que obtive durante a participação em uma pós-graduação da PUC, a de Educador Comunitário, mas principalmente pela relação que tenho com pais, alunos e moradores do entorno da escola onde trabalho.

A oportunidade de fazer outra formação pela PUC, agora em Gestão de Projetos Culturais, me fez desejar alargar as possibilidades de trabalho nessa comunidade e nessa escola. Acredito que uma formação dessa natureza vem de encontro a minhas demandas de trabalho coletivo na escola onde atuo e até mesmo de expansão de atuação na minha comunidade. Gostaria de entender a diferença entre projetos educativos e projetos culturais e mais que isso gostaria de descobrir como esse conhecimento pode melhorar minhas ações como educadora.

Norma De
Enviado por Norma De em 23/12/2011
Código do texto: T3402857