Lembranças do meu tempo de escola ( I PARTE)

Trecho retirado do livro: "O Colecionador de Histórias".

Lembro-me de quando eu e meus irmãos mais velhos cabulávamos, aula no ensino primário, era muito divertido nós irmos nadar numa lagoinha que existia atrás das Casas André Luiz, em Guarulhos, isso em meados de 1980, era bom demais ficar ali, só esperando as horas passar para voltar para casa. Medo só dava quando era à hora de irmos embora e saber se nosso pai tinha descoberto que nós não tínhamos ido para a escola. Nessa época minha mãe não estava morando com agente, então, o nosso medo mesmo era do nosso pai.

Eu também me lembro de alguns professores dessa época, mas somente uma não me sai da cabeça até hoje. Era dona Liliane, e não é só porque a considerasse a professora mais bonita da escola, já que nessa época eu já estava com mais de 12 anos, e ainda estava no primário, todo esse atraso nos estudos se dava por causa dos problemas familiares entre meu pai e minha mãe.

Eu me recordo de dona Liliane, não só pela sua beleza, mas também por que, ela fez muita diferença em minha vida como aluno. Não só pelas lições que ela me ensinava de Língua Portuguesa ou de Matemática no primário, mas era muito mais do que isso, ela me despertou para compreender outras coisas a minha volta, ela me ensinava a ver a vida com outros olhos. E isso, talvez tenha acontecido pelo carinho e delicadeza com que ela me tratava durante suas aulas, e por isso agora mesmo depois de adulto eu ainda me lembrar tanto assim dela.

Eu me lembro ainda da época em que estava estudando no ginásio, já numa outra escola e com outros professores, quando tive que dar uma paradinha nos estudos para trabalhar e ajudar no sustento da minha família, sem duvida esses foram dias difíceis para mim, tanto nos meses que consegui ir para a escola, quanto nos dias em que ficava em casa. Nessa época eu já estava na adolescência, é não tenho duvidas que tenham sido dias difíceis para mim, mas ainda assim superáveis.

Quanto ao ensino médio, quando já havia voltado a estudar novamente, lá pelos idos de 1997, já com mais de vinte cinco anos de idade, eu me recordo da monotonia de muitas aulas que eu e meus amigos não tínhamos na escola. Eram as aulas vagas, quando nós ficávamos ociosos na sala de aula, sem construir ou aprender algo de diferente com nossos professores, mas ainda assim, para mim aqueles tempos foram bons e inesquecíveis. Pois foi uma época em que a vida se abriu para mim novamente, mas de outra forma, aprendendo novos ensinamentos, não os letrados propriamente ditos, como ler e escrever, mas o conhecimento do divino, o conhecimento das coisas espirituais. Nessa época conheci outra pessoa maravilhosa em minha vida, que me apresentou esse outro caminho que eu ainda mesmo naquela idade não tinha conhecido realmente como deveria. E foi com essa pessoa que me reservo o direito de não citá-la, apenas de dizer que foi uma ótima professora, e que na escola, sobre boa medida, tive os primeiros ensinamentos bíblicos, que me deram até os dias de hoje uma melhor estrutura espiritual para minha vida.

Dessa época, eu, ainda me lembro de outras coisas também, como as atividades no grêmio estudantil, da formação das chapas, das discussões, que fazíamos no horário das aulas, ou mesmo nos encontros que marcávamos depois do horário da escola, das eleições, ou da frustração de perder as eleições me lembro ainda, das passeatas que participei junto com outros alunos e principalmente de alguns amigos que ficaram na memória. E por que não citar também a professora de História dessa época. A professora Maria, que foi muito importante na minha formação como cidadão, me incentivando a continuar estudando, mesmo depois que eu concluísse o ensino médio na rede pública.

_ Isso mesmo Marcelo! Vai lá, estude você tem grande futuro. Ela sempre me falava essas palavras.

Então, hoje depois de tantas e poucas lembranças dos meus tempos de escola, me vejo um homem, mas ainda em formação, ainda um estudante, um aprendente da vida e do mundo. Não mais aquele aluno dos bancos escolares, cheio de duvidas e incertezas, mas agora um verdadeiro estudante não só da vida, mas também do mundo, cheio de sonhos e desejos e o mais precioso dos desafios humano o de continuar tendo a esperança fincada na alma. “A esperança de que a educação escolar, somada ao amor pelo próximo, possam juntas transformar e mudar os homens, assim como as duas me transformaram e me mudaram”