BIOGRAFIA NATALINO DE SOUZA NUNES

NATALINO DE SOUSA NUNES

⃰ 11-12-1935

Natalino de Sousa Nunes, Nato ou Mestre Nato, nasceu em Rio de Contas, cidade situada na região da Chapada Diamantina, em 11 de dezembro de 1935. Descende de José de Souza Nunes e de Maria de Souza Nunes. Seus pais tiveram 13 filhos: Guilherme, Juliete, Floripes, João, Antônio, Natal, Maria Mercedes, Cremilda, Luís, Jerolina, Francisco, Natalino e Stelita de Sousa Nunes.

Estudou até o quarto ano do curso primário em sua cidade e teve uma infância como a de qualquer outro menino, mas, por influência da família e por vocação, sempre gostou de música, caminho por que se enveredou desde a infância.

É proveniente de uma família de músicos: avós, tios, pai, irmãos, filhos e sobrinhos, todos foram ou são músicos. Recebeu do tio Sebastião Maximino de Souza lições de música, apesar de já ser envolvido com a arte, por tradição de família. Aos 15 anos, já era profissional da música, tocava na Lira dos Artistas, filarmônica de Rio de Contas e na Lira Nossa Senhora do Livramento. Tocava também em outras cidades vizinhas e adorava tocar e cantar Reis. Chegou a ser comerciante, mas não deu seguimento a essa profissão.

Além de músico, desenvolveu, como é tradição dos rio-contenses, o artesanato, fabricando chicotes para animais, com cabo de madeira, onde eram incrustados metais e outros enfeites. Esses artesanatos eram vendidos para Otávio Cândido de Oliveira e para Ozório Porto, comerciantes da cidade de Brumado. Mantém, até hoje, a oficina de artesanato como relíquia, por estima e apreço à arte. Deixou esse ofício por motivo de problemas de saúde. Exerceu também a profissão de pedreiro. Empreendedor, construía casas em Rio de Contas e em Brumado e vendia-as posteriormente. Conta que o pai era ajudante de padeiro e também trabalhava na roça. Os filhos ajudavam-no.

“Fui para o Paraná em 1953, para trabalhar na Usina de Jacarezinho (usina de cana-de-açúcar), cuja safra era de seis meses, serviço duro e penoso. Voltei, mas a dificuldade continuou a mesma. Valia-me de vender, nas localidades vizinhas, o artesanato que fabricava e outras mercadorias de terceiros que revendia. Extraí tabatinga, produto que servia para pintura de paredes, e vendia às latas”, conta Nato.

Em 1986, em Brumado, fundou a Lira 13 de Maio. Tocou no Jazz Record, no Clube Social de Brumado e no conjunto Os Magnatas. Fez parte da Lira dos Artistas de Rio de Contas (Sociedade Musical Beneficente Lira dos Artistas de Rio de Contas), fundada em 15-08-1923 e da Lira Nossa Senhora de Livramento. É membro da Lira Ceciliana de Brumado desde 1970, por convite de Seu Quinquinha (Joaquim Gomes Pereira) que substituiu, na presidência da Lira, o Sr. José Borges Sampaio (fundador).

Como ele, vários músicos foram trazidos de Rio de Contas, Barra da Estiva e Ituaçu, para integrarem a Lira Ceciliana. Esses músicos eram empregados na prefeitura e na empresa Magnesita S.A, por interseção e prestígio do presidente da Lira. Na Lira de Brumado, foi músico regente, sub-regente e professor de música até 2004. Ainda hoje, a atividade de professor de música ele realiza em sua casa. É inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil, na delegacia de Vitória da Conquista, desde o ano de 1962. Toca todos os instrumentos do seu conhecimento, e são vários, desde os de sopro aos de cordas e teclados, contudo tem preferência por saxofone, trombone, teclado e guitarra. Em 1976, esteve em Salvador e participou do Festival de Bandas do Interior, realizado no Campo Grande.

Casou-se com Maria Emília dos Santos, rio-contense, nascida em 01-06-1937, filha de Francelino Cordeiro dos Santos e Emília Maria dos Santos. O casamento no religioso foi realizado em 21-09-1957, na Igreja Católica, com celebração do Padre Sinval (de Livramento) e, em 21-12-1957, no civil, perante o Juiz Zurel Queiroz da Cunha, em Rio de Contas, quando a nubente passou a assinar Maria Emília dos Santos Nunes. Foram testemunhas do casamento Juvenal Cândido de Oliveira e Rosalino José de Souza. Dessa união, resultaram os filhos: Aguinaldo (falecido), Marileuza, José Evangelista, Laudelino Ramos e Angelita Maria dos Santos Nunes. “Trabalhei duro, com honestidade e sinceridade, à minha família nada faltou e não faltará com a providência Divina”, disse.

Ele relata que tem muita saudade da sua terra natal, mas já se considera brumadense, não só pelo título de cidadão que recebeu, como também por ter criado raízes na cidade: emprego, filhos, amigos e patrimônio prendem-no na urbe brumadense. Brumado foi muito importante na sua vida. A sua vinda para cá foi também motivada pela falta de empregos na cidade onde nasceu. Ficou difícil arranjar uma colocação em Rio de Contas, por ser um núcleo pequeno, de poucas oportunidades de trabalho.

Seu Natalino tem bastante experiência e habilidade musical. Escreve músicas e quadros musicais e tem dobrados de sua autoria. É um homem falastrão e bem-informado. A sala de sua casa mais parece um museu, tudo que aconteceu e acontece em sua vida está exposto, além de muitas relíquias que guarda, desde instrumentos antigos até as diversas homenagens que recebeu. Tudo está documentado.

Trabalhou por pouco tempo na Magnesita. Foi empregado da Prefeitura Municipal de Brumado no período de 02-04-73 a 28-02-2001. Iniciou como jardineiro e aposentou-se em 24-01-2001, como auxiliar administrativo, recebendo seu benefício do INSS.

Foi agraciado com diversas homenagens, dentre elas: em 12-06-1999, recebeu diploma de agradecimento como Jurado da ll FESMUP (Festival da Música Popular); em 16-11-2001, o Título de Honra ao Mérito, pelos serviços prestados à Lira Ceciliana Brumadense, quando completou 40 anos da sua fundação (1961-2001); em 12-12-2003, o amigo Dálcio o homenageou com um poema falando da sua habilidade de músico e da sua personalidade como homem correto e sincero; em 26-11-2009, como músico, recebeu do Rotary Clube de Brumado diploma de Honra ao Mérito; em 26-04-2012, do ABRACADABRA, o título de Honra ao Mérito, pela sua contribuição cultural para a cidade; em 10-01-2013, na Câmara Municipal de Brumado, por iniciativa do vereador Édio Pereira da Silva, foi-lhe concedido o Título de Cidadão Brumadense.

Questionado sobre sua religião, disse: “Não tenho religião definida, porém sou cristão, acredito na Divindade tríplice, designação católica em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) reunidas em uma só pessoa, Deus”. E acrescentou: “Relembro o que já se passou e prevejo o que vai passar, contudo vivo o presente. Sigo a orientação religiosa que recebi: fazer o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo três vezes ao dia”.

Os dados desta biografia foram colhidos através de entrevista realizada na casa de Natalino, a quem agradecemos as informações e a boa vontade em nos atender.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 28/07/2014.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 28/08/2014
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