BIOGRAFIA EDITH VIANA MACHADO

EDITH VIANA MACHADO

٭01-07-1915

†20-01-2009

Filha de Albino Vianna (Seu Beninho), nascido em 1891, e de Vitalina Novais Vianna, Edith Viana Machado nasceu em 01 de julho de 1915, na cidade de Caculé-BA, no entanto seu nascimento só foi registrado em cartório, no ano de 1916. Era a segunda da prole de quatro filhos do casal, a saber: Jesuíno, Edith, Sizínio e José, todos falecidos.

Aos dois anos, ficou órfã de mãe, sendo criada pela madrasta Aristéia, segunda esposa do seu Beninho, até os sete anos, ocasião em que o casal se separou, e o Sr. Beninho foi viver com sua nova companheira, Jovina Novais, irmã da falecida esposa, a qual já possuía dois filhos: Otaviano (conhecido como Maroto) e Idalice. A partir daí, Edith passou a viver com o casal.

Seu pai Beninho, que exercia a profissão de dentista prático, a convite de amigos, resolveu vir para Brumado, em 1932, exercendo aqui a referida profissão, e com ele trouxe a família. Com sua nova companheira, o Sr. Beninho aumentou sua prole em mais seis filhos, a saber: Nelson, Ivan, Moacyr, Dalva, Antônio e Maria de Lourdes.

Edith já sabia ler e escrever, pois frequentara alguns anos de escola primária quando residia em Caculé. Aqui resolveu fazer um curso de corte e costura. Ajudava nos afazeres domésticos da casa e, nas horas de folga, confeccionava seus próprios vestidos.

Em Brumado, conheceu o jovem Alvino Machado, filho de José Alvino Machado (Cazuza) e Emília Gomes Machado, com quem se casou no religioso em 06 de abril de 1934, aos 18 anos. O ato foi celebrado pelo Padre José Dias Ribeiro da Silva, tendo como testemunhas o Sr. Arthur Revenster da Costa e Antônio Cardozo do Nascimento. No mesmo dia, foi realizado o casamento no civil, em cerimônia celebrada pelo Juiz Preparador, Dr. Evandro Pereira Andrade, tendo como testemunhas, além dos senhores Arthur Revenster e Antônio Cardozo, a senhora Julieta Canguçu Cardozo. O registro deste enlace, após o qual a nubente passou a assinar Edith Vianna Machado, foi lavrado pelo escrivão Hermes Santos.

Dessa união, nasceram os filhos: José Maria, Dolores, Henaide, Terezinha, Maria Helena e Maria de Jesus, os quais lhes deram 19 netos, 20 bisnetos e 3 trinetos.

Seu esposo, além do amor que os unia, tinha em Edith seu braço direito. Ela, ao longo dos seus 93 anos, exerceu, com orgulho, as atividades do lar, além de trabalhar como costureira. Atendia uma grande clientela, inclusive na confecção de vestidos de noivas, batizados e festas, os quais eram cuidadosamente bordados com rendas e bicos de sua própria fabricação (trabalhava com bilros). Além de ajudar o marido no sustento da família, trabalhando como costureira, dedicava-se à culinária e fazia salgados para serem vendidos nos bares da cidade e, em épocas de festa, nas quermesses da Igreja Matriz e no clube social. Artesã de mão cheia, seus vários trabalhos em tapeçaria e a incrível habilidade em montar colchas de retalhos e fuxicos atraíam a atenção das pessoas que a visitavam. Hoje seus trabalhos, verdadeiras preciosidades, encontram-se em poder dos filhos, parentes e amigos que residem em Brumado e em outros Estados.

Morava numa pequena casa na Rua Tiradentes, hoje denominada Alan Kardec. Foi então, que Dr. Marcolino Moura, em 1937, deu a Alvino um terreno, na Praça da Matriz, onde este construiu sua casa.

Seu Alvino, cuja profissão era a de sapateiro, com dificuldade, por não existir transporte, ia buscar, a pé, o fardo de sola, transportando-o no ombro, de Aracatu a Brumado. Edith, sua esposa, até altas horas da noite, ajudava-o a recortar moldes das sandálias que eram confeccionadas e vendidas na feira livre de Brumado. Nos intervalos da sua profissão de modista, Edith ajudava, também, a moldar adobes para a edificação da sua casa.

Devota do Senhor Bom Jesus, tornou-se membro do Apostolado do Coração de Jesus, participando ativamente das reuniões e festejos religiosos. Todos os anos, na época do Natal, ela armava, em sua casa, um lindo presépio, que era visitado pela população brumadense, e só o desarmava após a passagem dos reiseiros, que vinham render louvores e venerar o Deus Menino, além de saborear os quitutes que ela preparava especialmente para essa ocasião.

A lateral da casa de D. Edite dava para a travessa Muniz Sodré, que se tornou palco de uma vivência de lutas dessa cidadã guerreira. Ela era conhecida pela comunidade brumadense como mulher que não via obstáculo para conseguir um lugar ao sol. Seus filhos Zé Maria, Dolores e Henaide, sendo os mais velhos, dedicaram-se ao trabalho, somando recursos para o sustento da família.

Os cortejos dos casamentos oriundos da zona rural encontravam na casa de D. Edith o pouso certo para os noivos e padrinhos se arrumarem para a cerimônia. Como não cobrava a estada, traziam frutas e legumes que eram transportados em carros de bois ou no lombo dos burros. Além disso, os casais davam a D. Edith os filhos para batizar, tornando-se comadre de muita gente da zona rural. Sua casa também era referência para os menos favorecidos, pois ali os pedintes encontravam sempre um prato de comida para matar a fome.

Em 26 de agosto de 1976, D. Edith ficou viúva. Como o esteio da família, continuou conduzindo os filhos pelo caminho da honestidade, dignidade e fé cristã.

No seu aniversário de 80 anos, seus filhos encomendaram uma missa em ação de graças, celebrada pelo Monsenhor Antônio Fagundes. Contando com a presença dos parentes e amigos, muito emocionada, ela recebeu merecidas homenagens.

Em maio de 2004, a Casa da Amizade e o Rotary Club de Brumado conferiram a Edith Vianna Machado o diploma de Honra ao Mérito como trisavó, bisavó, avó e mãe, recebendo das mãos de Dona Diná Gomes Fernandes uma placa comemorativa. Nessa mesma noite, durante a cerimônia, ficaram expostos seus trabalhos de tapeçaria, colchas de fuxico e de retalhos no salão nobre da referida entidade.

Dona Edith gostava de música e, durante as reuniões familiares, ela pedia para tocar a “Oração da Família”, de preferência cantada pelo Padre Zezinho. Essa música acompanhou o cortejo fúnebre de D. Edith até a sua última morada. Aos 93 anos, acometida de uma doença cardíaca, D. Edith partiu para o reino do céu, em 20 de janeiro de 2009. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Senhor do Bonfim, na carneira onde se encontram os restos mortais do seu esposo Alvino.

Seus filhos agradecem a Deus a oportunidade de convivência em tão doce companhia, compartilhar momentos em que ela tão sabiamente transmitia seus conhecimentos e conselhos que direcionaram suas vidas para que eles chegassem até onde estão, fazendo com que eles enxergassem os tropeços como aprendizagem para uma nova investida e ensinando-os a erguerem a cabeça diante dos obstáculos.

Para todos que a conheceram, D. Edith foi o exemplo vivo da honestidade e sensatez, mantendo sempre a essência da dignidade que norteia, ainda hoje, a conduta da sua família. Ela foi o amor puro e verdadeiro que sempre acalentou seus filhos e protegeu-os durante toda a vida e, mesmo na eternidade, continua a irradiar essa luz que os encoraja, para continuarem a buscar, sem medo, as soluções para seus problemas.

A Travessa Muniz Sodré, testemunha de luta de vida de D. Edith, a pedido dos filhos, com a interseção do Vereador Miguel Lima Dias, passou a denominar-se Travessa Edith Vianna Machado, através do Projeto de Lei nº 013/2012, aprovado em 04 de junho de 2012 por unanimidade da Câmara de Vereadores de Brumado e sancionado pelo prefeito Eduardo Lima Vasconcelos em 16 de julho de 2012.

Dona Edith tinha um sorriso fraterno e amigo que conquistava as pessoas. Bondosa e caridosa, viveu a sua idiossincrasia com a sinceridade que a caracterizava. Assim a conheci.

Dados fornecidos pela filha Maria Helena Viana (Machado) Carneiro, com o compartilhamento da família, a quem agradecemos a colaboração.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, 27/07/2014.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 30/08/2014
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