Eternamente entre Eros e Thanatos

From: claudemirdarkneysantos

Date: 05/05/2007 02:44

Subject: Eternamente entre Eros e Thanatos

To: eternamente.amante@gmail.com

PS: Esta publicação não é minha e sim de um valioso amigo que nunca esqueci. Quis compartilhar com voceis, pois hoje estou saudosa... relembrando o tempo bom que passou....

Não suporto certas mentes ditas criativas que querem nos encher com suas verdades aprendidas no caminhar da vida, como se alguém soubesse a melhor maneira de viver a vida. Me agrada mais o pulsar de uma alma à moda antiga, onde o primitismo das sensações essenciais nos fazem respirar, inspirar, nos sentir humanos mais uma vez. Talvez por isto tenha me apaixonado pela obra da Eternamente Amante. E o que é que esta poetisa me traz de novo? A sensação de ser humano em um mundo onde a hipocrisia e o sentimento fácil reinam entre as letras. Em contato com seus poemas, me surpreendi com seu eu masculino descrevendo com destreza como se sente um homem ao amar uma mulher, um ato real, onde as palavras descrevem a sensação de um orgasmo puro, sem a malícia corriqueira do pornô soft que impregna poemas neste estilo. Então, em seguida, sem saber se é sonho ou realidade, mergulha em um amor platônico que me revela um Álvares de Azevedo em versão feminina e febril por um toque íntimo. Seguindo ainda os passos da segunda fase romantica, representa a guardiã da morte de forma assustadoramente sexy e fria, causando um certo desespero e um frio na espinha, que nos dá vontade medrosa de morrer e encontrá-la no final de tudo. Sensação que se concretiza quando a caçadora de almas arranca as cobertas e nos mostra como é inútil gritar quando a única saída é se entregar à sua força. Simplesmente assustadoramente apaixonante! Um toque mortal no pescoço, tão inevitável que nos leva a desejar tal momento.

No pequeno, mas fatal, desejo e morte, a poetisa nos coloca entre Eros e Thanatos e nos faz desejar viver e morrer ao mesmo tempo. Desejar? Não, não há desejo neste pequeno texto, e sim um fato irredutível cantado por Belchior desta forma, "era como aquela gente honesta, boa e comovida, que caminha para morte pensando em vencer na vida". Nada mais doce e brutal que a definição dos poetas! E os poemas correm, um confirmando a afirmação do outro em outras palavras, em outros sentidos, nos levando para um mundo interior de uma forma que nem sempre ousanmos ir, mas de uma maneira tão docemente brutal, que nos faz amar a dor poética pelos instantes da inevitável leitura. "Por que hoje não quero ser eu a ir" tem face de canção, onde o desespero da vida se confunde com a benção da morte, da entrega, da vida em seu estágio maior. A Amante nos convida a viver neste universo.

Logo após, fala novamente sobre amor da mesma forma, pulsante, clássica e atual, como tudo que é escrito para fazer sentido em qualquer alma, em qualquer época. A poetisa alcança a utopia de forma tão linear, que todos nos sentimos capazes de concretizá-la além da palavra. E ir além da palavra é algo tão difícil em nossos atuais dias...

E então, quando começamos a pensar em concretizações, ela nos diz que saber sobre a existência talvez seja suficiente e, depois, nos convida a correr o risco de viver intensamente, de forma que um dia não apague toda uma vida. Aonde ela quer nos levar? Nem imagino, uma vez que no último poema, ela confessa: "é difícil falar de amor. Quando amamos, vemos além daquilo que se vê", e... reticências. E agora? Ela nos diz? Seu eu poético? Suas experiências de vida - talvez descritas, mas nunca impostas? Não sei, me perdi em meio a palavras e sensações causadas por elas. Ufa! Quantas dúvidas! Assim, eu me sinto humano, passível a tudo!

Então, caro leitor, me responda, se puder:

como passar por este mar de poesias sem se molhar com a saliva, o sêmen e o sangue dos instintos de vida e morte conhecidos como Eros e Thanatos? Confesso que não consegui, e à poetisa, eu pergunto: como podes mergulhar nos horrores e amores, paixões e pavores da alma humana com um punhado de palavras nas pontas dos dedos?

Simplesmente apaixonante, como a primeira vez que tive contato com seu universo. Bjs na alma, coração, e até breve!