SELVAGEM
(AUTOBIOGRAFIA)


Aos quarenta me recriei a dançar.

Desabrochei mulher selvagem!

Uma loba feroz,

Com mel nos lábios pra beijar.


Minha maior qualidade:

Ser apaixonada, "Kamikaze".

Meu medo, minha coragem,

Verso e reverso.


Curiosa e impulsiva,

Cada vez mais instintiva;

Cheia de garra, preguiça e tesão,

Meu ponto e contradição.


Segura da força em mim,

Tranqüila e plena,

Mas nem sempre serena;

As vezes furacão!


Nessa família selvagem,

me encontrei e descansei.

Num ninho de calor e afeto,

O amor em mim encontrei.


Me fortaleci em suas entranhas.

E dela alço vôos altos,

Cada vez mais ousados.

Tenho um ninho pra voltar.


Aos quarenta, mãe e mulher,

Trago esse ninho em meu coração.

Minha casa, minha cama,

Âmnios nas manhãs frias.


Sentir o calor do homem amado,

O corpinho do filho tão desejado

Enroscados no meu: plenitude do amor

Carinho e proteção: alimento.


Para o meu coração grande alento!

Que bom ter aprendido a dançar a vida

Com todas as pessoas no cotidiano...

Que bom dançar comigo assim tão humana!

Florianópolis(12/10/1999)
Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 21/03/2007
Reeditado em 02/11/2012
Código do texto: T421048
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