INFÂNCIA...

Dolce Bárbara

AUTOBIOGRAFIA.... Parte 1- INFÂNCIA

Minha mãe teve seis filhos, cinco homens e só eu de mulher.

Ás vezes penso, como seria se eu tivesse uma irmã, acho-me bem chata, sei lá dessa coisa de dividir algo com alguém, não me soa com muito amor, tenho ciúmes do que é meu mas, de repente, tudo seria diferente e, eu amaria sim. Porém, eu não tive uma irmã e, Deus sabe o que faz.

Com seus 12 anos, perdi meu irmão Zeca. Que adorava mato e odiava cidade grande. Pra ele São Paulo era a morte certa e, um dia jurou: Se fosse pra viver aqui a vida não mais faria sentido e, desde então minha mãe não se opôs ao fascínio dele pelas montanhas do município de Barbacena-nas Minas Gerais e, o deixou a morar com minha avó materna.

A gente se via duas vezes por ano, nas férias escolares de Julho e no Natal.

Quando meu pai comprava as passagens, eu contava nos dedos até chegar a hora certa do embarque. Era uma aventura e eu sempre escolhia o lado da janela. Ver o mundo passando tão rápido lá fora chamava minha atenção. E, filmava cada lugarzinho. Uma região cheia de montanhas, uma natureza rica com inúmeras cachoeiras... No meio da mata uma casinha bem simples. Ali o mundo parecia encantado e até hoje acho que era mesmo um reino encantado. Não existia tecnologia e, a gente era bem feliz... Cada amanhecer uma festa. Lá fora minha avó dava milho para as galinhas, achava tudo um máximo e, eu tentava imitá-la. O nosso mundo era assim, feito de coisinhas bem simples, o sol era todo nosso. Tinha um rio onde costumávamos a pescar e pegar lambaris com as mãos. Bem, a gente tentava e, o rio também era todo nosso. Nunca pagamos nenhum tostão por tudo isso.

Nesta época tão feliz, eu não sabia o significado da palavra preocupação.

Sem entender o sentido de tudo, ainda criança olhava o hábito dos meus avós, tias e meus pais, e quando o ponteiro apontava pro céu era o momento de falar com Deus. Eu observava bem atenta, e achava que tinha um homem dentro do rádio, mas era uma pilha que fazia o homem falar. Até hoje acho isso engraçado, uma pessoa de tão longe nos falando tão perto. Todos os dias orávamos a Ave Maria, e tudo ao nosso redor era abençoado.

Aos Domingos ir a missa era coisa bem séria e, nunca achei este momento cafona ou fora de moda, eu amava, amo tudo isso. Antigamente as pessoas eram bem mais cheias de Fé, hoje sinto o mundo todo mudado, na realidade o mundo está igualzinho, são as pessoas que mudaram. As tardes pareciam estar se esticando e o relógio ficava preguiçoso, demorava uma eternidade a passar...

Tenho infinitas lembranças da minha infância...