BIOGRAFIA NILTON LIMA VASCONCELOS

NILTON LIMA VASCONCELOS

*27-07-1922†23-07-2014

Nilton Lima Vasconcelos, brumadense, nascido no dia 27 de julho de 1922, na fazenda Lagoa do Leite, no antigo município de Bom Jesus dos Meiras que, a partir de 1931, passou a denominar-se Brumado, era filho de Osório Rizério de Vasconcelos e Isaura de Lima Vasconcelos (D. Miúda). Faleceu em Salvador, com 92 anos de idade, no dia 23 de julho de 2014. O corpo está inumado no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.

O Casal Ozório e Isaura teve doze filhos: Osmar (falecido) Maria de Lourdes (com 98 anos completados em 2014), Celina (falecida ao dar à luz a sua terceira filha), Nilton (falecido), José Ozório (falecido), Diná, Hilda, Thereza de Jesus, João Pedro, Ruy, Camila Ruth e Ozório Júnior (falecido ainda criança). O casal referenciado criou seus filhos no distrito de Santa Bárbara dos Casados, depois denominado Ubiraçaba, município de Brumado, posteriormente nas sedes dos municípios de Caetité e Brumado.

Depois do casamento de Ozório, filho homem mais velho, Nilton passou a ser o braço direito do pai nas atividades agropecuárias às quais se dedicou por toda a avida. O seu tempo de estudo formal foi quando morou em Caetité – estudou o primário com o professor Hélio da Silva Ivo e o segundo grau na escola do padre alagoano Luís Soares Palmeira, Padre Palmeira, nos anos de 1936/37, custeados pelo padrinho Marcolino Rizério de Moura, por quem Nilton tinha muita gratidão.

Aos 19 anos, seu pai o orientou a buscar outra atividade profissional. O seu padrinho e tio-avô Marcolino Rizério de Moura, intendente municipal por três períodos: 1908-1911, 1927-1929 (Bom Jesus dos Meiras) e 1938-1946 (Brumado), ao saber da sua experiência em vacinação de gado, indicou-o para um curso de vacinador em Jequié/BA. Foi nomeado e tomou posse nesse cargo para o Município de Brumado em 01 de janeiro de1943, no qual permaneceu até 31 de dezembro de 1944.

Em Ubiraçaba, Nilton, oito anos mais novo que o irmão Osmar, ajudou-o no censo da época, nas pesquisas de campo, demonstrando, dessa forma, o gosto e o interesse pelo labor.

Aos 28 anos de idade, casou-se com Eudite Castro Donato (Dite), filha de Emília Mila de Castro e de Henrique Pereira Donato, na Igreja Matriz de Guanambi/BA. Após a celebração matrimonial, em 17 de janeiro de 1953, ela passou a assinar Eudite Castro Donato de Vasconcelos.

O casal teve os seguintes filhos: Marcus Nilton Donato Vasconcelos (1953), Jane Luíza Donato Vasconcelos (1954), Nilton Vasconcelos Júnior (1956) e Fernando Donato Vasconcelos (1958).

Enquanto Eudite progredia na atividade educacional, passando a ser Supervisora do Ensino Médio, Nilton evoluía na carreira fiscal e começava, também, a dedicar-se à atividade agropecuária em Guanambi, ampliada após adquirir a maior parte da fazenda Palmeira que pertenceu à família Donato.

Em 1966, entretanto, com o filho mais velho já na adolescência, decidiram mudar-se para Salvador, pois na capital os filhos teriam mais oportunidades de estudos, prioridade do casal. Eudite conseguiu a sua transferência para a capital, enquanto Nilton continuou em Guanambi gerindo a Coletoria. Somente em 1968 conseguiu a sua transferência para Salvador, passando a exercer a sua função de coletor na instituição da Baixa dos Sapateiros. Em seguida, foi deslocado para a sede da Secretaria da Fazenda, em Salvador.

Ficou viúvo em 1972. Sem a dileta companheira de vida, não se abateu, pelo contrário, Nilton reagiu, dedicando-se ao trabalho e aos filhos adolescentes, que dele dependiam para orientá-los e objetivamente encaminhá-los para a universidade. A sua habilidade em compreendê-los e a sua liderança foram determinantes para que tomassem decisões corretas.

Segundo entendimentos, os filhos se engajaram na militância política contra o regime militar que dominava a nação naquele momento. A casa onde residiam, no bairro do Barbalho, em Salvador, era um ambiente de diálogo político com amigos que partilhavam as ideias contra o regime ditatorial que cerceava a liberdade de expressão das pessoas.

Nilton foi vereador e primeiro secretário da Câmara de Vereadores de Brumado e membro da Comissão de Educação, Higiene e Estatística na legislatura do Prefeito Armindo dos Santos Azevedo (1948-1950). A posse dos vereadores aconteceu em 13 de janeiro de 1948. Essa Eleição foi realizada em 1947, a primeira exercitada pelo voto popular, após a Ditadura de Vargas. Um mandato de três anos para que as demais se coincidissem.

Nilton permaneceu vereador em Brumado até 07 de abril de 1950, quando renunciou ao cargo através de carta ao presidente da Casa, alegando motivo de mudança para Guanambi, pois havia sido aprovado em concurso público estadual para a carreira da fiscalização fazendária no dia 27 de julho de 1949.

Foi, então, empossado na coletoria de Ubiraçaba, sendo designado para exator (cargo inicial da carreira da fiscalização fazendária estadual). Com a vaga que surgiu em Guanambi, foi promovido a escrivão de coletoria no ano de 1950.

Em seguida, exerceu o cargo de coletor – funcionário público responsável pela arrecadação e gestão dos impostos públicos estaduais e federais em um município.

Até o final de 1960, as coletorias eram repartições públicas encarregadas de cobrar impostos estaduais e federais, sendo, em muitos municípios, responsáveis pelo pagamento dos funcionários públicos municipais. O coletor de impostos era um agente público essencial para a realização desses atos. Ele assumia um papel de destaque na medida em que era responsável pelo serviço de arrecadação do Estado.

Em 1976, casou-se em segundas núpcias com a professora Maria Gloriete Ramos, na Igreja de Santana, em Salvador. Ela, originária de Remanso/BA e radicada em Salvador, com o casamento, passou a assinar Maria Gloriete Ramos de Vasconcelos. O casal teve o filho Lucas Ramos de Vasconcelos (1978).

Em 1979, com a nova família, retornou para Guanambi e continuou com a sua carreira de fiscal do Estado, dedicando-se mais à fazenda Palmeiras.

Nilton Vasconcelos, embora tivesse sido vereador em Brumado e fosse detentor de suas preferências políticas, optou por não se vincular a nenhuma facção político-partidária em Guanambi. Dedicou-se a desenvolver o seu ofício igualitariamente para todos. Destarte, destacou-se como pessoa notória e respeitada na região pela sua dedicação, honradez e espírito conciliador, mantendo bom relacionamento com todos os setores da sociedade. Com essa atitude, comandou a Coletoria Estadual de Guanambi, desenvolvendo um trabalho de mudanças nos rumos do serviço público da cidade.

Na sua gestão, a arrecadação cresceu tanto que o pagamento dos salários dos professores não se restringia ao município de sua atuação, os de outras cidades, a exemplo de Caetité, o maior centro educacional da região, iam a Guanambi para receber os seus salários. Tudo isso era fruto de um trabalho sério e honesto sem que houvesse perseguição ou partidarismo.

A Câmara de Vereadores de Guanambi, em reconhecimento aos seus trabalhos pelo desenvolvimento da cidade e pelos seus predicados à frente da coletoria estadual, concedeu-lhe o título de “Cidadão Guanambiense”.

Em 1987, quando o caçula Lucas Ramos de Vasconcelos adentrou na adolescência, Nilton mudou-se para Salvador, para que o filho pudesse estudar e ampliar a convivência com os outros irmãos, já adultos, e com os filhos destes, seus netos.

Aposentou-se como Auditor Fiscal da Fazenda da Bahia em 08 de maio de 1986, contudo continuou a administrar a fazenda Palmeira em Guanambi, indo todos os meses àquela cidade. Ao completar 80 anos, diminuiu a frequência das viagens, embora gozasse de excelente saúde. Em entrevista, ao comemorar seus 90 anos de idade, registrou em vídeo: “Pareço velho, mas não me sinto velho”. Tanto que, dois meses antes do seu falecimento, acompanhou a vacinação do seu gado, até participando dessa atividade e, na semana seguinte, administrou regularmente seus negócios.

Ele sempre fazia questão de dizer: “Fui muito Feliz”. No dia 23 de julho de 2014, um enfarto fulminante ceifou-lhe a vida. Quando da sua morte, foram-lhe dedicadas diversas homenagens: a prefeitura Municipal de Guanambi destacou: “Foi exemplo de cidadão ético e honrado, profissional competente e ilibado, configurando-se como homem de grande honradez e capacidade intelectual. O patriarca do valoroso clã ‘Vasconcelos’ era figura muito querida devido ao seu trato diário atencioso e respeitoso para com todos”.

“O município de Brumado, nesta homenagem póstuma, representado por seu prefeito Aguiberto Lima Dias, registra, com grande pesar, o falecimento do senhor Nilton Lima Vasconcelos. [...] Natural de Brumado, onde desenvolveu a sua vida política e profissional. Foi vereador, primeiro secretário da Câmara Municipal [fez parte da comissão de Educação, Higiene e Estatística]. Profissionalmente como funcionário público destacou-se como Auditor Fiscal do Estado da Bahia, sendo homenageado com a titularidade de ‘Honra ao Mérito’ pelos excelentes serviços prestados. [...] Brumado, por seu Prefeito, solidariza-se e presta suas condolências aos familiares pela perda deste ícone da honradez como cidadão e chefe de família”. (www.brumado.ba.gov.br).

Está registrado no livro Lagoa do Leite, da autoria do filho Nilton Vasconcelos Júnior, o seguinte: “Além da sua grande capacidade de fazer cálculos e do raciocínio rápido, desenvolvido nos anos de Coletoria, na família e entre amigos, eram conhecidos o seu bom humor e muitas histórias que contava”. Nilton era boa prosa, qualidade que conquistava as pessoas pela sua facilidade de se expressar nos causos e histórias que contava.

Orgulhava-se dos filhos, todos concluíram o curso universitário e têm carreira profissional de destaque: Marcus Nilton Donato Vasconcelos formou-se em Engenharia elétrica e fez carreira na COELBA, onde se aposentou como gerente da região de Barreiras/BA, passando a dedicar-se a iniciativas empresariais e gestão pública municipal; Jane Luíza Donato Vasconcelos formou-se em Medicina e qualificou-se em Dermatologia, Medicina da Família e Medicina do Trabalho e é artista e escultora, além de ter sido vereadora de Salvador por seis anos (1982-1988); Nilton Vasconcelos Júnior formou-se em Arquitetura e concluiu mestrado e doutorado em Administração, sendo professor universitário federal, exercendo, de 2007 a 2014, o cargo de Secretário Estadual do Trabalho; Fernando Donato Vasconcelos formou-se em Medicina e em Direito, concluiu mestrado e doutorado em saúde pública, tendo sido aprovado, em 2007, para a carreira de auditor fiscal do trabalho, exercendo, em 2012 e 2014, em Brasília, o cargo de coordenador nacional de fiscalização em segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho; Lucas Ramos de Vasconcelos graduou-se em Direito e foi aprovado, em 2011, no concurso para Promotor Estadual de Justiça, sendo empossado em Guanambi e, posteriormente, designado para a cidade de Seabra.

Seu Nilton era um homem de humor bastante apurado, gostava de contar histórias acontecidas na família e outras da sua lavra ou ouvidas de terceiros com as características que lhe eram peculiares. Ele as ouvia do pai com muita atenção a cada detalhe e aprendeu a contar essas histórias e causos que agradavam a todos e faziam sucesso pelo envolvimento do conteúdo.

Fizeram menção ao falecimento de seu Nilton os sites locais: Brumado Notícias, Brumado Urgente, Brumado Agora, www.brumado.ba.gov.br, e mais www.guanambi.ba.gov.br, o blogdolatinha.blogspot.com, www.políticalivre.com.br, www.opopularonline.com.br, sinergiabahia.com.br, www.blogdogusmao.com.br.

Fonte:

• Informações fornecidas pelo filho Fernando Donato Vasconcelos, que se utilizou do livro Lagoa do Leite, de autoria de Nilton Vasconcelos Júnior;

• Sites da internet;

• Documentos oficiais e arquivos da família;

• Depoimentos do biografado registrado em vídeo;

• Pesquisas feitas pelo autor nos livros de atas da Câmara de Vereadores de Brumado;

• Indagações às pessoas da convivência do biografado.

Antonio Novais Torres

antorres@terraco.br

Brumado, 05/09/2014.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 13/10/2014
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