UM MENINO DO BAIRRO DE SÃO JOSÉ

Clóvis Campêlo

Luiz Guimarães faz poemas com a mesma concepção com que compõe suas músicas, carnavalescas ou não: uma simetria barroca.

No entanto, não existe nisso nenhuma atitude antiga ou superada. Luiz é um inovador nos acordes utilizados. O barroquismo diz respeito apenas à simetria, ao equilíbrio dos acordes e à utilização das estruturas melódicas.

Seus poemas são quase acrósticos, feitos a partir da utilização e repetição de uma palavra-chave que vai se desdobrando em considerações poéticas, filosóficas ou sentimentais. Conheci-o pessoalmente assim, primeiro o poeta.

Com toda a simplicidade do mundo, aportou no grupo virtual Poetas Independentes e, no grupo, participou das duas antologias por nós organizadas, nos anos de 2007 e 2010.

Do mesmo modo, no ano passado, dispôs-se a ter uma participação especial conosco no programa Trem das Onze, que apresentávamos todas as quartas-feiras na Rádio Universitária AM do Recife. Foi uma bela oportunidade de mostrarmos ao público ouvinte do horário tanto os seus frevos de rua e frevos de bloco, quanto outras belas canções e também suas composições jazísticas. Foi um programa de alto nível e com uma boa conversa, já que LG também demonstra uma boa memória e uma boa capacidade de transforma essa memória em histórias interessantes para o público ouvinte.

Isso tudo, levou-nos a aceitar o convite e comparecer ao lançamento da sua biografia, Luiz Guimarães – um menino de São José -, ontem à noite, na Associação Atlética Banco do Brasil, no bairro das Graças, no Recife.

O livro, financiado pela Fundarpe, através de projeto aprovado, foi impresso e encadernado na Companhia Editora de Pernambuco. Escrito por Vanda Phaelante e Renato Phaelante, conta a história da vida de Luiz Guimarães desde o namoro dos seus pais até os dias de hoje.

Escrito numa linguagem fácil e acessível, contextualiza o ano do nascimento do compositor – 1943 – e traz depoimentos de muita gente ligada à área musical, além de um bom acervo fotográfico pessoal e da cidade do Recife, com ênfase para o bairro de São José, na época eminentemente residencial.

Vem acompanhado de dois CDs com uma boa parte da produção musical de Guimarães, além das partituras das suas músicas, no final.

Enfim, um trabalho bem feito e que merece ser visto com atenção pela importância ainda não totalmente reconhecida do compositor na música popular pernambucana e brasileira.

É uma pena que compositores do nível e competência de Luiz Guimarães, com seus frevos e chorinhos inovadores, não seja executado pelas grandes rádios AM e FM do Recife e do Brasil. Quem perde somos nós, ouvintes e amantes da boa música, que deixamos de experimentar o biscoito fino da sua produção musical.

CLOVIS CAMPELO
Enviado por LUIZ GUIMARAES em 01/12/2012
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T4014062
Classificação de conteúdo: seguro