BIOGRAFIA PROFESSOR ERICO DIAS LIMA

PROFESSOR ERICO DIAS LIMA

*18/07/1920

Erico Dias Lima ou simplesmente Dias Lima, como prefere ser chamado, nasceu em 18-07-1920, na Fazenda Tocadas, Município Brumado. Filho de Olympio de Carvalho Lima e de Olympia de Oliveira Dias. Casou-se com dona Dalcy Lula Souza, de quem hoje é viúvo. O casal teve os seguintes filhos biológicos: Orlando, Albânio e Vera Lúcia, além de Ana Revenster que, com a morte de Arthur Revenster, ficou sob a sua responsabilidade. Estes lhe deram netos e bisnetos.

Em 1934, o tio Manoel Joaquim dos Santos Carvalho – Dr. Nezinho – deu oportunidade de trabalho ao menino em sua farmácia, onde aprendeu a fazer as manipulações, aviando receitas médicas. Na época, as farmácias eram de manipulação. Não existiam os laboratórios como os de hoje, com medicamentos prontos e embalados em doses preestabelecidas.

Estudou o primário em Brumado na escola estadual do professor Farias em 1934 e da professora Judith Moreira da Cunha em 1935 completando o primário. Em 1936, matricula-se em Caetité no Ginásio do Padre Palmeira estudando aí quatro anos secundários e o quinto em Vitória da Conquista em 1940, onde concluiu o curso secundário. Em 1941, matriculou-se no Curso Científico do Colégio Marista e por alvedrio ingressou no CPOR (Curso Preparatório de Oficiais da Reserva) em Salvador. Em 1942, transferiu-se para o Ginásio da Bahia.

Interrompeu o curso e casou-se com dona Dalcy. Tiveram uma convivência de 52 anos, falecendo a consorte em 11 de maio de 1994. Erico perdeu a companheira e assumiu a condição da viuvez.

Fez diversos cursos que lhe agregam conhecimentos e proporcionam-lhe o exercício profissional, dando-lhe conceito e bagagem laboral. O ilustre professor Erico, polivalente, exerceu diversas atividades que o dignificam e honram sobremaneira. Renome que entusiasma a sua família, seus amigos e toda a comunidade que com ele desfruta o privilégio da convivência.

Seu Erico pode ser cognominado “O homem dos sete instrumentos” devido à sua versatilidade, inteligência e competência em tudo que faz, com ideias próprias e conceitos definidos, conforme o seu entendimento. Foi um dos fundadores do Centro Espírita “Viveiro de Luz”. Como radioamador, prestou inestimáveis serviços à comunidade. Músico vocacionado, maneja teclado, bandolim, acordeão e guitarra baiana, destacando-se no violão, instrumento em que é mestre inquestionável, professor lecionou várias matérias, inclusive Educação Física.

Como político militante, foi um dos fundadores do Diretório Municipal do PSD e MDB. Atualmente é membro do diretório Municipal do PMDB dentro do espírito que norteia as suas convicções. Foi candidato a prefeito municipal e a vereador. Segundo ele, felizmente, não obteve resultado positivo, pois não admitiria compactuar com as falcatruas da política, ou melhor, de políticos desonestos.

Desportista, destacou-se como jogador de futebol, sendo um dos incentivadores desse esporte juntamente com Oflávio Torres (Flavinho), Mário Trindade, Olavo da S. Leite (da gráfica), José Rizério de Carvalho (Juca) e outros abnegados. Foi um dos fundadores do Real Atlético de Futebol, do Clube Social de Brumado, do Rotary Clube de Brumado, do Clube de Karatê Shotokan de Brumado e da Liga Desportiva Brumadense.

Trabalhou em diversas empresas: Carnaubina Ltda., Dolabela & Cia., OST & CIA (Oflávio da Silveira Torres, no ramo de vendas e consignações, de quem era um dos sócios), Departamento Federal de Estradas de Ferro-DC5, escritório em Urandi/BA, Banco de Crédito Real de Minas Gerais em Juiz de Fora - Agência de Salinas/MG.

Na área de educação, foi exímio mestre, deu tudo de si pela causa, um artista e intelectual com vasto conhecimento. Dedicou-se à educação com entusiasmo, consciente da sua responsabilidade que honra a sua classe. Foi um dos fundadores do Ginásio General Nelson de Melo, ao lado do então Capitão Valdir Magalhães Pires, do Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes e de outros baluartes do setor, realizando um sonho dos brumadenses. No Ginásio General Nelson de Melo (GGNM), lecionou Inglês, Canto Orfeônico e Educação Física. Nesse ofício, era perfeccionista. Também foi professor do Curso Pedagógico Dr. Pompílio Leite, do atual Colégio Estadual de Brumado (CEB) e da Escola Nossa Senhora de Fátima. Nessa área, deu contribuição importantíssima para a formação da inteligência brumadense.

Abro parêntese para contar dois episódios: o professor Erico, em uma aula de Educação Física, levou a turma para o antigo campo de aviação. Lá colocou todos perfilados e solicitou que eles fizessem a ginástica sob o seu comando. Mariano, um rapaz forte, troncudo, não aparentava nenhuma fraqueza. Ele, porém, depois de uma série de exercícios, teve um súbito desmaio, e o professor o acudiu imediatamente. “Desfalecido”, ele suplicava: “Socorro seu Érico, estou morto! Estou morto!”. O professor amenizava a situação dizendo: “Morto não fala, Mariano... Morto não fala!”. Um dos alunos, no afã de colaborar, suspendeu o dito cujo perguntando: “Mariano! Mariano! Tá me ouvindo?”. O indigitado retrucou: “Não!”. Na insistência, asseverou: “Tou sem fala!”. Provavelmente não se alimentara ou estava sob o efeito etílico da noitada anterior. A gozação foi geral pelo inusitado da cena.

Conta-se que houve uma auditoria numa prefeitura vizinha, para verificar a correta aplicação dos recursos públicos conveniados para o calçamento de ruas. Os fiscais, acompanhados do prefeito, foram inspecionar as obras e indagaram-se sobre o calçamento das ruas visitadas, pois estavam na terra pura, sem nenhum benefício. O prefeito, pressionado e sem ter como justificar, perplexo pela ilicitude praticada, disse aos interlocutores que havia gastado o dinheiro na compra de gado. Diante dessa afirmação, foi lavrado um auto de infração e enviado para O Tribunal de Contas do Município, que o indiciou por desvio de dinheiro público. O acusado, no intuito de se defender, procurou um deputado influente para orientá-lo. Este o recriminou, dizendo tratar-se de uma resposta absurda, estapafúrdia e ingênua. Poderia ter dito que gastara o dinheiro com cestas básicas para alimentar o povo que estava com fome em período de seca inclemente que assolara o município. Isso talvez fosse justificável.

Sabedor da competência, em contabilidade pública municipal, do senhor Erico Dias Lima de Brumado, o deputado aconselhou o prefeito a procurar o contador para verificar a possibilidade de reverter o episódio. Verdade ou mentira, não se sabe. A fama traduz o conhecimento técnico do professor Erico nas áreas de Assessoria a Câmara Municipal, Administração Financeira e Análise Contábil, tempos que somados dão 45 anos de trabalho profícuo. Uma vida consagrada ao serviço público municipal com lisura e honradez.

Em 25/11/2006, recebeu da Loja Maçônica Manoel Joaquim dos Santos Carvalho o título de “Membro Honorário” da instituição, uma homenagem pelos trabalhos prestados por muitos anos como maçom, sendo ele um dos fundadores do templo da “Maçonaria Aliança Sertaneja Bahiana”. O tributo foi iniciativa do maçom Alessandro Silva.

Em 18/09/2007, foi homenageado pela “Loja Maçônica Sertaneja Bahiana”, à qual pertence e é um dos precursores, pelos 60 anos de trajetória dentro da Maçonaria. Hoje, Erico é o único membro vivo, dentre os fundadores da instituição. O homenageado foi louvado com o discurso do maçom Walter Castro Bonfim, designado pela loja para essa finalidade.

Erico Dias Lima, entre 1952 e 1974, foi venerável por três vezes em períodos distintos. A história maçônica de Brumado teve início a partir do ano de 1949, quando maçons aqui residentes e de outros orientes começaram a se reunir e planejar a fundação de uma Loja maçônica na cidade. A FUNDAÇÃO de fato ocorreu com a cerimônia de INSTALAÇÃO realizada no dia 30/09/1952. A Loja foi fundada tal como está escrito na 1ª Ata do Livro n. 01, com o título de ALIANÇA SERTANEJA BAHIANA, do Rito Escocês Antigo e Aceito, “para melhor harmonia entre os homens e progresso da Humanidade, sob o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade” (Walter Castro Bonfim).

Pelo seu trabalho incansável em prol da educação e pelos diversos serviços prestados à comunidade brumadense, em merecimento e honra, a Prefeitura Municipal de Brumado, homenageou-o através da Lei nº 1.216, de 9 de julho de 1999. Art. 1º - O prédio Público situado na Rua Dr. Mário Meira, n° 79, centro, antigo fórum Duarte Moniz, passa a denominar-se “PROFESSOR ERICO DIAS LIMA”.

Recebeu, também, com emoção, homenagem significativa do ex-colega musicista e poeta Abnizio Luz Aguiar, com um poema que traça o perfil do homenageado, na comemoração dos seus 90 anos.

Destaco o tributo da família Souza Lima, de amigos e parentes que homenagearam o professor Dias Lima pela passagem dos seus noventa anos, completados em 18/10/2010, com dignidade e lucidez.

Para ser homem público, é necessário, antes de tudo, ser honesto, acreditar nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, lema da Maçonaria, certamente copiado da revolução francesa, princípios que a França nos legou com a tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789.

Na qualidade de seu ex-aluno, homenageio o Professor Erico Dias Lima, num gesto singular de admirador e em respeito pela refulgência de suas qualidades virtuosas com que nos conquista.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 30/07/2011.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 16/10/2014
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