Vinte e Três

Ao longo de meu acesso a este código supremo que a gente carinhosamente vem chamando de vida, pude compreender que vivemos nos despedindo de cada minuto que passa e vislumbrando cada outro que vem pela frente, principalmente eu que sou tão saudoso de mim.

A gente sempre acredita passar pelo mais difícil momento ou então o melhor dia de nossas vidas, mas os fatos marcantes que estão por vir certamente vão substituindo aqueles que já vivemos e assim marcamos paginas da nossa historia.

Digo a gente, para querer dividir um sentimento que é tão meu.

Os planos nem sempre se equiparam, se entendem e se estabelecem, pois de “planos” o Deus que nos rege entende bem e por mais que a gente teime, buscamos satisfazer nosso caminho com aquilo que inicialmente nos é dado.

Os objetivos muitas vezes se combatem entre eles mesmos, se estranham ou se contradizem e nesses olhares de rabo de olho, num olhar torto, atravessado, eles aos poucos vão tentando se entender.

Meu saudosismo é peculiar

É imortal.

Isso é pra me deixar mais confortável, pois se não fosse dessa forma, sofreria com a partida dele.

Aos vinte e três considero fielmente experiências dos 40, minha crença dos 10 e minha alegria esfuziante dos 7 anos.

Vejo, ainda que talvez não aos olhos do mundo, minha maturidade dos 60, até por que essa contagem vai longe ainda, meu amor milenar e minha arte eterna.

Quantos anos cabem numa só pessoa.

Sei que sou um pouco de cada coisa e que cada uma delas que amo tem um pouco de mim.

Tiago Ortaet

28/06/2006