MINHA HISTÓRIA DE VIDA III - ADOLESCENCIA

Bem, vejamos... Minha adolescência foi uma das épocas mais importantes da minha vida. Costumamos dizer que a adolescência inicia-se a partir dos treze anos de idade, não? Pois para mim iniciou-se mesmo a partir dos quinze anos.

Enfim, aos quinze anos de idade estava no primeiro ano do ensino médio e havia começado a estudar de manhã. Tudo era assustador para mim, embora tenha estudado na mesma escola desde a quinta série, porém estudava no turno da tarde e os amigos do oitavo ano, a maioria havia repetido de série, ou seja, estava começando um novo ano letivo sozinha.

No início achei a sala um pouco estranha e as pessoas esquisitas, pois havia alunos vindos de outras escolas, mas com o tempo acabei me enturmando e fiz grandes amizades. Como por exemplo, o Augusto que era um menino alto e gordo que zoava pra caramba sozinho e quando começamos a conversar não tinha para ninguém, zoávamos mesmo, ainda mais que éramos da turma do fundão. Sobrava até para os professores que eram alvos de alguns apelidos (RISOS).

Depois que comecei a conversar com o Augusto, conheci a Raquel que já tinha sido da minha sala no oitavo ano só que nunca havíamos nos falado, pois a mesma achava que eu era metida e desde então viramos grandes amigas mesmo, com muita história para contar. Daí surgiu a Debora e o Hilton que estavam repetindo o primeiro ano e eram muito bagunceiros também.

Lembro que quando os professores saiam de sala fazíamos guerrinha de bolinha de papel e azar de quem entrasse na frente. Houve uma vez em que fiz uma gigantesca e molhei ela no bebedouro da escola e levei para sala de aula, no momento em que a guerrinha iniciou-se, coloquei a mesa na minha frente para me defender e atirei sem saber em que iria pegar e bom... Acabou acertando o professor de filosofia que ficou puto da vida mandou todo mundo para a diretoria. Resultado: três dias de suspensão! (RISOS).

Bom, quando a aula costumava ser chata, eu levava o MP4, que era um eletrônico muito top na época e ficava ouvindo música. Lembro que escutava em uma altura extremamente absurda, que na época para mim era a coisa mais natural do mundo, que uma vez a professora de português perguntou de onde era o ruído e o pessoal tentava escutar, mas achavam que era da quadra do colégio, onde o pessoal fazia educação física.

Teve uma vez que Augusto, eu e Hilton pegamos um tubo de caneta e fizemos bolinha de papel bem pequenas, encaixando-as dentro desse tubo e ficávamos assoprando nos outros. Bom, eu assoprava nos colegas, mas os meninos assopravam na professora, que quando deixou a sala estava com o cabelo tomado de bolinhas e eu só conseguia rir. Ri tanto que a mulher me mandou para diretoria e assinei advertência por rir demais e atrapalhar a aula. (RISOS).

Teve uma época desse mesmo ano que a quadra estava em reforma e trancada e eu e os garotos queríamos jogar bola, porém o único lugar que estava liberado era uma pequena quadra nos fundos da escola e já havia alunos de outra turma. Peguei a bola com a professora de educação física e pulamos o muro. Jogamos bola lá por um bom tempo, até que alguém viu pela câmera e avisou a professora e tornamos a levar advertência. Sem contar que foi uma dificuldade para pular o muro de volta para o pátio. (RISOS).

E quando tínhamos que ficar o dia todo na escola? Eu adorava! Era uma vez na semana. Tínhamos que escolher um dia da semana para passarmos o dia na escola. De manhã assistíamos as aulas normalmente, depois davam um prazo de almoço e depois assistíamos a uma espécie de palestra onde éramos obrigados a nos interagirmos. Era divertido. Era o dia em que eu mais ficava cansada, mas era o dia em que eu mais zoava.

No final desse mesmo ano a professora de Artes inventou de fazermos artesanato na sala para levarmos para creches carentes e bom... Foi uma bagunça. Alguém levou uma lata de spray dourada que pintamos as mochilas um dos outros, apareceu um spray alaranjado e um verde onde pintamos nossos cabelos, Liter., colas coloridas... Enfim, ficamos todos coloridos, pintados, rabiscados e brilhantes... Rendeu uma foto bem legal... Demorou dias para a tinta sair das pontas do cabelo e da mochila, bem... As mochilas já estavam velhas e jogamos fora... (Risos)

No estacionamento da escola havia vários pés de mangas e estavam completamente carregados no final do ano e bem... A vontade nossa de comer era maior que tudo, porém era proibido subir no pé e as mangas que caiam já estavam ruins, então, na hora da educação física, distraímos a professora e o porteiro e entramos no estacionamento. Cada um subiu em uma árvore e as sacudiu caindo aquele tanto de manga. Só assustaram quando as arvores estavam balançando, mas dessa vez não ganhamos bronca.

Então um novo ano estava por vir e esse ano foi um dos melhores anos da minha vida. Foi muito importante. Conheci pessoas legais, inesquecíveis, assim como lugares também.

Bom, nesse ano separam-me de Debora e Raquel e outros amigos que foram para outras turmas e eu para uma turma onde não conhecia ninguém. Até pedir para mudar, mas não quiseram me trocar. Enfim, o Augusto mudou de escola, assim como Hilton, mas sempre mantínhamos contato.

A sala de Raquel era do lado da minha e conversávamos sempre na hora do intervalo e na sala de aula acabei interagindo com Jeferson, que mais tarde vim a descobrir ser sobrinho de uma amiga que hoje é colega de faculdade minha. Nós dois zoavamos muito mesmo. Sentávamos em dupla e conversávamos e riamos o tempo inteiro.

Lembro que tinha um professor de Geografia que se chamava Silas e ele era muito divertido. Zoava muito conosco e tinha uma paciência incrível e me aconselhou em muitas coisas em minha vida. Mais tarde vim a descobrir que a noiva dele havia sido minha vizinha e morreu de câncer fazia algum tempo. E pela forma como o mesmo me contou pareceu amá-la demais...

Também tive uma grande amiga chamada Rita que foi minha professora de Física. Éramos amigas mesmo, sabem? Amigas além do muro do colégio. Conversávamos sobre tudo e ela me ajudava em muitas coisas e me aconselhava muito, pena que não a consultei para a uma decisão em minha vida que quebrei a cara depois, mas enfim, serviu de aprendizado... A considerava como minha segunda mãe. Costumava me dar carona depois das aulas até minha casa, pois dizia gostar das minhas conversas e que gostava de mim como filha, afinal, não podia ter filhos, pois tivera complicações, acredito que tenha sido um cisto ou algo parecido no útero que a impediu e desde então me considerou como sua filha e me ama demais... Saudade desse tempo.

Nesse mesmo ano tentei seguir carreira de modelo. Fiz muitas fotos, cheguei a fazer um desfile inclusive, mas a pressão é foda e não consegui trabalhar sobre pressão. Não mesmo. O cara da agencia queria que eu emagrecesse, dizia que não aceitava meninas gordas, sendo que na época eu tinha 16 anos, 1,73cm e pesava 57kg e manequim 38. Daí depois que peguei minhas fotos deixei a agencia e nunca mais voltei. Mas tive o apoio dos amigos e da família a todo o momento e foi uma das fases mais estressantes da minha vida.

Nesse tempo eu já tinha ficado com um menino do colégio chamado Fernando. Era simplesmente insuportável... Até hoje me pergunto o que eu vi naquele rapaz... Mas enfim, nunca fui muito de namorar, meu negócio mesmo era estar com os amigos e curtir, mas curtir muito mesmo.

A Rita e o professor de história chamado Carlos faziam várias excursões juntos. A primeira foi para o observatório da UFMG na Serra da Piedade. Nunca zoei tanto na minha vida como nesse dia e acho que nunca me senti tão feliz quanto nessa época... Era uma energia tão boa que corria em minha vida... Era uma vida simplesmente perfeita... Não tinha do que reclamar... Foi incrível ver toda a cidade lá de cima naquele frio todo, abraçada com os amigos e ver aquele céu todo estrelado... Aquela noite foi incrível... Cantamos muitas músicas, comemos muitas bobagens e zoamos muito. Foi simplesmente incrível esse dia!

A segunda excursão foi para Ouro Preto. Chegamos bem cedo na praça da escola, umas quatro da manhã e ficamos esperando os professores, no caso a Rita e o Carlos. Só que eu não gostava muito dele. O achava metido e chato e sempre que podia dormia ou matava suas aulas na sala da Raquel, mas mudei meus conceitos depois dessa viagem, onde na volta ficamos conversando por um tempão. Foi incrível essa viagem. Zoamos muito, rimos muito, andamos muito e no fim da tarde sentamos na pracinha da cidade e ficamos planejando a vida. Saudade desse dia. E o mais incrível era que depois dessas viagens, sempre que chegava em casa, meu coração estava totalmente apertado e uma vontade incrível de chorar me dominava, sabe? Era como se eu tivesse medo de perder toda aquela mágica que rondava a minha vida.

Alguns meses depois fomos para Diamantina, mas fomos com o pessoal do terceiro ano que estava ganhando a viagem de formatura e eu e mais quatro amigos fomos meio que de penetras... (RISOS) mas foi incrível também. Os meninos nos acolheram muito bem e fizemos novas amizades. Quando chegamos na cidade o Carlos mandou que andássemos e tirássemos foto de tudo para fazermos trabalho depois e em seguida iriamos para um hotel fazenda de uma professora que já havia dado aula no colégio e era amiga da Rita. Lá era incrível. Dividi o chalé com duas amigas minha e zoamos muito. Durante o dia ficamos na cachoeira que ficava ao fundo do hotel fazenda e andamos a cavalo e a noite fomos para a vesperata, uma espécie de festa que acontece no centro da cidade. Foi incrível. Jantamos no restaurante da mulher e depois subimos para pracinha, onde ficamos dançando e acabamos atraindo a atenção, mas foi super tranquilo.

No dia seguinte acordamos cedo e na hora de tomar café ao ver todo mundo ali desejei que aquele fim de semana durasse para sempre... Era tudo tão simples e ao mesmo tempo tão incrível... Todas aquelas pessoas rindo, brincando, zoando, se divertindo em harmonia... Pareciamos uma família. A professora de Artes todos os dias nos dava um bom dia diferente que era tipo assim, ela entrava na sala e dizia: BOM DIA, CRAVOS E ROSAS DO MEU JARDIM! -daí respondíamos –BOM DIA RAIO DE SOL! (Risos) Acreditem, fizemos isso no café da manhã no hotel, mas nem ligamos, afinal a pousada estava fechada para nós mesmo...

Depois do café fomos tirar algumas fotos e andamos a cavalo, enquanto o Carlos levou o povo para fazer trilha. Nesse dia queimei meu pé na sauna. NA volta pegamos um congestionamento terrível na estrada e chegamos bem tarde. A Rita inventou de comprar picolé para todo mundo do ônibus. Só sei que quando cheguei em casa e fui dormir, eu chorei muito, muito mesmo com medo disso acabar.

Depois dessa excursão Jeferson e eu fizemos uns desenhos na parede e a professora achou ruim o que causou uma briga terrível entre Rita e eu e pensei que jamais voltaríamos nos falar novamente. Escrevia milhões de cartas pedindo desculpas e sempre com a esperança de que ela viria falar comigo, mas nada, então, no último dia de aula, em um sábado onde foi feita uma feira de ciências, ela pediu para que eu fosse comprar um forro de mesa para ela e foi ai que voltamos a nos falar e contei um fato importante da minha vida para ela.

Mas enfim, o terceiro ano conto outra hora, pois está tarde e é bem extenso... (RISOS)

Marsha
Enviado por Marsha em 22/08/2013
Código do texto: T4447350
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