Um dos mestres: Florestan Fernandes

Nascido em uma família muito pobre, Florestan Fernandes nasceu em São Paulo, em 1920. Sua luta pela vida teve início na infância, para conquistar o próprio nome – já que patroa de sua mãe o chamava de Vicente, por considerar que Florestan não era nome de pobre. Começou a trabalhar muito cedo aos seis anos de idade. “Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade”.

Em conseqüência de inúmeras dificuldades, não concluiu o curso primário, formando-se mais tarde no Curso de Madureza, uma espécie de supletivo. No ano de 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, graduando-se em Ciências Sociais.

Florestan Fernandes ingressou aos 18 anos, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1947, formando-se em ciências sociais. Doutorou-se em 1951 e foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na cátedra. O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica brasileira. Sociólogo e professor universitário, teve mais de cinqüenta obras publicadas entre elas: A Organização Social dos Tupinambás (1949), A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá (1952), Método de Interpretação Funcionalista na Sociologia (1953), transformou as ciências sociais no Brasil e estabeleceu um novo estilo de pensamento, sendo o fundador da sociologia crítica no Brasil. Foi orientador de sociólogos de grande renome como: Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso.

Foi cassado em função do AI-5, em 1969, deixou o país e lecionou nas universidades de Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e também Yale (EUA). Retornou ao Brasil em 1972 e passou a lecionar na PUC-SP. Não procurou reintegra-se à USP, da qual recebeu o título de professor emérito em dezembro de 1985. Em 1986 filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) sendo um de seus fundadores.Também figurou no cenário político do país, exercendo dois mandatos de Deputado Federal (1987-1990 e 1991-1994) pelo PT (Partido dos Trabalhadores).

Como político, continuou a defender a escola pública e a educação em geral, destacando-se o projeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB. Colaborou escrevendo para a Folha desde os anos 40 e, em junho de 1989, passou a ter uma coluna semanal.

Quando reflito sobre a vida de Florestan Fernandes, lembro-me de uma enfática afirmação sobre o papel e engajamento do intelectual: “Acho que o intelectual se caracteriza, entre outras coisas, pelo fato de que abre mão de qualquer dimensão elitista, e de que fala, no espaço público, não como um intelectual de partido, ou como um conselheiro do rei, mas somente em seu próprio nome, como cidadão, naturalmente com o objetivo de convencer os outros”. (cf. Jürgen Habermas em Habermas: 70 anos, 1998).

Foi um socialista convicto e se manteve fiel à sua classe de origem. Para Antonio Candido, Florestan foi um dos maiores sociólogos do Brasil, senão do mundo. Faleceu em São Paulo no dia 10 de agosto de 1995 aos 75 anos de idade devido complicações causadas por uma cirugia mal sucedida.

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 30/11/2013
Reeditado em 30/11/2013
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