BIOGRAFIA JOSÉ ÁLVARO DANTAS - DR. ZEZITO

JOSÉ ÁLVARO DANTAS - DR. ZEZITO

٭14-11-1929†24-11-1990

De tradicional família de Rio de Contas, José Álvaro Dantas – Zezito, nasceu em 14 de novembro de 1929. Filho de Álvaro Aurélio Dantas e Athanagilda Vianna Dantas que tiveram os seguintes filhos: Lygia Maria, Zênia Maria, João Álvaro, Antonio Álvaro, Maryzia Eny e José Álvaro Dantas. Seu pai enviuvou-se em 1948 e em 1950 em segundas núpcias casou-se com Gerolina Viana Dantas e tiveram os filhos Álvaro José, Lizemar Lúcia, Nivaldo Aurélio Dantas.

José Álvaro Dantas, Zezito, faleceu em Salvador no dia 24 de novembro de 1990 com 61 anos e está enterrado no Cemitério Jardim da Saudade.

Viveu a infância como toda criança: brincou, jogou bola (bola de meia), e outras brincadeiras concernentes à idade e ao lugar, uma pequena cidade sem muitas opções de lazer. Estudava e ajudava o pai. Ficou órfão de mãe aos 18 anos.

Cursou o primário na escola Barão de Macaúbas em Rio de Contas. Por falta de um ginásio rio-contense foi para Salvador e deu seguimento aos estudos, cursando além do ginásio, o científico e prestou vestibular. Aprovado, matriculou-se na Escola de Medicina da Universidade da Bahia – UFBA, formando-se em 1956. Registrou-se no Cremeb com o nº 1224.

Recebeu convite de um parente e foi clinicar em Teófilo Otoni (MG). Regressou para a Bahia em 1957 e foi convidado para exercer a medicina na Magnesita S.A. indo morar em Catiboaba, por deliberação da empresa. Em 1959 mudou-se para Brumado onde se estabeleceu com consultório particular até 1967.

Embora fosse especialista em ginecologia e obstetrícia, atuava em todas as áreas médicas como clínico geral. Generalista, por força das circunstâncias, e por escassez de médicos para atendimento na região, não se cogitava em especialização. Jamais deixou de atender a quem o procurasse por seus serviços médicos a qualquer hora, quer dia, quer noite. Observava sempre os ensinamentos de Hipócrates; “A arte médica é sagrada. Um médico deve usar o seu saber para ajudar os doentes, de acordo com a sua habilidade e julgamento...”.

Por motivos de saúde, em março de 1967, mudou-se para Salvador, para diminuir o ritmo de trabalho e por ter maiores recursos médicos que o atendesse. Aí manteve consultório particular e foi médico perito do INSS.

Pertenceu ao Rotary Clube de Brumado, um dos fundadores e batalhador para a sua instalação, com fundação em 24/12/1964, sendo presidente por dois anos consecutivos de 1964 a 1966. O médico José Álvaro Dantas - Dr. Zezito, fez parte em Salvador, do Rotary Clube Salvador Itapagipe.

Em 20 de dezembro de 1957, na Igreja Matriz da cidade de Vitória da Conquista, José Álvaro Dantas, Doutor Zezito, casou-se com a cirurgiã dentista Nildete Dutra Amorim e após o ato passou a assinar Nildete Amorim Dantas. Ela nasceu na cidade de Jânio Quadros no dia 29 de outubro de 1930, filha de Isai dos Santos Amorim e Jacy Dutra Amorim. O casal Álvaro/Nildete teve cinco filhos: Jonilde, Sandra Myriam, Kátia, José Álvaro Dantas Júnior e Paulo Sérgio que lhe deram oito netos: Andrea, Flávia, Caroline, Bruna, Gustavo, Adriana, Clara e Júlia.

Zezito era uma pessoa apolítica, embora tenha recebido alguns convites. Em sua homenagem a Câmara de Vereadores de Brumado, nominou-lhe um logradouro da cidade consoante Lei nº 1.018 de 10 de abril de 1992 e através do Decreto nº 4.553 de 25 de junho de 2012, o prefeito no uso de suas atribuições legais nominou o Módulo de Diagnóstico construído na área do Hospital Municipal Professor Magalhães Neto, de Módulo de Diagnóstico Dr. José Álvaro Dantas.

Na fazenda de sua propriedade na cidade de Itapetinga gostava de montaria e de pescar. Apreciava músicas que atendiam ao seu gosto apurado e requintado, motivos para espraiar as ideias. Gostava de escrever – especialmente poesias e de uma leitura agradável de escritores nacionais e estrangeiros, além de, leituras técnicas de medicina.

Como médico, atendia a qualquer hora do dia ou da noite sem se preocupar com o pagamento da consulta na intervenção médica, não media esforços para atender a todos – em primeiro lugar o paciente, dizia. Seguia a intuição de proporcionar o bem-estar ao povo sem esperar recompensas. Observava o conselho dos pais: Agir com honestidade e respeito ao próximo. Era um altruísta.

Depoimento de Dona Dazinha (viúva de Chiquinho Gavião): “Portadora de artrite severa teve dificuldades de se aposentar devido a resistência dos peritos em conceder-lhe a aposentadoria. Diante disso ela procurou Dr. Zezito em Salvador, na sua residência e cientificou-lhe o ocorrido. Dr. Zezito, que a conhecia e sabia do seu problema, fez um relatório minucioso e mondou-a entregar ao médico perito. E recomendou-lhe que ao entregar o relatório não mencionasse o nome Zezito, pois no meio médico era conhecido por Dr. Dantas. Acatado o relatório, foi aposentada. Na altura dos seus 92 anos, está lúcida, porém com as sequelas da artrite severa. Agradece primeiramente a Deus e a Dr. Zezito pela sua aposentadoria.

Colecionava muitas amizades, até pela profissão de médico. Fez muitos amigos nos lugares onde mourejou, tendo por princípio a humildade, o respeito e a consideração com quem se relacionava.

Zezito foi um ótimo filho, honrou e dignificou a família. Foi irmão respeitoso e respeitado, como esposo e pai, foi exemplo de honradez e extremoso avô.

PARTICULARIDADES:

Seu Álvaro Aurélio Dantas, ‘sinhô de Gerolina’, (1907-1994), pai de Zezito, era próspero comerciante. Com a decadência da extração do ouro em Rio de Contas, acabou com o comércio, fechou a fábrica de sapatos, botas, sandálias e manutenção aos calçados e empregava 30 artesãos em sua tenda (oficina de trabalho). Mudou-se com a família para Brumado em 1960 a procura de melhor sobrevivência e condições de vida. Estabelece-se com o Hotel Brasília, muito famoso, cuja direção exercia juntamente com a sua esposa (prima e comadre) Gerolina (Sinhá). No lugar do Hotel Brasília foi construído o prédio do atual Banco do Brasil S.A.

Frise-se que Zezito incentivou e ajudou a custear os estudos das irmãs em Caetité que se formaram em professoras primária. O curso normal era a única opção de formatura no alto sertão baiano.

FATO PITORESCO: (Relatado por Francisco Cláudio Mangieri):

Certa vez, um grande amigo – Mangieri, marido de uma de suas primas (Santinha) estava transtornado, pois o prédio onde estava estabelecido comercialmente foi posto a venda pelo proprietário (Manoel Joaquim dos Santos Carvalho – Dr. Nezinho). Mangieri não tendo dinheiro para comprá-lo, ficou preocupado e depressivo, pois era do comércio que tirava o seu sustento e não via possibilidade de arrumar outro ponto comercialmente igual.

Dr. Zezito que costumeiramente tomava um cafezinho na residência do casal, antes de ir para o consultório médico, estranhou a tristeza do amigo e procurou saber do que se tratava. Colocado a par do assunto, foi-se embora sem esboçar qualquer reação. No dia seguinte, entregou o documento do imóvel, que havia comprado, dizendo-lhe: “Você não ficará sem o seu ponto de venda, quando puder devolva-me a importância paga”. Mangieri foi correto, em pouco tempo, pagou ao amigo a importância investida na compra do imóvel.

Esse relato configura-se a benevolência de Zezito, que tinha grande consideração para com os amigos e parentes, o fazia por desprendimento à pessoa da sua estima.

A família Dantas que veio para Brumado é Rio-contense de nascimento e brumadense de coração. Granjearam muitas amizades e prestaram serviços extraordinários à comunidade brumadense que os reconhece não só pelo labor e também como intelectuais – professores e médico e os reverencia como filhos da terra.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado em, junho de 2014.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 17/09/2014
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