BIOGRAFIA JOSÉ JOAQUIM DA SILVA LEITE

JOSÉ JOAQUIM DA SILVA LEITE

CORONEL ZECA LEITE

*26/09/1878

†08/07/1975

José Joaquim da Silva Leite – Coronel Zeca Leite – foi um homem íntegro e correto, pessoa amável e solícita, dono de uma personalidade de muito respeito social e familiar devido a seu comportamento exemplar de cidadão e trajetória de vida que honrou e dignificou a sua geração.

Zeca Leite era filho de Tibúrcio da Silva Leite Filho e de dona Carolina Alves Bonfim. Nasceu em 26 de setembro de 1878 e faleceu em 08 de julho de 1975. Casou-se, em primeiras núpcias, no ano de 1903, com Júlia Arlinda da Silva Leite, nascida em 25 de dezembro de 1884 e falecida em 19 de fevereiro de 1924.

O casal teve dezesseis filhos, sendo nove do sexo masculino e sete do feminino: Eutímio (Timo), Sebastião (Tião Dunga), Aurezino (Zizi), Altamirando (Miranda), Almirando (Ala), Wilson – falecido ainda criança –, José Walter (Zé Walter) – único filho vivo, Djaniro (Deja), Mário Nilton, Maria Jaci, Petrolina, Almerinda, Maria José, Cidália, Maura e Deusciana.

Em segundas núpcias, casou-se em 11 de novembro de 1924, com Maria da Purificação Leite, mais conhecida por Dona, nascida em 02/02/1906 e falecida em 20/01/1978, com 72 anos. Desta união, nasceram duas filhas, as quais morreram em idade tenra, nos anos de 1926 e 1927.

O Cel. Zeca Leite foi agente dos Correios (1901), Coletor Federal, Correspondente do Banco do Brasil S.A. (tendo como colaborador o filho Zé Walter), Agente da Sul América Seguros de Vida e representante de diversas casas comerciais de Salvador e São Felix e de empresas de outros estados.

Naquela época, aqui não havia agência bancária, e as letras ou faturas eram cobradas por seu Zeca, representante autorizado, e enviadas por um positivo credenciado. Sua generosidade era tanta que, quando o cliente não tinha o numerário para pagar o título, ele pagava de seu próprio bolso, para depois ser ressarcido. Assim me contaram Sebastião Meira Santos e Agnelo dos Santos Azevedo.

Foi comerciante por longos anos, no ramo de tecidos, perfumarias, miudezas e produtos farmacêuticos. Aviava as receitas de Dr. Mário Meira, o único médico da cidade. Foi comprador de algodão, couro de bovinos e peles de ovinos e caprinos. As peles e o algodão eram enfardados em prensa própria e remetidos para Salvador, onde eram comercializados.

Agricultor, era grande produtor de algodão, mandioca, feijão e milho produzidos em propriedades próprias, no Engenho Velho e Roçado. Na Fazenda Alegria, reservou uma área para o plantio de cana-de-açúcar destinada ao fabrico de aguardente em engenhos e alambiques de sua propriedade, assim como da conhecida rapadura. Ali também havia a casa de farinha de mandioca, além de árvores frutíferas.

Pecuarista, foi criador de gado vacum, equinos, ovinos e caprinos (uma vocação da região). Todos os animais eram criados nas fazendas Roçado e Engenho Velho, com rações feitas com caroço de algodão, palma e capim nativo.

Como vimos, tratava-se de uma pessoa de grande atividade e de grande dinamismo que, como comerciante, agricultor e pecuarista, teve, portanto, uma vida intensa e de muita criatividade.

O Coronel Zeca Leite recebeu diversas homenagens em carta patente como: Capitão, Tenente-Coronel e finalmente o título de Coronel. Não se sabe se esses títulos foram comprados do Governo Federal ou se, pela sua importância social, foi cognominado pelo povo que o homenageou com tais designações.

O Coronel Zeca Leite foi um homem que viveu intensamente o seu tempo, relacionando-se com toda a sociedade brumadense, sem se envolver com as questões políticas. Não tinha inimigos nem adversários.

Homem de pequena estatura física, porém de um coração magnânimo, era cultor da honestidade e da sinceridade. Dessa forma, sobressaiu-se como pai de família e exemplar religioso convicto, temente a Deus. Obteve o respeito de toda a sociedade pela justeza e clareza de suas ações dignas e honradas, procurando sempre se desviar do malfeito.

Consta que, pelo seu status social, foi padrinho de muitos conterrâneos, dentre os quais destacamos o senhor Armindo dos Santos Azevedo, ex-prefeito municipal. Foi também patrocinador de muitos batizados e casamentos.

Conta-se que um viajante do Rio de Janeiro, ao visitar a casa comercial do Coronel Zeca, deparou-se com Eutímio, que estava atendendo ao balcão, e confundiu-o com o proprietário, tratando-o como se fosse o Coronel Zeca, quando ouviu: “Não, não sou Zeca Leite, vou chamar meu pai para lhe atender”. Assim que Eutímio saiu para chamar o pai, o viajante manifestou-se: “Isso é que é terra de se morar. Um homem dessa idade ainda tem pai!”. Esse comentário é para justificar a longevidade do protagonista.

Como religioso de fé inabalável, fez uma promessa ao Senhor Bom Jesus Lapa no ano de 1904: uma viagem com a família até a gruta do Senhor Bom Jesus da Lapa. Por motivos de saúde e nascimento de um filho, só foi possível realizá-la em 20 de junho de 1918, cumprindo, dessa forma, o prometido com a obrigação religiosa. Bastante religioso, era assíduo frequentador de missas e demais atos católicos realizados, dos quais participava ativamente com a fé característica da sua compreensão religiosa.

Teve, como homenagem, através da Lei nº. 781 de 8 de dezembro de 1979, sancionada pelo prefeito Agamenon Lima de Santana, designado o seu nome para denominar a praça em que se localiza atualmente a Prefeitura Municipal de Brumado, em substituição ao nome de Praça da Liberdade, que passou a chamar-se Praça Cel. Zeca Leite. Posteriormente, com a renovação da praça, o ex-prefeito e médico Geraldo Leite Azevedo homenageou-o com um discurso eloquente, verve da sua competência. A praça hoje, seguramente, é um dos cartões-postais de Brumado.

Todas as homenagens consagradas a Seu Zeca Leite foram justas pelo exemplar comportamento, quer social, quer familiar, pela sua idoneidade e idiossincrasias características de homem correto e pessoa de grandeza insuspeita, reconhecido pela sociedade brumadense, com a qual ele viveu em harmonia e sintonia com as suas performances social, religiosa e familiar.

Após o falecimento do Coronel Zeca, os herdeiros venderam suas terras para a empresa Magnesita S/A.

Pelo seu desempenho, a sociedade reconhece-o como uma figura ímpar que deu bons exemplos, os quais devem ser seguidos para que tenhamos uma sociedade mais justa e compreensiva, sem egoísmo, arrogância, vaidades nem prepotência, mas com simplicidade, como a que viveu Seu Zeca Leite, com orgulho e dignidade.

Meus agradecimentos ao senhor José Walter Leite e demais colaboradores pelos dados coligidos e repassados à minha pessoa, com os quais fiz este relato com o objetivo de resgatar a memória de Seu Zeca e prestar-lhe esta homenagem. Que o Cel. Zeca Leite não caia no esquecimento das novas gerações que precisam tomar conhecimento dos valores do passado, pois “povo esquecido não será rememorado”. “Não há futuro sem passado”; “Cremos que o melhor serviço que se pode prestar às novas gerações é legar-lhes as memórias desse passado...” (frases coletadas na Internet).

Segundo Gautama Buda, “Todo o passado está contido no presente, determinando-o; assim, o presente resume o passado e contém em potencial todo o futuro”. Tais afirmações comprovam que o mundo está sempre em evolução; portanto, o passado faz parte do presente e nos leva a conjeturar o futuro.

Pessoas consultadas:

José Walter Leite;

Dursulino de Souza Meira;

Agnelo dos Santos Azevedo;

Sebastião Meira Santos;

Luiz Frederico Rego.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 17/12/2007.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 05/10/2014
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