No Japão antigo e medieval, haviam quatro classes sociais: Samurais, Lavradores, Industriais e Comerciantes.
        A classe dominante era a dos Samurais ou guerreiros. Haviam quase 100 mil famílias de samurais, porém, menos de duas mil eram consideradas de linhagem aristocrática, com direito a brasão heraldico e entre esses, poucos chegaram à condição de ¨daimyô¨ (senhor feudal), principalmente por serem ligados por laços de sangue com a família imperial japonesa, a mais antiga dinastia do mundo.
        No livro ¨Historical and Geographical Dictionary of Japan¨, escrito por E.Papinot em 1910, consta no verbete ¨Hotta¨: Família de daimyô de Owari, descendentes de Takeshiuchi no Sukune, este por sua vez, descendente do oitavo imperador Kougen-tenno em quinta geração.
        Por volta do século III da nossa era, havia no Japão várias tribos denominados ¨uji¨. Um desses clãs que habitava a planície de Yamato na principal ilha (Honsu), passou a dominar os demais. O lider desse clã era considerado descendente da deusa Amaterasu.
        Desse clã, saiu o primeiro imperador do Japão, Jinmu-tenno, dando origem à familia imperial japonesa, até hoje no poder através de Akihito, o 125 imperador, conhecido como heisei-tenno.
        Segundo as lendas nipônicas, no século IV, viveu um herói chamado ¨TAKESHI-UCHI NO SUKUNE¨, descendente em 5a. geração (filho do tataraneto) do oitavo imperador KOUGEN-TENNO. Durante o reinado do décimo-terceiro imperador Seimu-tenno foi nomeado ¨O-Omi¨ (primeiro-ministro) e no reinado do monarca seguinte, Chuai-tenno, combateu ¨San-kan¨, os três reinos que existia no sul da atual Coréia.
        Esse personagem lendário é ancestral dos HOTTA, Soga, Heguri, Katsuragi e outras famílias nobliárquicas. Como cada monarca tinha vários filhos e filhas, dos quais, apenas um se tornava imperador, a manutenção da corte gerava despesas pesadas, face ao excesso de príncipes.
        Para resolver o problema, esses príncipes recebiam terras para governar, adotando nomes de família, daí a origem dos Soga, Fujiwara, Minamoto, Taira, etc., formando a aristocracia japonesa, a classe dos samurais.
        Um descendente de Takeshi-uchi no Sukune, se fixou na região de Owari, hoje província de Aichi-ken, adotando o nome ¨Hotta¨, cuja grafia em ¨Kanji¨ se escreve com dois ideogramas: ¨Hori¨ (significa canal) e ¨tᨠ(significa arrozal). A junção dos dois ideogramas, se lê como ¨Horítá¨, mas, por ser um nome nobliárquico, a leitura diferenciada ficou como Hô-tá (com ¨h¨ aspirado).
        Como brasão, os Hottas adotaram o ¨Tate moukou¨, ou seja, o desenho do corte vertical interior de um pepino dentro de um círculo.
        No século XV, o Japão viveu um período marcado por guerra civil, entre vários senhores feudais disputando o poder. Essa era, chamada de Sengoku-didai, termina com o clã dos Tokugawa assumindo o poder.
        Alguns membros do clã Hotta, tiveram destacada participação durante a guerra civil, tanto que adquiriram o status de ¨Daimyo¨ (lordes ou senhores feudais).
        A história japonesa registra alguns Hottas famosos:
        MASSAMORI HOTTA (1606/1651), conhecido por Kaga no Kamí (senhor de Kaga). Teve grande influência sobre o terceiro shogun, Tokugawa Iemitsu. Em 1635, foi nomeado lorde de Musashi (hoje Kawagoe, província de Saitama), em 1638 de Shinano (atualmente Matsumoto, província de Nagano) e em 1642 de Shimosa (hoje Sakura, província de Chiba). Após a morte do shogun Iemitsu, em sinal de fidelidade ao seu amo, suicidou-se, praticando o ¨Junshí¨ (uma espécie honrosa de hara-quiri).
        Seus filhos MASSANOBU HOTTA (1629/1677) e MASSATOSHI HOTTA (1631/1684), foram senhores de Kozuke (Yoshii, Gunma-ken), Miyagawa (Omi, Shiga-ken), Shimosa (Moriya, Ibaraki-ken), Kozuke (Annaka, Gunma-en), Shimosa (Koga, Ibaraki-ken).
        Os netos, MASSAYASU, MASSANAKA, MASSATAKA e MASSAHARU HOTTA e os bisnetos, MASSAMINE e MASSANAGA HOTTA, tiveram títulos de Shimosa no Kami, Izu no Kami, e foram senhores feudais em Dewa (Yamagata-ken), Mutsu (Fukushima-ken), Shimotsuke (Sano, Tochigi-ken).
        Outro descendente de destaque foi MASSAMUTSU HOTTA (1810/1864) que teve cargos importantes de Jisha-bugyou, Ousaka-joudai, Roujou, equivalentes a ministro de Estado. Todos receberam títulos equivalentes a Visconde e Conde.
        Até 1868, a sociedade japonesa estava estratificada, com a classe dominante dos samurais sendo a unica que podia portar espadas e ter nome de família (sobrenome). Com a deposição do décimo-quinto shogun Tokugawa, o poder efetivo voltou ao então 122 imperador Mutsuhito-tenno, também conhecido como Meiji. A família imperial que residia em Quioto, mudou para Edo que passou a se chamar Tóquio.
        Em 1871, as diferenças de classe começaram a ser abolidas. A instrução e o uso de sobrenome que era privilégio dos samurais foi estendido a todos. Os lordes foram obrigados a entregar o controle de seus feudos à familia imperial e muitos samurais ficaram desempregados. Tal situação gerou várias revoltas da classe dos samurais. A família Hotta, a exemplo das demais famílias aristocráticas atravessou período de decadência.
        Segundo tradições japonesas, todos os títulos e bens da família de samurai eram herdados pelo filho mais velho. As filhas se casavam com outros samurais e os filhos primogênitos mantinham seus irmãos mais novos como eventuais substitutos, doando pequenas propriedades. Esses filhos não herdeiros, ficavam apenas com o direito de usar o sobrenome de família, o brasão heraldico e às vezes, acabavam se empregando como samurais-vassalos de outros senhores feudais ou casavam com filhas de samurais que não tinham filhos varões, adotando o nome e brasão da família da esposa.
        Os Hottas, na descrição de E.Papinot, por volta dos séculos XVII e XVIII se espalharam como senhores feudais de várias regiões do Japão. Desde o longínquo Takeshi-uchi no Sukune no ano 300, ao longo de 15 séculos, sempre com o nome de família HOTTA, o brasão heraldico Tate-moukou e como nobres samurais, descendentes do imperador Kougen-tenno.
        No final do século XIX, um dos Hottas era o senhor feudal de Yamaguchi. Descendente desse senhor, na cidade de Shimonseki em Yamaguchi-ken, viveu  um dos ultimos samurais, JIROHATI HOTTA, que teve 5 filhos, 3 do primeiro casamento e 2 do segundo. Pelo nome Jiro, supõe-se que tenha sido segundo filho.
        JIROHACHI HOTTA, (1), nasceu no ano de 1832 e foi professor de Kendô (arte marcial com uso de kataná, a espada japonesa). Também era dentista. Até então, só os samurais e monges (os letrados), exerciam artes médicas, inclusive a odontologia, em seus primórdios no Japão. Como tal ciência era passada de pais para filhos, com certeza, não foi o primeiro dentista na familia.
         Por ocasião do encerramento do sistema de shogunato em 1868 e restauração do poder imperial, teria 36 anos, participando de diversas batalhas que ocorreram na época, tendo tirado a vida de 21 inimigos em combate.
         Apesar da extinção dos privilégios da classe dos samurais, ainda manteve boa situação patrimonial, tendo uma academia de esgrima e exercendo a odontologia. Por volta do ano de 1900, seu excessivo apego aos netos gerados pela filha, contribuiu para a dilapidação de sua fortuna. Faleceu em Shimonoseki no dia 2 de setembro de 1921 (décimo ano da era Taisho) e foi enterrado no Templo Budista Toukoují.
         Do filho primogênito, pouco se sabe. Outro filho do primeiro casamento não deixou herdeiros. A filha gerou os netos que dilapidaram sua fortuna.
         Do segundo casamento, nasceram os filhos que deram origem à FAMILIA HOTTA NO BRASIL. O quarto filho, KIYOSHI HOTTA (nascido em 1901) e o caçula SAKAE HOTTA (nascido em 20/11/1907), após o falecimento do pai, JIROHACHI, receberam pequena quantia em dinheiro do meio-irmão mais velho e saíram de casa, junto com a mãe HARU HOTTA.
         HARU HOTTA, casou-se novamente e faleceu no Japão. Seus dois filhos, KIYOSHI e SAKAE, partiram do porto de Kobe no dia 28/8/1926 (ano 15 da era Taisho) no navio Montevideu Maru. KIYOSHI HOTTA, tinha 25 anos e seu irmão, SAKAE, 18 anos. Juntos vieram também a esposa de Kiyoshi, MISSAO e os filhos SHIGEO com 4 anos e TAMIO de 1 ano. Desembarcaram no porto de Santos no dia 15/10/1926, dando origem à família Hotta no Brasil.
         Aquí no Brasil, pela dificuldade de grafia do nome japonês em portugues, alguns descendentes estão com o sobrenome ¨HOTA¨, com apenas um ¨T¨. Segundo as normas de romanização, a grafia correta é com dois tês ¨TT¨, Hotta, isto porque, em japonês a pronúncia correta é ¨rôotᨠe o duplo ¨tt¨, é exatamente para reforçar o acento e prolongamento dos dois ideogramas ¨hô-t-tá¨.
         KIYOSHI HOTTA (1.1), foi dentista prático e tocava violino. Veio do Japão casado com MISSAO e dois filhos, SHIGEO e TAMIO. No Brasil nasceram ainda HISSAO, SEIJI, REIKO e KIYOKO. Após o falecimento de Missao, casou-se com MAKI, tendo ainda os filhos TERESA , CELSO YUKITO (Celso), NILTON, MASSATO, EDSON MASAYOSHI, WALDEMAR LUIZ, HENRIQUE e DOROTÍ. Faleceu em Porto Alegre-RS.
         SAKAE HOTTA (1.2), também dentista prático, foi literata renomado, na arte de ¨Senryu¨. Teve vários poemas transformados em música e gravados por cantores renomados do Japão, tais como ¨Kuronbo-san no osentaku¨, ¨Iminzuma¨, ¨Tsubaki no hana yo itsu aeru¨, ¨Men men koyagi¨, ¨Italia musume¨. Casou-se no Brasil com HARUKO SHIBUKAWA e teve os filhos YASUKO (Rosa), LUIZ, LUCIO, HANAE (Aparecida), MITUE, GIRO e NELSON LUIZ. Faleceu em Curitiba, dia 5/01/1991, aos 83 anos.
          DA 2a.GERAÇÃO NO BRASIL, do ramo KIYOSHI HOTTA (1.1), seu primogênito, SHIGEO (1.1.1), casou-se com Kiyoko e teve como filhos Vera Lucia, Wagner e Wanderley. TAMIO (1.1.2), dentista, também casou-se e reside em São Paulo. HISSAO (1.1.3), já falecido, deixou um filho. SEIJI (1.1.4), foi piloto e faleceu num acidente aéreo, deixando viuva Dejanira Amaral e a filha Chrystina Amaral Hotta. REIKO (1.1.5) também casou e teve quatro filhoa. KIYOKO (1.1.6) reside em Curitiba. Muitos estão em São Paulo e no Mato Grosso.
          Os demais filhos, residem na maioria no Rio Grande do Sul. CELSO YUKITO (1.1.8) , casou-se com Zulma e reside em Imbe-RS. MASSATO (1;1;9) , EDSON MASSAYOSHI (1.1.11). casou com Ana Custodio Reis e teve 5 filhos, Giovana, Cristiano, Mariana, Juliana e Emeggie. DOROTI (1.1.14) casou-se com Azuil e reside em Curitiba-Pr.
           Do ramo SAKAE HOTTA (1.2), a filha ROSA YASUKO (1.2.1) casou-se com Kazuo Maeda e teve os filhos Lucio Alberto, Luiz Eduardo, Maria Helena, Sonia Maria e Cristiane, residindo atualmente em Brasília. LUIZ KOITI (1.2.2), dentista, casou-se com Yoshiko Takamatsu e teve os filhos Luiz Jr, Alberto Neto, Marcia Mayume e Aldo Luiz, residindo em Nova Esperança e Curitiba. O filho LUCIO TSUGOU (1.2.3) faleceu aos 11 anos de idade. A filha APARECIDA HANAE (1.2.4), casou-se com Masanobu Nakamura e teve os filhos Laercio, Marcio e Claudio, residindo em Curitiba. MITUE (1.2.5) casou-se com Nobuo Nishimoto, advogado e teve os filhos Gilberto, Gilson e Gilmar em Maringá. GIRO (1.2.6), economista, casou-se com Kimiko Okabayashi e teve os filhos Heraldo, Helinton e Helmuth em Naviraí-MS. NELSON LUIZ (1.2.7), advogado, casou-se com Yoko Katahira, e reside em Matinhos-Pr.
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P.S.: Os dados supra estão incompletos e possivelmente com falhas, devendo ser atualizados em pesquisa a ser elaborada junto a varios descendentes, quando da execução da árvore genealógica familiar.          
 
Nelson Luiz Hota
Enviado por Nelson Luiz Hota em 19/05/2012
Reeditado em 14/11/2019
Código do texto: T3675638
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