BIOGRAFIA OTAVIANO NOVAES AZEVEDO

OTAVIANO NOVAES AZEVEDO

MAROTO

*18/09/1918†27/08/2007

Otaviano Novaes Azevedo (Maroto) destacou-se como dentista prático, profissão aprendida com seu padrasto Albino Vianna (Benhinho). Na cidade, só existiam nessa prática os dois. Muito depois, chegaram os profissionais formados.

Nasceu em 18/09/1918, na cidade de Caculé/BA. Era filho de Aniceto Joaquim Mafra Azevedo e Jovina Novaes. Faleceu no dia 27/08/2005, no Hospital de Base, na cidade de Vitória da Conquista, e o corpo transladado para Brumado foi sepultado no cemitério municipal Senhor do Bonfim no dia seguinte.

Casou-se com Amália Neves do Nascimento, de 22 anos de idade, na Igreja Matriz do Bom Jesus, em Brumado, no dia 06 de janeiro de 1945. O enlace matrimonial foi celebrado pelo Padre Antônio da Silveira Fagundes. Viveu com a esposa, sua dileta companheira, por 60 anos. Uma convivência harmoniosa e de muita compreensão, carinho e amor.

Dessa união, nasceram os filhos: Adelmário, Adalberto, Alda, Ornélia, Ornélia Luíza, Jorge e Gleide Nascimento Azevedo.

Sua esposa – Amália Nascimento Azevedo –, nascida em 19/04/1922, faleceu no Hospital Samur, na cidade de Vitória da Conquista, em 09/12/2010, aos 88 anos e foi sepultada em 10/12/2010, no mesmo túmulo do esposo, no cemitério municipal Senhor do Bonfim.

Ele cursou apenas o fundamental, porém, muito intuitivo e persistente no trabalho, alcançou os seus desideratos.

Exerceu a profissão de dentista prático e protético por 35 anos. Prestou serviços nas décadas de 1950/60, nas campanhas de vacinação para a erradicação da varíola. Aprendeu com o médico Nilton Neves do Nascimento, primo da sua esposa, a realizar partos. Também imobilizava membros sempre com a supervisão de médicos que o orientavam.

O Dr. Abelardo Torres, médico que prestava serviços à Magnesita S.A, quando fazia tratamento dentário com Maroto, convidou-o para trabalhar na empresa, por considerá-lo um profissional eficiente e zeloso. Assim, ele empregou-se na Magnesita, onde desempenhou a profissão de dentista prático durante mais de trinta anos, com muito amor e dedicação. Diante dos conhecimentos práticos, atuou também como enfermeiro no ambulatório médico da Magnesita S.A., ajudando o doutor Paulo Vargas e demais médicos nos casos de acidentes. Nesse período, a empresa agraciou-o com placas de prata pelos 5, 10, 15 e 20 anos de serviços prestados com dedicação.

Quando se aposentou, foi homenageado pela Magnesita S.A. com placa comemorativa com os dizeres:

“No Dia do Trabalhador, homenagem da Magnesita S.A. ao ex-funcionário Otaviano Novaes Azevedo pelos bons serviços prestados no período de 1957 a 1990.

Brumado, 1º de maio de 2002.”

O evento foi realizado na Vila de Catiboaba, em homenagem ao ex-funcionário mais antigo: Otaviano Novaes Azevedo (Maroto), admitido em 12/02/1957 e aposentado em 01/08/1990, com 33 anos, 5 meses e 25 dias. Após a aposentadoria, ainda prestou serviços àquela empresa.

No editorial do informativo da Magnesita S.A., consta o seguinte: “O destaque especial foi a homenagem que é feita, desde 1955, ao nosso mais antigo ex-funcionário. Este ano [2002], o homenageado foi o senhor Otaviano Novaes Azevedo (carinhosamente chamado Maroto pelos colegas).

Em agradecimento às homenagens recebidas, ele explicitou: “Eu, Otaviano Novaes Azevedo, em agradecimento pela honrada homenagem concedida a minha pessoa, consagro umas entrelinhas à figura majestosa, fiel e pioneira da MAGNESITA neste sertão baiano – município de Brumado. Sendo um dos mais velhos colaboradores desta conceituada empresa, volto o pensamento no tempo e relembro com saudades a minha jornada, mãos amigas, tantas outras coisas que deixaram saudades no cenário do trabalho onde fui tão bem acolhido. Lembro Dr. Abelardo, gentil, paterno e amigo. Sinto-me honrado, fui prestigiado no dia 1º de maio de 2002 pelos jovens dirigentes da MAGNESITA. Exibo com orgulho e despido de vaidade as Placas de mérito recebidas da MAGNESITA a cada cinco anos do meu trabalho e me sinto grato por essa manifestação acolhedora. Essas lembranças guardadas no fundo do meu coração afirmam saudades do local onde vivenciei emoções dia após dia. Nada na vida acontece por acaso, e não foi também por acaso que trabalhei nesta grande empresa, guiado pelo bom senso e pelo amor à profissão. Com coragem e altivez, amparado pela nobre MAGNESITA, empenhei-me em suprir as lacunas que pudessem existir no desenvolvimento do trabalho. Na ‘Oração aos Moços’, Ruy Barbosa escreveu esta joia de pensamento que tomo emprestado para fechar esta minha declaração de agradecimento. ‘Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração [O trabalho] é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua sobre si mesmo e sobre o mundo onde habitamos [labutamos]. Assim, agradeço a homenagem recebida e afirmo que cabe à mocidade o dever de perfilar ao lado daqueles que, através da força e da inteligência, construíram e constroem o futuro brilhante da MAGNSITA”.

Maroto foi membro atuante, desempenhando a sua função de médium, no Centro Espírita de Brumado, cuja presidência ficava a cargo do senhor Albertino Marques Barreto.

Foi um marido e pai exemplar, amoroso, cuidadoso, alegre e muito comunicativo. Era uma pessoa de muitos amigos. Juntamente com a esposa, dona Amália, com fé, desenvolviam a caridade, proporcionando aos que os procuravam aquilo de que necessitavam, sempre praticando o que Jesus ensinou: "Amai-vos uns aos outros como a ti mesmo". Esse era o sentido da fé que caritativamente os alimentava através de orações e passes magnéticos (espirituais).

Oportunamente, na juventude, frequentava festas no Clube Social de Brumado, com esposa e eventualmente com os filhos, em época propícia, com efusiva demonstração de sentimentos de alegria e comunicação. Divertia-se, também, com a prática da caça, da pesca, de futebol e de baralho, como meio de lazer.

Apesar de não ter nascido em Brumado, considerava esta cidade como se fosse a sua terra natal e aqui viveu por 70 anos.

PARTICULARIDADES:

Aos 18 anos, Martoto serviu ao exército em São Paulo, quando ainda convivia com seu pai. Por saudades da Bahia, retornou a Brumado e passou a morar com seu padrasto, senhor Beninho.

Aprendeu a profissão de alfaiate, juntamente com seu irmão Moacyr, com o senhor Ápio Cardoso, considerado o mestre dos alfaiates.

Trabalhou no DERBA e perdeu o emprego por abandono do serviço. A história da perda desse emprego tem a ver com a segunda guerra mundial. Por ser o DERBA um órgão do governo, não assumiu mais o emprego.

Maroto era noivo de Amália e, naquela época, o casamento era rápido, nada de “enrolação”. O pai da moça apressava o noivo para o casamento. Ocorre que Maroto, por ter servido ao exército, fora convocado para o serviço militar da guerra. O fato foi comunicado à noiva que, intransigente, respondeu que se ele fosse para a guerra ela não o esperaria, o noivado estaria acabado. Maroto, que era apaixonado pela noiva, achou um jeito de esquivar-se da convocação, dando curso ao seu noivado. Fora considerando desertor e por isso foi perseguido. O pessoal do exército vasculhou a casa do padrasto e nada encontrou, indo embora sem o cumprimento da missão.

Após o casamento, mudaram-se para Joanina (Jânio Quadros), lugar escolhido por não ter alfaiataria. Sua esposa também era professora de corte e costura, bordava, confeitava bolo e fazia permanente em cabelos. Assim, consideraram que o local era ideal para eles desenvolverem os seus trabalhos. Lá nasceram os seus primeiros filhos.

Um dos filhos fora acometido de um grave problema de saúde, indo a óbito, por falta de recursos médicos. Por isso retornaram para Brumado, local de melhores recursos médicos e facilidade para se deslocarem para outros centros. D. Amália, para que o marido aprendesse a profissão de dentista com seu Beninho, assumiu as responsabilidades da casa até ele se tornar prático na profissão. Destarte, ambos passaram a trabalhar no mesmo consultório, até Maroto receber o convite do médico Abelardo para trabalhar na Magnesita, prestando serviço aí até a sua aposentadoria e mesmo por alguns anos.

Além dos serviços dentários executados na Magnesita, mantinha consultório particular, onde exercia a profissão e produzia, também, alianças, anéis, dentes de ouro e prótese.

Essa é a história ou biografia de Otaviano Novaes Azevedo (Maroto).

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 20/04/2013.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 14/10/2014
Código do texto: T4999385
Classificação de conteúdo: seguro